12/08/2011 - 07h59

Próxima novela das 9 será "uma grande fofoca", promete Aguinaldo Silva

MAURICIO STYCER
Do UOL, no Rio

Próxima novela das 9, "Fina Estampa" ganhou festa de lançamento nesta quinta-feira, no Rio. "Festa, não. Trabalho", disse Aguinaldo Silva, autor da trama que, a partir de 22 de agosto, sucede "Insensato Coração" no horário mais nobre da Globo.

Além do autor, diretor, elenco e equipe técnica confraternizaram com repórteres, fotógrafos e convidados num espaço de eventos, na Barra da Tijuca, bairro onde se desenrola a trama da novela.

"Quero fazer uma novela como se fazia antigamente. Tenho uma boa história, uma história popular", diz Aguinaldo, um dos primeiros a chegar, às 21h25. "A novela é uma grande fofoca. Para o público tem que parecer que estão conversando na esquina de casa", filosofa. "É isso que eu chamo de fazer uma novela popular".

"Meus vilões não devem ser levados muito a sério. São vilões de história em quadrinhos", prossegue, explicando uma diferença básica em relação aos malvadões de “Insensato Coração. Aliás, nada deve ser levado muito a sério em “Fina Estampa”. Discussões sobre racismo e homofobia, por exemplo, devem passar ao largo da trama.

“O segredo é fazer o espectador acreditar em você, mesmo que seja o maior absurdo. Tem coisa mais absurda que um personagem cair num buraco e aparecer no Japão? E ninguém estranhou”, diz Aguinaldo, citando o delegado Motinha (José de Abreu) de “A Indomada”.

“Vão pensar que sou psicopata”

Susana Vieira não vai trabalhar na novela, mas seu namorado, Sandro Pedroso, vai. É ela, porém, que enlouquece o público na festa –fãs, fotógrafos e repórteres. “Minha vida é, em primeiro lugar, meu trabalho como atriz na Rede Globo”, declara.

“Quer dizer, falando assim vão pensar que sou uma psicopata. Tem também meu filho, minha família, meu namorado, a primeira classe na TAM...”, explica, provocando gargalhadas dos repórteres que a ouvem.

E esse corte de cabelo? “Estou me achando um pouco Victoria Beckham”. Mais gargalhadas. “Nada é fácil. Nem depilação é fácil”. Gargalhadas. “Só passei um corretivo aqui no rosto. Mais nada. Por que eu estou muito linda, não estou?” Gargalhadas. “Desde que surgiu o HD falei com o dermatologista e não pego mais sol”. Gargalhadas.

Dalton Vigh vai viver um chef de cozinha na novela e está caprichando no “laboratório” para viver o personagem. “Já fiz um filé com fritas. Até agora ninguém morreu”, conta. Gargalhadas.

Como em “Insensato Coração”, há um ator português no elenco de “Fina Estampa”, Paulo Rocha, mas ele fala com sotaque e é dono de padaria. Bem típico. Os repórteres que o entrevistam não ousam, porém, fazer piada sobre o assunto.

Renata Sorrah chega e quase não é incomodada pelos fotógrafos. Não consegue escapar, no entanto, da repórter que quer saber a marca da roupa que ela veste. “Não! Não! Não!”, diz a atriz antes de abraçar a jornalista e sussurrar perto de seu ouvido o nome do estilista que veste.

“Gente, está faltando eu nesta foto!”
Na ausência de Susana Vieira, é possível contar com Carolina Dieckmann, que todos chamam de Carol. “Carol, como você escolheu esta roupa?” “Bem, ela é metade Teodora, metade Carolina”, responde. Sua personagem na novela é uma “periguete”, uma garota abusada e “fácil”. “Carol, você se identifica com a Teodora?” E ela: “Tem gente que gosta de variedade, tem gente que gosta de foco. Eu gosto de foco”, diz, mascando chiclete.

Mas o melhor ainda estava por vir. “Está malhando para fazer a personagem, Carol?” “Este corpo é da Teodora. Fiz um mês de luta. Pego músculo fácil, por isso estou dando uma maneirada. Não gosto de ser gostosa. Sou como a Adriane Galisteu: se falam que estou gostosa, acho que estou gorda.”

Ao ver Susana Vieira e Renata Sorrah posando para os fotógrafos, Carolina Dieckmann grita. “Gente, está faltando eu nesta foto!” E coloca-se entre as duas veteranas atrizes, que sorriem para ela.

Saudades de Heleninha em “Vale Tudo”
Renata Sorrah conta que assistiu a reprise de “Vale Tudo” e adorou. “A gente tinha mais liberdade. Era mais livre. Não me pergunte como...”, diz a “Heleninha” da novela. “Mas não posso dizer que hoje as novelas pioraram. ‘Vale Tudo’ e ‘Roque Santeiro’ foram joias raras”, diz, antes de dar uma bronca numa repórter que perguntou algo para ela e se virou sem ouvir a resposta. “Isso não pode. Ela tem que aprender a ter ética jornalística”, ensina.

Mas não pense que a vida dos repórteres nestas festas é só alegria. Um colega quer saber de Malvino Salvador sobre como ele se sente trabalhando na mesma novela que sua namorada, Sophie Charlotte. “Você tá cansado de saber que não falo sobre isso”, responde o ator, sacudindo o repórter.

Cris Vianna, uma das poucas atrizes negras da novela, diz que sua personagem não vai tratar de racismo. “Acho maravilhoso não abordar o racismo”, diz, provocando espanto no repórter. “Acho maravilhoso tudo”, esclarece.

Outro assunto que não deve ser levado a sério em “Fina Estampa” é homofobia. Marcelo Serrado interpreta um gay caricato, Clodoaldo, mordomo de Tereza, a ricaça vivida por Christiane Torloni. “O personagem é uma brincadeira”, explica. “O Aguinaldo pediu um ator hétero para viver o Clodoaldo”, alerta.

O diretor da novela, Wolf Maia, chega por volta das 23h, a tempo de assistir um clipe de 15 minutos com cenas de “Fina Estampa”. Ele é o mais animado da festa. Ao final da exibição, pega o microfone e declara-se para Aguinaldo Silva: “Nós te adoramos. Você não tem ideia de como é bom contar a sua história.”

Aguinaldo chegou às 21h25, prometendo fazer uma rápida aparição. “Logo mais, a festa de lançamento de ‘Fina Estampa’.Claro que vou! Mas pra mim não é festa, é trabalho. Ficarei cronometrados 70 minutos”, escreveu o autor no Twitter.

Não conseguiu. Só saiu duas horas depois, quando entrou em ação um DJ, acompanhado de um percussionista. Som em alto volume, tornando impossível qualquer conversa. Hora mesmo de ir embora.

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