"Foi a pessoa mais guerreira que eu conheci", diz Luis Salem sobre o ator Rodolfo Bottino

CARLA NEVES*
NO RIO

Começou por volta das 6h30, com a chegada de um primo, o velório do ator Rodolfo Bottino na capela um do cemitério São João Batista, na zona sul do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (13). Visivelmente abalado, Luis Salém elogiou Rodolfo: "Vou ter apenas recordações boas dele. Foi um amigo de uma vida inteira, a pessoa mais guerreira que eu conheci", disse o ator que atualmente interpreta o personagem Ana Girafa em "Aquele Beijo".

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Além dos familiares e dos três irmãos (Claudio, Antônio e Verônica), os atores Emiliano Queiroz, Márcia Cabrita, Maria Zilda, Guilherme Leme e Edwin Luisi também velaram o corpo do amigo, que foi enterrado às 13h46. "Ele era o nosso irmão mais velho. Vai ser difícil ver gargalhada, sorriso e inteligência igual a dele. Ele morreu como um passarinho, sem sentir nada, como merecia", declarou Verônica Bottino. "Quando eu penso no Rodolfo, eu penso em gargalhada. Ele estava sempre alegre, mesmo quando estava mal", recordou a atriz Márcia Cabrita.

No momento do enterro, o ator recebeu homenagens dos amigos e familiares, que jogaram pétalas de flores e lantejoulas sobre o caixão. Um amigo da família pediu aos presentes uma salva de palmas pela vida e obra do artista. Verônica, irmã de Rodolfo, disse: "Bravo, Rodolfo. Bravo". Após o enterro, os presentes fizeram uma oração e, ao final da cerimônia, a maioria dos presentes se afastou, deixando a família por mais alguns instantes sobre o túmulo do ator.

Rodolfo Bottino morreu neste domingo (11), em Salvador, Bahia, onde tem parentes. Ele era portador do vírus da Aids e, segundo parentes, não resistiu a uma embolia pulmonar sofrida durante um exame de ressonância magnética, preparatório para uma cirurgia do quadril. Segundo Verônica, o ator foi levado a Salvador para ser operado pelo irmão de uma grande amiga, pois estava com a cabeça do fêmur necrosada e iria colocar uma prótese. Enquanto aguardava, contraiu uma pneumonia e foi transferido para o Hospital da Bahia. Lá ele teve falta de oxigenação e não resistiu a uma embolia pulmonar.

Bottino era carioca e morava no Rio, e estaria na capital baiana porque tinha parentes na cidade. Galã da TV Globo na década de 80, em novelas como "Ti Ti Ti", "Bambolê" e "Bebê a Bordo" e séries como "Anos Dourados", o ator, que também era chef de cozinha e professor de culinária, descobriu-se soropositivo nos anos 90, mas nunca sentiu manifestações da doença.

Ator Rodolfo Bottino, que interpreta Heitor na novela "Pátria Minha" (1995)

Dois anos atrás, para "livrar-se do peso de um edifício nas costas", deu a primeira declaração sobre o assunto. Agiu contrariando os conselhos da mãe, que preferia que o filho se preservasse, temendo reações preconceituosas e prejuízos à sua carreira. Bottino decidiu se expor pensando que poderia ajudar outros soropositivos a encarar melhor sua condição.

Não queria, no entanto, ser alvo de olhares piedosos. Dizia que o importante era "a cuca". Fumante, em 2006 já havia enfrentado um câncer no pulmão, combatido com quimioterapia. Também superou uma anorexia grave, que reduziu seu peso a 41 quilos. Foi desenganado pelos médicos que o tratavam. Teve também síndrome do pânico.

Em 2010, passou por uma cirurgia para desentupimento de uma artéria, relatada no blog Com um Pé na Cozinha, atualizado até março deste ano. Ajudado por familiares e amigos, superou todos os problemas de saúde mantendo-se ativo, com projetos de peças, livros e programas de TV.

Um sucesso recente foi a peça "Risotto!", na qual atuava e cozinhava para a plateia. Seus dois irmãos, Verônica e Antônio Bottino, ressaltaram em mensagens no Facebook sua força de viver e de trabalhar e também seu bom humor.

*com informações da Agência Estado