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25/05/2011 - 10h03

Steven Tyler diz que não é preciso envergonhar e humilhar alguém para ser jurado do "American Idol"; leia entrevista

GARY GRAFF*
The New York Times Sindycate
  • Da esq. para a dir., Steven Tyler, Jennifer Lopez e Randy Jackson no júri do American Idol

    Da esq. para a dir., Steven Tyler, Jennifer Lopez e Randy Jackson no júri do "American Idol"

É um dia ensolarado em Los Angeles e Steven Tyler --o vocalista do Aerosmith, jurado do "American Idol", exemplo do vício em drogas do rock and roll e, agora, escritor-- está desfrutando os arredores da região de Laurel Canyon. "É por aqui que Janis Joplin andava, onde os Byrds fizeram 'Mr. Tambourine Man' (1965), e Joni Mtichell e os Mamas and the Papas e... eu preciso continuar?".
 
Não. Mesmo por telefone, o entusiasmo de Tyler transparece. "Para mim, é como caminhar por onde Jesus carregou a cruz. Bom, eu provavelmente não devia dizer isso”. É esse tipo de comentário espontâneo, controverso, que entretém os norte-americanos durante suas avaliações a respeito dos candidatos no reality show "American Idol".

E são esses comentários que preenchem também sua nova autobiografia, "Does The Noise In My Head Bother You? - A Rock 'n' Roll Memoir", com cerca de 400 páginas. "Eu tenho tanto para falar e informar as pessoas sobre o que se passa e como tem sido a vida nos últimos 40 anos do Aerosmith. E me diga, por favor, como alguém acaba como você, Steven?", questiona a si mesmo o cantor de 63 anos.
Suas atividades atuais, que também inclui um novo single solo, "(It) Feels So Good", é resultado de um período turbulento, durante o qual o Aerosmith passou a procurar ativamente por um novo vocalista. Mantido fora de cena após uma cirurgia na garganta e um diagnóstico de hepatite C em meados dos anos 2000, várias operações nos pés para corrigir um neuroma de Morton causado pela dança, e também pela morte de sua mãe em 2008, Tyler teve recaída com as drogas.
 
Suas mais recentes desventuras ocorreram, ironicamente, no processo de desintoxicação. "Eu me sentia mal", lembra Tyler, que cresceu em Yonkers, Nova York, e formou o Aerosmith em 1979 com amigos de seus verões em New Hampshire, onde sua família era dona de um resort. "Eu estava sentado na clínica de reabilitação pensando que o mundo me achava um [palavrão]".
 
Tyler diz que não quer minimizar o fato de que tem uma personalidade propensa ao vício e que se encrencou de novo. "Foi o que aconteceu e a culpa é minha. Mas o mundo sabe que sou um alcoólatra e um viciado em drogas em recuperação. É um processo diário e tenho que manter meus olhos abertos. Há um gorila de 250 quilos me aguardando no estacionamento toda vez que me viro, preciso ter cuidado".
 
Mas se alguma coisa redimiu Tyler, foi "American Idol". Chegando cercado de ceticismo após a saída do áspero, mas popular Simon Cowell, Tyler (ao lado da também recém-chegada Jennifer Lopez e do remanescente Randy Jackson) conquistou o público com seu entusiasmo e calor, mesmo quando deixa escapar palavrões nas gravações. "Acho que o que aconteceu em 'Idol' é que o mundo passou a ver um outro lado meu, que não mostro como aquela figura sinistra do rock. As pessoas adoram o bad boy", ele diz rindo. 
 
E quanto às queixas de que os jurados deste ano são brandos demais, especialmente após a saída de Cowell? "Você atrai mais moscas com mel do que vinagre", diz Tyler. "Acho que é um bom espetáculo de vaudeville envergonhar e humilhar alguém, e o público adora, mas se alguém está realmente tentando ser o 'American Idol' e levando aquilo a sério, é bom dar palavras de encorajamento. Não precisa humilhar alguém, especialmente sem motivo".
 
"Você não diz para as pessoas que não gosta delas por causa da canção que estão cantando, sabe? É isso o que outro cara fazia, em várias ocasiões. É bom para a TV, eu entendo. 'Cultivar' é a palavra chave para mim, e sim, cheguei assustado, achando que talvez poderia não funcionar, por causa do que fizeram antes, ao Simon, e por tudo ter funcionado tão bem até então. Mas até o momento, o que estamos fazendo também está funcionando".
 

*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan 

Tradutor: George El Khouri Andolfato

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