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23/06/2011 - 15h41

Roteiristas de "Game of Thrones" contam como adaptam a obra de cinco volumes para a TV

ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL

Como se adapta para televisão uma obra de cinco volumes, com mais de quatro mil páginas publicadas e 16 milhões de copias vendidas em todo o mundo? Com muito fôlego, paciência e o apoio entusiasmado do autor, respondem, quase ao mesmo tempo, David Benioff e Dan Weiss, os responsáveis por um dos maiores sucessos da TV norteamericana no primeiro semestre, a série "Game of Thrones."

Benioff e Weiss, ambos autores literários, encontraram-se no dia a dia dos roteiristas, entre projetos que dão certo. "Tróia", que Benioff escreveu sob encomenda para Brad Pitt e a Warner –e que não vão adiante– a adaptação do jogo Halo, que ocupou Weiss por muitos anos, em vão.

Ele queria saber o quanto nós conhecíamos a saga. Se tínhamos lido mesmo todos os livros e compreendido toda a complexidade do mundo que ele criara

Dan Weiss, sobre as dúvidas do autor da saga, George R.R. Martin, a respeito do roteiristas

Fãs da saga "A Song of Ice and Fire", de George R.R. Martin, os dois chegaram à conclusão que nenhum estúdio jamais bancaria um projeto tão ambicioso. "Mas a TV por assinatura, sim”, diz Benioff. “É uma opção clara. Não apenas porque cada vez mais a TV paga está assumindo as lacunas do cinema, mas também porque, na TV, nós poderíamos desenvolver a história em todas as suas vertentes, com mais tempo; e, o que é muito importante, com controle sobre o projeto, inclusive na escolha do elenco.”

Foi uma opção que encantou o próprio Martin, ele mesmo um ex-roteirista de TV, responsável por vários episódios da série "A Bela e a Fera" e  o "Além da Imaginação", dos anos 1980.  Mas antes de entregar seu projeto mais ambicioso nas mãos de David e Dan, ele submeteu os dois a um longo teste: “Ele queria saber o quanto nós conhecíamos a saga”, diz Weiss. “Se tínhamos lido mesmo todos os livros e compreendido toda a complexidade do mundo que ele criara.”

A graduação veio com uma pergunta cuja resposta não está em nenhum dos livros, pelo menos não claramente: quem é a mãe do personagem Jon Snow (Kit Harington, na série), o bastardo que Lord Ned Stark (Sean Bean) cria em seu castelo de Winterfell e que acaba juntando-se aos guardiões da Night Watch?

“Tínhamos uma teoria, que não quero divulgar para não estragar a história para ninguém”, diz Benioff. “E George concordou plenamente com ela. Foi ali que fechamos o acordo. Acho que, se tivéssemos errado, íamos ficar de castigo e o projeto não iria adiante.”

Benioff e Weiss propuseram "Game of Thrones" à HBO em 2006, mas a luz verde total só veio em 2008, quando a dupla já tinha escrito duas versões do piloto. E a visão inicial –uma saga tão longa quanto a dos livros, que, pelos planos de Martin, devem ser sete no total, embora apenas os cinco primeiros já tenham sido escritos– só foi confirmada depois que o primeiro episódio tinha ido ao ar nos Estados Unidos, em abril deste ano, e a HBO renovou a série para mais uma temporada.

“Acho que estamos fazendo tudo certo”, diz Benioff. “E se continuarmos assim, serão dez episódios para cada um dos sete livros, levando a história em todas as direções imaginadas por George. Tomara que a HBO continue acreditando na série. Nós pensamos na série como vários filmes de dez horas cada um.  Cada temporada tem um começo, um meio e um fim, como um filme, e é assim que tratamos a narrativa. Nesta primeira temporada nos mantivemos bem próximos do texto de George. Mas temos a benção dele para irmos mais longe nas próximas temporadas.”

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