Luiza Dantas/Carta Z Notícias Incansável, Ísis Valverde engata duas novelas em seqüência

De boba, Ísis Valverde não tem nada. Há seis meses, quando "Beleza Pura" entrou no ar, ela era apenas mais uma atriz iniciante que chamava atenção pelos belos traços - os mesmos que haviam garantido a ela o papel de estréia, como Ana do Véu em "Sinhá Moça". Ao longo da trama, porém, a avoada Rakelli foi crescendo e termina como um dos pontos fortes da novela de Andréa Maltarolli.

"Quando peguei a personagem, não idealizava nada. Prefiro sempre pensar em como vou trabalhar a atuação", afirma. A boa fase nas sete garantiu uma "promoção" e tanto para Ísis: em breve, ela será uma das principais estrelas de "Caminho das Índias", trama de Glória Perez que sucede "A Favorita". O intervalo relativamente curto entre dois papéis não deixa a atriz com medo de "cansar a imagem". "Tenho de aproveitar esse momento. Cresci como atriz e quero mostrar que não sou a Rakelli, assim como não era a Ana do Véu", defende.

Quando retornar aos estúdios, Ísis precisará convencer como Camila, jovem de ascendência indiana que mora no Brasil. Ao se apaixonar por um indiano, vivido por Caio Blat, a jovem abandonará tudo e vai se mudar de mala e cuia para a Índia. A viagem será oposta a feita por Maya, a protagonista interpretada por Juliana Paes e que sai do oriente para conhecer a vida por aqui. "São histórias paralelas. Eu serei os olhos do Brasil na Índia, vou mostrar tudo aquilo que é estranho para a gente", adianta a atriz, que demonstra empolgação com o novo papel. "A Camila está vindo para mostrar que ainda existe gente sonhadora. Ela romantiza, e leva um pé na bunda. Romantiza de novo, leva outro pé...", diverte-se.

Igualmente romântica, Rakelli ganhou espaço graças a outro ingrediente: o humor. Por conta dele, a manicure garantiu seu lugar entre os personagens que lançam modas. No caso, todas exageradas: as unhas coloridíssimas com esmaltes em tons berrantes de azul e rosa, as presilhas com flores e o bordão "cinco, quatro, três, dois, um" se tornaram referência também fora da trama. Ísis, claro, abre um largo sorriso ao falar sobre o assunto. "O artista faz o trabalho para o outro, para o público. Nada melhor do que receber essa mensagem de que ele está acompanhando e gostando", avalia.

Humor no sangue

A inspiração para criar o jeito "diferente" de Rakelli, ela buscou em família. Durante a infância, Ísis acompanhava da coxia as apresentações de sua mãe, Rosalba, que trabalhava como atriz de comédias teatrais. "Cresci vendo minha mãe fazendo caretas, era bem "pastelão" mesmo", relembra, entre risadas. Se a influência materna foi importante para fundamentar a criação, foi graças a uma tia que a jovem encontrou o tom certo para garantir naturalidade ao jeito afetado e pouco intelectual que o papel exigia. Para Ísis, a parente é uma espécie de Rakelli mais velha, com um humor nato e nada consciente. "E eu queria exatamente isso: que a personagem fosse naturalmente cômica, e não que fizesse comédia", compara.

Curiosamente, o mesmo intelecto defasado que divertia parte dos telespectadores também gerou críticas. Ao carregar nas tintas e deixar a personagem mais "burrinha" a cada capítulo, Andréa Maltarolli deixou Rakelli quase inverossímel. Os comentários negativos, porém, não atingiram Ísis. A atriz diz que, nesse debate, fica ao lado da "chefe". "Eu concordo com a Andréa. Se ela escreveu, eu faço. E com o maior prazer", resume. O entrosamento é tanto que, mesmo com o final feliz garantido - já que a personagem casa com seu amado Robson (Marcelo Faria) - a atriz diz que vai sentir falta, sim, da vida como Rakelli. Mostrando bastante "apego", ela diz que até chora quando pensa que, em breve, vai abandonar os estúdios da novela das sete. "Claro que fico muito contente, porque minha carreira de atriz na TV foi valorizada demais. Mas ator é carente, né? Vou ficar com saudades", garante.

(por Louise Araujo)

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