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06/02/2008 - 12h04

É necessário ter vocação para lidar com as críticas, diz Alexandre Borges

Do PopTevê

Luiza Dantas/CZN

Alexandre Borges interpreta Escobar em Desejo Proibido

Alexandre Borges sempre se interessou por psicologia. Aos 41 anos, o ator, que vive o Escobar em "Desejo Proibido", acredita que entender como funciona a "psique" humana ajuda a construir os personagens. "É um mundo do qual eu já tinha noção, porque vivenciamos, na atuação, vários tipos de sentimentos", explica.

O que ele não imaginava é que teria de se aprofundar no assunto, especificamente na psicanálise, para viver o médico dos anos 30. O ator teve de conhecer desde os primórdios da ciência até a evolução do que se considera "loucura" na sociedade. "O Escobar exerce a profissão nos primórdios da psicanálise. É quase uma cobaia que não sabe lidar direito com a atividade", avalia.

Uma das coisas que mais o impressionou, aliás, foi saber que os loucos já foram taxados como "seres divinos" em determinada época, excluídos do convívio social em outra, e novamente inseridos mais tarde. "Depois, passaram a catalogar a loucura de cada um", ensina. Até porque a trama de Escobar gira em torno de seu amor por uma paciente que é, de início, definida como insana.

Duramente reprimida pelo marido, Ana (Letícia Sabatella) passou a ter crises de depressão. Vista como louca pelos moradores da fictícia Passaperto, ela recorreu a sessões de análise com Escobar, que não demorou a perceber seu verdadeiro problema: o ciúme doentio do marido. Sensibilizado com sua angústia, ele se apaixonou por ela e os dois passaram a viver um amor clandestino.

Divulgação

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Escobar é o primeiro papel de época do ator em uma novela

Mas o verdadeiro drama começou de uns tempos para cá: Ana desapareceu, e Escobar dedica seus dias a desvendar seu paradeiro. "É interessante fazer esse paralelo do passado com o presente e ver como, ainda hoje, a mulher é desrespeitada. Assim, podemos buscar uma melhora", compara.

Justamente por acreditar que conhecendo o passado é possível influenciar o presente é que Alexandre tenta dar um toque contemporâneo ao personagem. Em seu primeiro trabalho de época em novelas --ele só viveu personagens do tipo em minisséries como "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes" e "A Muralha"--, o ator diz buscar emoções que, acredita, sejam inerentes à época. "Não é um museu, nem uma restauração. É claro que há um comportamento diferenciado, mas busco emoções atuais que tenham reflexo com o meu jeito de ser", pondera.

Com 20 anos de carreira, Alexandre se diz satisfeito com seus papéis na TV. Mas reconhece que tipos conquistadores é o que não faltam, como o Alberto de "Belíssima" e o Danilo de "Laços de Família". Quanto ao charme que emprestou a vários personagens, ele mal disfarça o sorriso. E deixa claro que não faz parte do time de atores que negam um trabalho por considerá-lo parecido com o último. Para ele, o mais importante é o exercício da profissão. "Não vou deixar de fazer um papel que tenha características parecidas com outros que já fiz só para mostrar que sei fazer coisas diferentes", pontua.

A maturidade, aliás, parece ter lhe trazido uma consciência importante da profissão. Dono de uma simpatia e gentileza marcantes, Alexandre diz entender que não pode sair impune do fato de "entrar na casa das pessoas" diariamente por meio das novela. "É natural essa curiosidade. Gosto que as pessoas falem do trabalho. Aí, vira um vale-tudo: 'nossa, você está gordo', 'nossa, está magro', ou 'nossa, você está bem na novela'", diverte-se, antes de encerrar. "Todo mundo é um crítico em potencial. E o ator tem de ter vocação para lidar com isso", conclui.

(por Fabíola Tavernard)

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