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20/07/2007 - 16h30

Osmar Prado critica mudanças para levantar ibope de "Eterna Magia"; leia entrevista

Do PopTevê

Luíza Dantas/CZN

Osmar Prado interpreta o viúvo Joaquim em Eterna Magia

Em seus 50 anos de carreira, Osmar Prado deu vida a tipos que variam entre um humilde lavrador a um barão escravagista. Hoje, o ator paulistano empresta seu talento ao angustiado Joaquim de "Eterna Magia", novela que está sofrendo alterações por causa dos baixos índices de audiência.

Com uma história recheada de drama, o personagem é um dos poucos que escaparam das muitas críticas que a novela enfrenta. Questionado sobre o assunto, ele não tem meias palavras. "Em TV, existe um medo tremendo de se falhar com o Ibope, mas é ridículo mudar para tentar cativar o público", ataca.

Conhecido pelo temperamento forte, Osmar é categórico em seu posicionamento contra a guerra pelos pontos de audiência. Vindo de uma época em que a televisão, segundo ele, tinha um toque artesanal, o ator não poupa críticas à produção atual. "Esvaziou-se o conteúdo", avalia. "A sociedade está um caos e a programação reflete essa falta de valores. Pouco se salva, hoje em dia", ataca.

Mesmo atirando contra o conteúdo atual das emissoras, o ator garante que o entusiasmo pela profissão é o mesmo do começo. "Não sou um burocrata da atuação, tenho paixão por atuar. E no dia em que não tiver mais, salto fora", afirma.

Vários dos seus personagens ficaram na memória coletiva, como o Tião Galinha, de "Renascer". Qual é o segredo?
Osmar Prado - Não existe segredo, nem explicação. É como em uma relação amorosa: existe um desejo de ser feliz, mas você não sabe o que vai encontrar. Assim é a arte. É uma busca constante e, às vezes, dá certo. No caso do Tião Galinha, especificamente, havia potencial de entrar no imaginário popular porque ele representava a tragicomédia humana, principalmente do povo brasileiro.

Sua mãe era espanhola e seu pai, descendente de italianos. Sua formação de ator foi muito influenciada pela passionalidade desses dois povos?
OP - Claro! Sou de uma família guerreira, aprendi a não ficar calado. Com a idade, a gente vai pensando duas vezes, mas mesmo assim eu brigo. Então acho que essa herança genética me deu uma boa carga dramática, sim, mas cômica também. Porque, tanto na Itália quanto na Espanha, a tragédia vem misturada à comédia.

O seu trabalho é sempre muito elogiado, mas está em uma novela que vem recebendo críticas e que está passando por mudanças. O que acha disso?
OP - Bem, eu sou privilegiado porque meu personagem não tem nada a ver com os alvos da crítica. Se fala muito da bruxaria, da Irlanda... E acho um absurdo essa mudança que querem fazer. A novela foi discutida antes, sabiam o que seria abordado. Aí não deu Ibope e voltaram atrás. Se é assim, não façam! É como salto mortal, não pode voltar no meio. Por isso prefiro obras fechadas: Goste ou não, é aquilo. Tem que ter personalidade. Mudar é sinal de fraqueza.

E tem alguma coisa que você já sabe que vai acontecer com o Joaquim?
OP - Eles não me dizem nada, então o que eu faço é abrir as portas. De acordo com o que vem, vou conduzindo. Gosto desse jogo, também. Às vezes, é bom não saber.

E com toda sua bagagem, o que você diria a um novato que te pedisse um conselho sobre a profissão?
OP - Diria que ele tem que duvidar sempre e de tudo: do sucesso, da máscara da TV, dos holofotes. Tem que se questionar. Tem que reforçar o caráter e os músculos --não precisa ser "marombado", só manter um corpo que responda às necessidades do trabalho. E a chama tem que arder sempre.

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