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06/11/2008 - 01h22

Ex-"Malhação" conta como é interpretar vítima de pedófilo em "Chamas da Vida"

PopTevê
Letícia Colin é apaixonada por psicologia. Falar sobre as relações humanas, que muitas vezes são conturbadas, é com ela mesma. "Adoro a alma humana e suas contradições, lidar com desejo e repulsa", vibra. Por isso, qualquer traço de imaturidade, que poderia ser característico dos seus 18 anos, passa despercebido. Principalmente quando a atriz fala sobre as dores e angústias de Vivi, sua personagem em "Chamas da Vida", da Record. Afinal a moça, que na trama tem apenas 15, foi vítima de um pedófilo. Sua luta agora é para, após o estupro, levar uma vida normal.


Jorge Rodrigues Jorge/CZN
A jovem atriz Letícia Colin considera este seu papel mais "intenso"
VEJA CENAS DA NOVELA "CHAMAS DA VIDA"



"Queremos mostrar como fica a cabeça de uma menina que passa por um trauma desses", avisa.Na história de Cristianne Fridman, Vivi é a única mulher de quatro irmãos e, por conta disso, sempre foi a "princesinha" da família. Mas a perda dos pais, por mais que seja aplacada pela dedicação do irmão mais velho, Pedro (Leonardo Brício), lhe causou uma enorme carência. Por conta disso, a menina passou a dividir seus dias entre a escola e a Internet, onde, sem a malícia que poderia lhe proteger, ela acabou se envolvendo com Lipe.

O pedófilo, vivido por André Di Mauro, pareceu, desde o início, um homem "do Bem", acima de qualquer suspeita. Mas bastaram algumas conversas e encontros para ele revelar sua verdadeira faceta e abusar sexualmente da garota.

Tamanha densidade em uma personagem, é claro, passou a causar sérios questionamentos em Letícia. Ela confessa que no início tinha dificuldade em se "desligar" de toda a tensão de Vivi. Tantas cenas de dor, raiva, choro e culpa a deixavam emocionalmente abalada. Mas, ao perceber toda a questão social envolvida e a complexidade psicológica do agressor, aprendeu a deixar toda a "carga" no estúdio. "É uma coisa muito presente na educação feminina. Sexo é uma coisa difícil de falar", avalia ela que, apesar de nunca ter feito terapia, tem lá suas teorias. "Dizem que ser normal é ser sensato, chorar só de tristeza. Eu choro de alegria, raiva... O normal é aquele que se insere no que a sociedade impõe", acredita.

Diante disso, Letícia não tem dúvidas em afirmar que esta é a personagem mais intensa de sua carreira. Após uma breve reflexão, a atriz acredita que só agora, aos 18 anos, esteja preparada para isso. "Perdi papéis por não ter 18 anos e, legalmente, não podia fazer cenas mais pesadas", lamenta. Letícia estreou na tevê em "Malhação", como a surfista Kailani. Depois, foi apresentadora da "TV Globinho" até ser convidada para interpretar uma DJ em "Floribella", da Band.

Em 2007, foi para a Record, onde atuou em "Luz do Sol", como a vilã Helô. "É com a idade que a gente experimenta novas sensações e se prepara para personagens mais bacanas. Acumulamos bagagem para isso", ensina.

Satisfeita com o momento profissional, Letícia, que faz Comunicação Social na PUC-RJ, diz que também pensa em cursar Artes Cênicas. Apaixonada pela arte, ela diz que pretende viajar Brasil afora conhecendo companhias de teatro e, mais para a frente, quer inserir projetos culturais em comunidades carentes.

Um curso de circo também está em seus planos. "Quero fazer um curso de 'clown' e descobrir como seria meu palhaço", conta ela, que no embalo de personagens mais ousadas acaba de filmar "Bonitinha Mas Ordinária", de Moacyr Góes, baseado na obra de Nelson Rodrigues. No longa com previsão de estréia para janeiro de 2009, Letícia é Maria Cecília, uma menina igualmente violentada. "Foi um papel revelador, que abriu meus olhos, meu coração e minha cabeça", resume. (Por Fabíola Tavernard)

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