UOL Entretenimento Televisão

11/08/2008 - 22h15

Para TV paga, alta definição ainda é realidade distante, e confusão reina entre telespectadores

MARINA CAMPOS MELLO
Da Redação
A indústria da TV paga ainda enxerga a oferta de conteúdo em alta definição como uma realidade distante no Brasil. Para programadores e operadores, oito meses após o lançamento do sistema de TV digital brasileiro para a TV aberta -escolhido sobretudo para possibilitar a oferta de conteúdo em alta definição--, a confusão e a má compreensão da tecnologia reinam entre os telespectadores. Essas foram as conclusões do debate realizado nesta segunda (11), em São Paulo, na Feira e Congresso da ABTA 2008, o maior evento do setor da TV por assinatura do Brasil.

Apesar de a tecnologia já estar disponível, a produção e a demanda por conteúdo em HD ainda são muito pequenas. E, o que complica ainda mais o cenário, operadores e programadores dizem que os investimentos necessários para produzir e transmitir em HD são altos demais para um retorno pequeno.

"A Sky já gastou mais de US$ 20 milhões em pesquisa e desenvolvimento para operar em alta definição, mas ainda não tem nenhum canal em HD no ar. Conceitualmente o conteúdo existe. Mas com quem vamos dividir a conta?", afirmou Marcelo Miranda, diretor de aquisição e novos negócios da Sky. "Não vale a pena sair com um só canal. Esse produto é um produto de escala, tanto em quantidade de canais, quanto em número de assinantes", completa Miranda.

A Net Serviços, concorrente da Sky, lançou um canal em alta definição em dezembro do ano passado com programação em alta definição produzida pela Globosat e exibida durante seis horas que se repetem durante todo o dia. A Net anunciou nesta segunda (11) que iniciou a transmissão do conteúdo HD da TV Bandeirantes e da Rede TV para as cidades de Campinas (SP), Florianópolis (SC), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS). Os canais estão disponíveis para clientes da Net Digital HD Max, serviço oferecido pela empresa que permite reproduzir e gravar programação em alta definição (HDTV). A Net não revela quantos usuários assinam este serviço.

Aperitivo

Dentre os canais que já oferecem conteúdo em HD está o Telecine, que em breve lançará um canal exclusivamente em alta definição. João Mesquita, diretor-geral da rede, explica que a oferta dos filmes em HD é apenas para que "as pessoas possam experimentar e, um dia, se disponham a pagar por isso". "Mas esse dia ainda está muito longe", afirma. Ele admite que o início das transmissões digitais em alta definição na TV aberta forçou a TV paga a investir na tecnologia. "Confesso que teria atrasado a entrada na alta definição se toda a indústria não tivesse feito isso", afirmou Mesquita.

Se a TV aberta precipitou a entrada da TV paga no mundo da alta definição, operadores e programadores concordam que ela ajudará a difundir a tecnologia e a tornará mais familiar ao espectador. "Quando o espectador vir o sinal em HD, ele não será mais enganado. Mas a gente ainda tem tempo para fazer HD de verdade, pois a base é muito pequena", diz Humberto Candil, diretor-geral da Band News. "Hoje a confusão no mercado é gigante. A maioria dos consumidores está perdida. Eles 'colocam a mão no fogo' que estão assistindo HD, mas não estão", diz o diretor do Telecine.

Para Candil, a solução é o planejamento do investimento. "Não adianta pensar em novo modelo de negócio, pois eu não vejo a conta ser paga. É necessário planejar o investimento na tecnologia e isso pode levar quatro, cinco ou seis anos", afirma. Para ele, a longo prazo, a alta definição vai ser o padrão de transmissão. E compara: "Não adianta querer andar com carro com carburador, se todos os carros agora têm injeção eletrônica".

Compartilhe:

    Hospedagem: UOL Host