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07/04/2008 - 16h40

Na abertura, MIPTV discute papel da TV em relação à preservação ambiental

MARINA CAMPOS MELLO

Enviada especial a Cannes, França

AP

Participantes da MIPTV conversam durante o primeiro dia da feira

Começou nesta segunda (7), em Cannes, na França, a 45ª edição do MIPTV - MILLIA, a maior feira de conteúdo de televisão e produtos audiovisuais da Europa. A "TV verde" foi o tema das conferências de abertura. Ade Thomas, diretor da Green TV, web TV britânica, deu o tom do discurso: "não há mais espaço para o debate ambiental na televisão: agora a TV deve estimular os espectadores a agir".

Apesar de não ser um ponto pacífico, Laura Michalchyshyn, vice-presidente do Sundance Channel, dos EUA, faz coro. O canal acaba de estrear a segunda temporada de seu "bloco verde", cujo slogan é "Primetime for the planet", que em tradução livre significa "Horário nobre para o planeta". No bloco de três horas semanais exibido em horário nobre e apresentado pelo ator Robert Redford, os programas dão dicas que vão desde como economizar energia no cotidiano até como decorar uma casa de maneira ambientalmente sustentável ou se vestir apenas com materiais orgânicos. Segundo Michalchyshyn o canal teve de se cercar de mais 25 grupos envolvidos em questões relativas ao meio ambiente para a produção do bloco.

O produtor e fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand também aposta em exemplos positivos ao tratar do meio ambiente. Para ele, não há mais lugar para programas que se dedicam a detalhar as catástrofes ambientais que assolam (ou assolarão) o planeta. Autor do bem-sucedido documentário "La Terre Vue du Ciel" ("A Terra Vista do Céu"), exibido em 33 países, e do livro homônimo que reúne imagens aéreas de inúmeras partes do planeta e que vendeu mais de 3 milhões de exemplares no mundo, Arthus-Bertrand acredita que a TV deve mostrar os "50% das florestas que sobraram, e não os 50% que foram devastados".

"Fiquei impressionado com o poder que a televisão tem de atingir as pessoas. A TV tem a responsabilidade de levar a ecologia a mente e ao coração das pessoas. Depois de despertada esta consciência, inserir as praticas de preservação ambiental no cotidiano não é mais nenhum sacrifício", afirma o fotógrafo, que está lançando um novo projeto, que qualifica como um sonho. Ele pretende realizar um programa, em cooperação com produtores de diversos países, que ajude a educar a população em relação à questão ambiental. Segundo a proposta, a produção do programa adotará práticas de redução da emissão de carbono. O produto pronto deverá ser "carbono neutro". O programa mostrará, entre outros temas, o que pessoas sozinhas são capazes de fazer em relação à preservação do meio ambiente.

A NHK, TV pública japonesa, além de exibir uma "programação verde", partiu para a prática e assinou uma "eco-declaração", em que se propõe a reduzir em 10% as emissões de carbono em Tóquio, a equipar 54 unidades com painéis de energia solar e a ampliar o período em que mantém o ar-condicionado desligado, esta última, uma das decisões "mais difíceis", segundo Fumio Narashima, diretor desenvolvimento de programação internacional.

Até sexta-feira (11), O MIPTV --que bateu recorde de participantes neste ano, com mais de 13 mil participantes, representando 4.513 empresas de 104 paises-- debaterá o impacto das redes sociais da web 2.0 e da difusão de vídeos online sobre a produção televisiva e a produção de novos conteúdos audiovisuais para as plataformas movéis.

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