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10/10/2008 - 06h17

De Paulinha a Greice: atriz "odiada" conta como é ser finalmente amada pelo público

Do Pop Tevê
Há pouco mais de cinco anos, era difícil encontrar um telespectador que não se irritasse com a aparição de Roberta Gualda no vídeo. E não era para menos: a implicante adolescente Paulinha, sua personagem em "Mulheres Apaixonadas", condensava diversos tipos de preconceito a cada fala. Hoje, porém, a situação deu uma guinada e tanto. "Agora, as pessoas me amam!", exagera, de forma bem-humorada. O motivo da mudança radical é a sofrida Greice, papel que Roberta vive em "A Favorita". "Há uns dias, uma moça gritou do outro lado da rua: "Eu adoro a Greice"! Está sendo muito engraçado ver essas reações", diverte-se.


Para a atriz, não existe mistério na equação que leva o público a apoiar a personagem. Afinal, a retirante já comeu o pão que o diabo amassou ao longo dos quatro meses em que a trama está no ar. Primeiro, abandonou o interior com a família, em busca de uma falsa promessa do político Romildo Rosa, de Milton Gonçalves. Em seguida, perdeu o pai, Edivaldo, vivido por Nélson Xavier. Some-se a isso o rompimento com a irmã Céu, de Deborah Secco, e a traição do namorado Damião, personagem de Malvino Salvador. Razões mais que suficientes para despertar a simpatia dos telespectadores da novela. "No Brasil, em geral, todo mundo se sente um pouco assim. As pessoas também levam rasteira da vida, mas têm de seguir em frente. É fácil se identificar", argumenta.

Mas não é só o infortúnio que faz a ponte entre ficção e realidade. Segundo a atriz, uma boa parcela de empatia dos telespectadores vem do fato de que a jovem também sabe o momento de enfrentar quem lhe faz mal. Ela já disparou verdades para o ex-namorado e até para Céu, que vai ouvir outra vez um "não" da irmã ao tentar convidá-la para seu casamento forjado com Orlandinho (Iran Malfitano). "A Greice é uma personagem forte, não é boba não. O público gosta quando ela aparece tomando atitudes em relação aos outros", conta.

As cenas, porém, cobram um preço. Para se preparar, Roberta conta que precisa de bastante concentração. "É pesado, um tipo de trabalho que exige uma concentração maior do que se tem na vida", avalia. Por isso, antes de entrar no estúdio a reclusão é a principal arma da atriz. "Quando preciso fazer uma gravação mais tensa, fico em casa, quietinha", revela. Ela garante deixar toda a carga negativa no próprio estúdio.
Mas, mesmo assim, existem aqueles dias em que tanta tensão recai sobre os ombros - literalmente. "Não deixo que isso me contamine, mas de vez em quando faço uma massagem para relaxar", confessa.

Esse comportamento da personagem tem sido uma oportunidade para Roberta mostrar que lida bem com personagens complexos. Recentemente, ela viveu Melanie, uma viciada em drogas, no longa "Polaróides Urbanas", de Miguel Falabella. O papel foi sua primeira incursão no cinema, veículo que ela não considera assim tão diferente. "O ator tem de construir o personagem do mesmo jeito, precisa estudar o texto do mesmo jeito. O que muda é o tom, mas tendo um diretor atento isso se ajusta logo", garante.

Roberta, aliás, é só elogios para a direção de Falabella para o longa, que estreou no ano passado. "Foi uma sorte ter começado em cinema com ele, porque o Miguel sabe exatamente o que quer", derrama-se. "Então, confia-se nele desde o primeiro momento", complementa.

Curiosamente, foi ele quem deu o "empurrãozinho" que faltava para que a atriz mudasse o nome artístico. Até então conhecida como Ana Roberta, ela já estava pensando em abandonar o prenome por conta de uma constante confusão: não raro, as pessoas se dirigiam a ela como Ana Paula. "Acho que isso acontecia por causa da Paulinha, que marcou muito. As pessoas deviam pensar "É Ana..." e emendavam com Paula", relembra ela, entre risadas.

(Por Louise Araújo)

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