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04/02/2003 - 17h22

Declarações de Michael Jackson chocam entidades de defesa da infância

LONDRES, 4 fev (AFP) - As confidências de Michael Jackson, que revelou que dividiu várias vezes sua cama com meninos, nove anos depois de ser acusado de pedofilia, desencadearam protestos das organizações de proteção da infância e críticas da imprensa.

No documentário "Living with Michael Jackson" ("Vivendo com Michael Jackson"), gravado durante oito meses e transmitido ontem (segunda-feira) na emissora britânica ITV, o ídolo da música pop, de 44 anos de idade, confessa que gosta de ir para cama com meninos e que fez isso várias vezes.

O cantor americano revela que teve uma estreita relação com um garoto de 12 anos chamado Gavin, que regularmente passava a noite em sua mansão em Neverland Valley. Segundo Jackson, Gavin estava convencido de que essa relação o ajudou a se curar de um câncer.

Michael Jackson deixa claro que sempre dormia no chão quando o garoto ficava em seu quarto, mas reconhece que foi para a cama com vários meninos.

"Não era algo sexual. Dormíamos. Eu os cobria, colocava um pouco de música e lia um livro", conta.

"Era realmente encantador e doce. Todo mundo deveria fazer isso", acrescenta. "Por que não dividir a cama? A coisa mais afetuosa é compartilhar a cama com alguém. É algo magnífico. Muito correto. Muito afetuoso. Que mal há em dividir um amor?", disse.

Em 1993, Michael Jackson foi acusado de ter abusado sexualmente de um garoto de 13 anos, Jordan Chandler, quando ele passava a noite em sua casa. Os pais do jovem retiraram o processo após fazer um acordo milionário com o cantor.

O Times informa que o documentário, que será exibido na próxima sexta-feira nos Estados Unidos, pode desencadear novos processos.

"Vamos assistir a esse programa com atenção", declarou ao Times um porta-voz de Tom Sneddon, promotor americano que atuou no caso Chandler.

Ainda que suas intenções sejam inocentes, "seu comportamento pode ser utilizado como uma justificativa" por aqueles que molestam sexualmente crianças, segundo a Sociedade Nacional de Prevenção de Maus-tratos infantis (Nspcc).

A Barnado's, uma organização britânica de defesa das crianças, considerou "totalmente fora de contexto que um homem adulto divida a cama ou um quarto com uma criança que não é seu filho".

"Se circunstâncias similares fossem comunicadas às autoridades locais na Grã-Bretanha, haveria uma investigação sem sombra de dúvida", acrescentou a organização em um comunicado.

"É por isso que cabe perguntar se o fato de ter uma grande fortuna protege os adultos, mas não necessariamente as crianças", concluiu.

O documentário mostra ainda a estranha vida dos três filhos de Michael Jackson, Prince Michael I, Prince Michael II e Paris, que só aparecem em público com a cabeça coberta por um véu ou com máscaras para não serem reconhecidos.

O artista também tenta mostrar seus talentos de pai ao dar mamadeira para seu filho mais novo, coberto com um véu dos pés à cabeça.

Michael Jackson revela que Prince Michael II nasceu de uma mãe de aluguel: "Ela não me conhece e eu não a conheço", declara o cantor.

Sua ex-mulher Debbie Rowe, mãe de seus dois primeiros filhos, também não visita as crianças, porque "não pode cuidar deles".

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