O ministro de Justiça italiano, Clemente Mastella, sustentou hoje na Sicília que a série de televisão "Il Capo dei capi", que reconstrói a vida e os crimes do ex-chefe mafioso Toto Riina e está gerando uma grande polêmica, "deveria ser suspensa".

"Falta na série esse aspecto educativo que remete aos valores de uma sociedade saudável", comentou o ministro, em visita oficial a Gela (Sicília), onde se reuniu com juízes e inaugurou uma nova penitenciária.

Toto Riina era o sanguinário chefe da Cosa Nostra (máfia siciliana) até sua prisão, em janeiro de 1993.

"O ministro Mastella deveria se ocupar do funcionamento dos processos ou dos efeitos da absolvição ao invés de pensar nas séries de televisão", afirmou hoje Antonino Iannazzo, prefeito de Corleone, localidade a uns 60 quilômetros de Palermo, onde nasceu Riina. Para ele, "em um Estado onde há liberdade de imprensa não deveria haver censura".

De qualquer maneira, a série está provando grande agitação. Há alguns dias foi o deputado regional do Partido Democrático (centro-esquerda), Nino Di Guardo, que declarou que "Il Capo dei capi" estava "criando um perigoso efeito de imitação e um gravíssimo dano à imagem da Sicília".

"A região investiu e continua investindo altas quantias para proporcionar uam imagem positiva da Sicília, mas foi suficiente começar a transmitir essa série para anular tudo", afirmou Di Guardo.

Segundo o deputado, "o mais grave", no entanto, é "o perigoso risco de imitação por parte dos jovens, que - sobretudo em certas classes sociais - se identificam nas personagens de Riina e Provenzano [outro "capo" da Cosa Nostra]".

Para o parlamentar europeu Cláudio Fava, ao contrário, "ver essa série é conhecer o inimigo para combatê-lo".

Fava, um dos roteiristas na série, dedicou grande parte de sua vida a lutar contra a máfia siciliana, organização criminosa que assassinou seu pai Giuseppe, escrito e jornalista, em 1985.

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