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13/04/2007 - 16h33

Para Cunha Lima, só Markun poderia substituir Mendonça na TV Cultura

THAÍS FONSECA
Colaboração para o UOL

Arquivo/Folha Imagem

Jornalista Paulo Markun no lançamento de seu livro sobre Anita Garibaldi (03/08/1999)

No dia 7 de maio, o substituto de Marcos Mendonça na presidência da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, será definido. Essa decisão parte dos membros do Conselho Curador da Fundação que, em reunião, participam de votação secreta realizada em Assembléia Extraordinária. Antes das reuniões os conselheiros trocam opiniões e fazem a leitura dos currículos dos candidatos.

Em entrevista ao UOL, por e-mail, o presidente do Conselho da Fundação, Jorge da Cunha Lima afirmou que o jornalista Paulo Markun, apresentador do "Roda Viva", é o candidato mais forte ao cargo. Disse também que a influência do governo na escolha do presidente tem crescido, sobretudo nos dois últimos mandatos estaduais.

Jorge da Cunha Lima exerceu o cargo de presidente da Fundação Padre Anchieta por nove anos (1995-2004), completando três mandatos (cada mandato tem duração de três anos), e desde 2004 atua como presidente do Conselho Curador.

UOL - Quais os problemas mais urgentes que o próximo presidente da Fundação vai enfrentar?
Jorge da Cunha Lima: O problema permanente é a defesa, em nível nacional, da importância e independência da televisão pública no Brasil. O problema mais atual é preparar a televisão para a adoção do sistema digital, cujo prazo marcado pelo Governo Federal é o fim do corrente ano. Um problema de gestão é tornar a Fundação auto-sustentável, com recursos públicos fixos e definidos, sem riscos de contingenciamentos, e recursos advindos da sociedade: publicidade institucional, serviços e venda de subprodutos. Mas o principal é corresponder à missão de formar criticamente o telespectador por meio de uma programação educativa, cultural e informativa, da mais alta qualidade.

UOL - O nome do jornalista Paulo Markun foi aventado como candidato ao posto de presidente. O que o senhor tem a dizer sobre este nome?
Jorge da Cunha Lima: Dois nomes foram aventados, com insistência, como candidatos: Eugenio Bucci (atual presidente da Radiobrás) e Paulo Markun (apresentador do "Roda Viva"). A aceitação ao nome de Markun deriva dele ser da casa, como apresentador do "Roda Viva", produtor de documentários, autor de livros e sobretudo, pelo seu passado de jornalista, que enfrentou a prepotência do regime militar. Só um nome com tal receptividade poderia pretender substituir Marcos Mendonça, que conquistou a simpatia e o reconhecimento por parte de conselheiros e, sobretudo, entre a classe artística do estado, por seu trabalho como presidente.

UOL - Qual é a interferência do governo do Estado na decisão do presidente da Fundação?
Jorge da Cunha Lima: O governo não pode, pelos estatutos e pela lei que criou a Fundação, ter nenhuma interferência direta na escolha do candidato. Pode, contudo, como provedor de recursos públicos substanciais, indicar suas preferências através de seus representantes, que são membros natos do conselho: o secretário da Cultura, da Educação, da Fazenda e dos conselhos de Educação e de Cultura. E, de fato, eles têm manifestado as suas preferências, sobretudo nos dois últimos governos estaduais.

UOL - Quem são os membros do Conselho Curador e quais são seus respectivos poderes de voto?
Jorge da Cunha Lima: O Conselho é formado por 23 membros eletivos, representantes da sociedade civil, 20 membros natos, representantes de instituições públicas e privadas (sendo cinco membros de representantes de órgãos do governo estadual e dois do municipal), três membros vitalícios e um representante dos funcionários. Todos têm o mesmo poder de voto.

UOL - Como se faz a votação do presidente e por quanto tempo se discute o assunto antes da eleição?
Jorge da Cunha Lima: A votação secreta é realizada na Assembléia Extraordinária especificamente convocada para isso. As discussões são realizadas até mesmo antes das reuniões, com a troca de opiniões e leitura do currículo do candidato.

UOL - O que muda para a TV Cultura se o Brasil aprovar uma nova
TV pública?

Jorge da Cunha Lima: Em princípio não muda nada. O Brasil já tem televisões públicas suficientes. Se o governo criar mais uma ou ativar as que já possui, deve fazê-lo, respeitando o contexto e o processo já existentes. Não se fará rede nenhuma,digna de ser chamada pública, se isso for feito sem a participação das televisões estaduais públicas abertas, já existentes.

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