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23/05/2011 - 06h00

"Gosto de criar rebeldias internas, mas não sou um Dado Dolabella ou um Theo Becker", diz Britto Jr, apresentador de "A Fazenda"

ANA JARDIM
Do UOL, em São Paulo
Britto Jr fala sobre "A Fazenda", jornalismo e paixão por futebol e TV no salão de jogos do condomínio onde vive
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Britto Jr é espontâneo assim como na TV. Aos 48 anos, o apresentador do reality show “A Fazenda”, conta que tem uma “rebeldia interna” e sente vontade de extravasar. Fala sobre os polêmicos participantes das edições anteriores do programa da Record e avalia a atual fase como apresentador na emissora do Bispo Edir Macedo.

Adepto do futebol, Britto conta que acha que “emagreceu demais” quando decidiu entrar em uma dieta após a primeira edição de “A Fazenda” e que poderia fazer uma programa de rádio sobre o esporte, utilizando as longas conversas que tem com seu pai, por telefone.

Em entrevista exclusiva ao UOL Televisão, o apresentador avisa que o telespectador e, principalmente, os participantes ficarão surpresos com as novas provas e regras  da quarta edição de “A Fazenda”,  que começa em julho. Britto também disse que prefere não se envolver na escolha dos candidatos, para evitar qualquer pré-julgamento, e que o “manual de instruções de como fazer o reality " já foi descartado. Leia mais no texto abaixo.

  • Thiago Bernardes/UOL

    O apresentador Britto Jr após entrevista no salão de jogos do condomínio onde vive, na zona sul de São Paulo (18/5/2011)

UOL - Você começou sua carreira no rádio aos 16 anos, depois migrou para a TV, mas antes disso queria ser jogador de futebol?
Britto Jr -
Ah, na verdade a maioria dos homens brasileiros desta geração queria ser jogador de futebol, né? Sempre tive o mundo do futebol muito perto de mim, e meu pai, além de narrador esportivo, era também dirigente de um clube de futebol, então não havia nem como eu não pensar nessa hipótese. E eu, modéstia à parte, até acho que jogava um bom futebol, mas acredito que talvez menos do que precisava para aquela época (risos). E aí a vida andou e esse lance de ser comunicador bateu muito mais forte. Queria muito ser narrador esportivo também. Nesta época, década de 70 mais ou menos, nem se falava em trabalhar na TV. E graças a Deus segui por este caminho. Talvez se tivesse optado por ser jogador de futebol não teria o mesmo sucesso.

UOL - Na Globo, como repórter, Você trabalhou no interior, fez cobertura de Copa do Mundo, trabalhou no "SPTV" e também um tempo no "Domingão do Faustão". Você gostava de transitar por todas essas áreas?
Britto Jr -
Eu gostava e gosto. Sempre falo que a versatilidade é um ponto chave. A gente não pode pensar em construir uma carreira só com o que a gente sonha em fazer. A gente tem que construir de acordo com as possibilidades que surgem. Se você diz que não quer, você fecha todas as portas. Eu curti demais fazer todas essas coisa. Algumas delas foram feitas 100% daquilo de que elas poderiam render, outras coisas eu fiz, mas tenho certeza que poderiam ter ficado melhores e que poderiam ter durado mais tempo. A participação no Faustão por exemplo, era um programa de entretenimento, mas eu sempre achei que o jornalismo poderia estar presente. Apesar de a visão dos jornalistas daquela época ser muito rígida, achando que as duas coisas não poderiam se mesclar. Mas a gente sabe que elas podem, vide o sucesso que se faz no "Hoje em Dia" [programa que foi apresentado por Britto Jr. na Record entre 2005 e 2009]. Um coisa que eu fiz também e adorei ter feito, e era um grande desafio na época, e é ainda para qualquer pessoa que tente fazer, é narrar o Carnaval da Globo. Por dois anos eu fui narrador do Carnaval e, olha, foi uma experiência muito incrível. No primeiro ano tive uma nota seis, no segundo uma nota sete e teria melhorado mais se tivesse continuado.

  • Thiago Bernardes/UOL

    O apresentador Britto Jr durante entrevista no salão de jogos do condomínio onde vive com a mulher e o filho em um bairro da zona sul de SP (18/5/2011)

UOL - Já na Record, porque você decidiu largar o "Hoje em Dia" e assumir "A Fazenda"?
Britto Jr -
Porque "A Fazenda" é um programa diferente, é entretenimento, e eu venho lá do jornalismo puro, engessado, querendo colocar um pé no entretenimento, querendo provar que entretenimento e jornalismo podem andar juntos. Trabalhei como jornalista por muitos anos, apenas no jornalismo. Aí consegui o "Hoje em Dia", que era um projeto, o qual já havia apresentado um similar na época que ainda trabalhava na Globo e que não foi para frente. Fiquei um tempo. E agora, nessa área de entretenimento eu quero permanecer um tempo, eu quero aprender a fazer, quero ver como isso funciona. Eu posso te dizer que isso é muito divertido, tô gostando demais. Estou com 48 anos de idade e estou começando de novo, em outra área. Não fico me cobrando e tenho que aprender, é sempre assim e com todo mundo.

UOL - O "Hoje em Dia" era muito elogiado quando você apresentava. Sente falta desta época?
Britto Jr -
Acho que é bom também dar uma descansada do "Hoje em Dia". Sei lá, amanhã ou depois, outros projetos podem surgir e eu também posso apresentar, ver como é, ser convidado a fazer. Estou aberto a todas as experiências. "A Fazenda" está me dando essa possibilidade de aprender, é um projeto bem sucedido, um sucesso e é isso que vale. Estou aproveitando ao máximo esse convite que fizeram. Tenho orgulho de saber que o "Hoje em Dia" existe, é um sucesso e que eu contribuí para este sucesso. Isso está na minha história. O ponto alto do "Hoje em Dia" é a espontaneidade, e isso continua lá, mesmo com os outros apresentadores. É essa alegria que as pessoas querem ver na TV. O programa tem isso, tem a interatividade entre os apresentadores e é isso que é o diferencial.

UOL – Você diz que quando o “Hoje em Dia” começou, ele estava à frente dos outros programas quando se trata de interatividade...

No esporte, por exemplo, eu adoro a forma como o Tiago Leifert faz.

Britto Jr, apresentador

Britto Jr - O "Hoje em Dia", quando a gente fez essa coisa de juntar o jornalismo com o entretenimento, com a diversão, não sei se foi apenas uma coincidência, mas é fato: Depois que o "Hoje em Dia" fez isso com o jornalismo, todo mundo resolveu fazer igual. Começaram a fazer um jornalismo mais participativo, um ao vivo mais solto, o apresentador conversando com o repórter. Quando eu era repórter, eu tinha que, duas horas antes, mandar meu texto para o editor revisar e então eu gravar 30 segundos. Eu dizia: "Cara, porque temos que fazer uma entrada ao vivo? É um texto de 30 segundos, já está pronto. Não é mais fácil gravar?" Quando o "Hoje em Dia" entrou no ar, um ano depois mais ou menos, todos os telejornais faziam isso. Todos querendo fazer "gracinhas", conversando entre si, conversando com o repórter. Uma coisa mais leve. O esporte, por exemplo, eu adoro a forma como o Tiago Leifert faz. Não posso ficar falando da concorrência (risos). Eu assisti o primeiro programa dele, eu estava no "Hoje em Dia" ainda e vi o programa. Todo mundo falando: "Ah, mas não vai dar certo, esse formato não rola..." E eu sempre disse: "Como não vai dar certo?" O Tiago Leifert conseguiu ver que fazer esporte é isso aí. Futebol é um assunto sério, mas tem que ser tratado de uma forma solta, de um jeito leve.

  • Thiago Bernardes/UOL

    O apresentador Britto Jr conta que tem uma "rebeldia interna" e gosta de discutir e avaliar temas polêmicos (18/5/2011)

UOL - O que mudou na sua vida da época que você era repórter na Globo, para hoje que você é apresentador na Record?
Britto Jr -
Mudou tudo e não mudou nada (risos). Mudou tudo do ponto de vista profissional, porque é muito diferente você ser repórter e sair na rua para fazer entrevistas, e ser apresentador. As pessoas de modo geral generalizaram muito, costumam dizer assim: "Pô, o cara é apresentador, agora só quer o estúdio, ar condicionado, tá mandando, tá podendo" e outras coisas do tipo. Mas o cara não percebe que você está ali e tem uma responsabilidade enorme com o que está fazendo, que é muito mais do que só apresentar um programa. Você ali é um representante, está falando com as pessoas em casa, é um cartão de visitas da emissora. Em qualquer lugar que eu vou, eu estou representando a Record e isso acarreta uma responsabilidade muito grande. Eu uso as redes sociais, eu dou uma entrevista, não posso mais pensar como apenas um funcionário, e sim como um formador de opinião, um multiplicador de ideias, alguém que está ali falando de uma empresa, de um trabalho. Mas o mais interessante disso tudo é poder se reinventar. O repórter, por mais criativo que ele seja, ele sempre vai estar limitado, vai ter uma reportagem de um minuto e meio, talvez mais, mas é uma matéria por semana, etc. Na televisão você está ao vivo e, apresentando, você tem que improvisar algumas coisas, tem roteiros diferentes, feitos por pessoas diferentes e isso tudo é um redescobrimento. Uma nova fase da minha carreira, que comecei quando fui para o "Hoje em Dia", aos 42 anos. Agora o momento é "A Fazenda" e será por um bom tempo, mas eu quero mais.

  • Thiago Bernardes/UOL

    Britto Jr, apresentador do reality show "A Fazenda, da Record, conta que gosta de ler e jogar futebol quando tem um tempo livre (18/5/2011)

UOL - Por que você acha que foi tão criticado quando começou na apresentação de "A Fazenda"?
Britto Jr -
Em um primeiro momento você leva um susto. Acho que isso é para qualquer um. Você pensa: "Nossa, mas por que isso? Será que estou fazendo uma coisa errada? Será que não gostam de mim?" Mas depois você vai conversando com as pessoas, e eu, até pela experiência que tenho na TV, sei que isso, além de fazer parte do show, também é inevitável. Não existe nenhum apresentador, nenhum artista, que, entrando nessa arena, neste palco de diversão e entretenimento, esteja imune a críticas. E não existe nenhum deles que não tenha sido criticado. Falam de todos. E você acha que está errado? Não, não está. É assim que funciona. É a visão dele e eu tenho que respeitar. Se a pessoa lê uma crítica e concorda, é problema dela. E disso tudo você tem que tirar experiência para que você cresça. A gente tem que saber que não é dono da verdade, que também erra e tem que melhorar sempre. Vejo poucas pessoas sendo unanimidade na Televisão, tanto para coisas boas, ou para coisas ruins.

Os jornalistas têm muito o vício da comparação. Eu também tinha, mas aprendi e consegui tirar ele de mim.

Britto Jr, apresentador

UOL - Já foram realizadas três edições de "A Fazenda". Você acha que seu desempenho mudou? Você buscou essa mudança?
Britto Jr -
"A Fazenda" é um programa que nos "construímos" pelas primeira vez. Claro que existem outro formatos de reality pelo mundo, e "A Fazenda" mesmo é um formato produzido em cima de uma outra atração já existente, consagrado em outros países. Bem, nós já tínhamos uma referência e tudo mais, mas você precisa fazer um trabalho local que combina com seu público e até com seu próprio apresentador. "A Fazenda" aqui no Brasil teve que encontrar sua própria identidade. Esse Britto que comenta, ri, que faz palhaçada, assim como eu fazia no "Hoje em Dia", não pode ser utilizado no formato que é a "A Fazenda". Não posso virar para câmera e falar: "Pô, e aí, vocês viram o preço da gasolina?!" Então não adianta você ser super espontâneo neste sentido de se soltar. Eu venho observando, venho ouvindo as pessoas comentarem, venho falando com o diretor do programa. Então nesta próxima edição não é que o Britto vai ser completamente diferente. Tem momentos ótimos e tem momentos que podem ser melhorados. Isso é claro, e essa é uma avaliação que vai da humildade de cada um. Eu não nasci sabendo. Tudo que fiz até hoje na minha vida, e que não sabia, eu fui aprendendo. Hoje eu estou em um projeto que foi desenvolvido do zero, eu não tinha a quem observar. Na medida que a gente vai exercitando, a gente vai encontrando caminhos. Eu não vou contar o que eu pretendo mudar, o que eu pretendo acrescentar, tirar ou agregar. Isso também faz parte do segredo do programa. Eu lembro que outras pessoas também foram criticadas no começo e aí o público vai entendendo o espírito do programa.

  • Thiago Bernardes/UOL

    O apresentador Britto Jr defente a mescla de jornalismo e entretenimento nos programas de variedade (18/5/2011)

UOL - Você acha que existe muita comparação?
Britto Jr -
Os jornalistas têm muito o vício da comparação. Eu também tinha, mas aprendi e consegui tirar ele de mim. A comparação é um negócio complicado, porque aí você vai dizer: "Ah, mas tem que fazer igual aos outros, a não sei quem". Aí eu pergunto então por que você tem que fazer igual? A partir do momento que as pessoas entendem que cada programa é de um jeito, que cada um tem um estilo, que ele quer criar a sua personalidade e ser diferente dos outros, ela começa a entender melhor o que se passa. Não vou chegar lá agora em "A Fazenda 4" completamente diferente, fazendo chacrinha. Não. Eu vou fazer uma coisa que agrade todo mundo, principalmente a direção do programa que é quem determina o que eu tenho que fazer.

UOL - Até que ponto você participa da pré-produção de "A Fazenda"?
Britto Jr -
"A Fazenda" começa a ser pré-produzida muito antes. A terceira edição terminou em 21 de dezembro [de 2010] e no final de janeiro de 2011, a equipe de produção voltou a trabalhar. Nós temos três meses de programa, mas não podemos em hipótese alguma fazer uma edição igual as anteriores. E isso é simples, a diferença tem que existir para surpreender o público, e principalmente os “peões”. O participante que será convocado, se ele pegar uma gravação de "A Fazenda 1" ou de "A Fazenda 3", não vai adiantar nada, pois tudo será novo, inclusive as provas que serão totalmente diferentes do que já se viu até hoje no programa. Nós temos que surpreendê-los, a criatividade é fundamental. E mais, outra coisa, que para mim é a mais complicada é a escalação do elenco. A produção vai, mexe, revira, busca, até chegar no elenco ideal.

  • Thiago Bernardes/UOL

    O apresentador Britto Jr durante entrevista concedida no salão de jogos do condomínio onde vive com a mulher e o filho, na zona sul de São Paulo (18/5/2011)

UOL - Você participa do processo seletivo? Indica nomes de participantes?
Britto Jr -
Eu não participo deste momento, embora algumas vezes a direção do programa, me pergunte o que eu acho deste ou daquele. E eu sempre falo: "Ah, legal!" Eu nunca vou dizer que não é bom. Eu sempre vou assinar embaixo do que a direção faz com relação aos nomes. Eu não posso criar nenhuma preferência ou antipatia, eu tenho que encarar esses participantes com total isenção, imparcialidade. Não fica bem para o apresentador sugerir nomes, nem internamente. Eu não gosto, e faço questão de não estar neste processo.

UOL - Das três edições de "A Fazenda", qual você mais gostou?
Britto Jr -
Eu gostei de todas. A primeira porque foi a primeira, nunca ninguém tinha feito isso por aqui. Todo mundo saiu do zero, eu acho que marcou por causa dos conflitos, encrencas. Foi muito bom. A segunda começou em uma data muito próxima da primeira, em um intervalo de três meses apenas, e foi feita na época do Natal e Ano Novo. A imprensa caiu matando, falando que a audiência havia sido menor. Não foi menor para nós, foi menor para todos e nesta data não tem nem como não ser. Foi proporcional, você tem que olhar pelo “share” e por esse ângulo a audiência foi ótima. Foi boa também porque teve outra característica, não houveram brigas físicas, as brigas foram mais intelectuais, mais de provocação. Na terceira edição nós tivemos as duas coisas, quase agressão física e muitas alfinetadas. Não que a gente torça para isso acontecer, mas depois que acontece todo mundo fica ligado no programa querendo ver o desfecho. Faz parte do jogo.

Na terceira nós jogamos fora o manual. Nós tivemos mais liberdade e conseguimos fazer um trabalho legal.

Britto Jr, apresentador

UOL - Mas não teve uma que você tenha gostado mais?
Britto Jr -
Eu acho que a terceira edição foi a melhor, porque finalmente nós jogamos fora o manual de instruções. Na primeira a gente tinha um manual, e não é que existe uma tecla ON/OFF e a gente vai lá e muda. A gente tinha que ter cuidado. Na segunda, a gente ia lá, "olhava o manual" e tal, e continuava. Na terceira nós jogamos fora esse manual. Nós tivemos mais liberdade e conseguimos fazer um trabalho legal. Na quarta edição, nós não só vamos jogar o manual fora, como também criar novas regras e itens que possam agregar ao programa.

  • Thiago Bernardes/UOL

    Britto Jr, apresentador do reality show "A Fazenda, da Record, conta que gosta de ler e jogar futebol quando tem um tempo livre (18/5/2011)

UOL - E quais serão as novidades da quarta edição de "A Fazenda"?
Britto Jr -
Não tenho o dia exato, mas será em julho. A outra coisa é que será em HD e isso é uma coisa muito legal, são 47 câmeras, ou mais pois há câmeras para se acrescentar. Com isso, a qualidade da imagem é muito melhor, e por isso a maquiagem deste que vos fala tem que ser muito bem feita (risos). Com relação aos participantes eu não posso dizer nada. Sobre as provas, te digo que serão diferentes, e olha que fizemos muitas. Teremos provas inéditas. Teremos uma dinâmica que vai surpreender o público e os participantes. Vai ser uma encrenca. Para os participantes sobreviverem no jogo vai ser complicado.

UOL - Para você, qual foi o participantes mais polêmico?
Britto Jr -
O mais polêmico até hoje, e eu digo isso não apenas pela situação que ele provocou, mas também pelo que eu ouço, percebo nas ruas... O símbolo do "auto descobrimento” é o Theo Becker. Ele diz que encenou, mas acho que não foi isso não. Ele teve foi é reações de coisas que não soube como lidar, que não imaginou que fossem acontecer. Mas tivemos outros do tipo, como por exemplo nesta terceira edição, o Tico Santa Cruz que deu chilique, surtou, foi lá e brigou, e o Dudu [Pelizzari] que entrou no processo, brigou com o Tico. Aliás, acho que até hoje ele têm aí uma coisa não resolvida. Na segunda tivemos o Igor Cotrim, que "choraaaaaaaaava", "provocaaaaaaaaaaava" os outros. Mas acho que se a gente pegar um para simbolizar, não tem como não ser o Théo Becker.

UOL - Você fez dieta, quantos quilos emagreceu? Por que você decidiu fazer?
Britto Jr -
Eu fiz a primeira temporada de "A Fazenda" e aí depois, quando já estava de férias resolvi olhar aos programas que tinha gravado e fiquei apavorado. Pensei: "Como eu posso ter engordado tanto?" Quando se trabalha em televisão, é preciso ter um pouco de preocupação com a estética. Eu fui engordando durante o programa. E bem neste tempo, eu que jogava futebol, tive que parar, pois tive um problema na panturrilha e aí engordei. Estava com 95 quilos e decidi ir a um médico. Resolvi o problema da panturrilha, comecei a fazer fisioterapia, voltei a fazer ginástica e jogar futebol. Só fazendo isso eu emagreci cinco quilos. Como eu gostaria de emagrecer mais, procurei uma nutróloga e pedi que ela me passasse uma dieta. E aí o que acontece é que quando você entra em uma dieta, você se empolga e começa a entrar em uma disputa com a balança e, quer emagrecer mais e mais. Você acaba não percebendo que passou dos limites. Eu concordo que estava muito magro, então comecei uma outra dieta para engordar e acho que estou no ponto ideal, posso até engordar mais um pouquinho.

Eu tenho orgulho de dizer que neste corpinho não entrou nenhum bisturi ainda.

Britto Jr, apresentador

UOL - Você é vaidoso? Você já fez alguma cirurgia plástica?
Britto Jr -
Eu tenho orgulho de dizer que neste corpinho não entrou nenhum bisturi ainda. Não no sentido só da plástica, mas mesmo de saúde, graças a Deus nunca precisei. Isso bom né? Significa que tenho tido uma vida saudável. Eu não sou um cara vaidoso, acho que você sendo uma pessoa pública, você tem que se apresentar bem, estar bem vestido, cabelo arrumado... Quem tem cabelo, é claro, o que não é o meu caso (risos). Isso faz parte do jogo. Eu sou adepto da ideia de que televisão não pode ser só beleza, tem que ter outros atributos, senão o mundo vai ser só dos belos? Por quê? (Risos)

UOL - O que você gosta de fazer quando tem um tempo livre?
Britto Jr -
Eu amo futebol, jogo futebol. Para você ter uma ideia, uma coisa que as pessoas também não sabem, meu pai como comentarista de futebol, e dos bons, ele está com 74 anos, ele faz isso desde que eu nasci... Todo dia eu e meu pai falamos pelo telefone, todo mês eu gasto uma grana de conta telefônica, porque eu faço um programa com ele. Vamos conversando tudo sobre futebol, dos times de lá, dos times daqui, da seleção... Fico em média uma hora por dia com ele na linha e o assunto predominante é o futebol, por isso eu digo que faço um programa com ele. Esses dias disse para ele que tínhamos que gravar essas conversas e vender. Ele leva na brincadeira... Mas, voltando, eu gosto muito de ler na internet, entro no UOL Carros e acho que tem umas coisas bem legais por lá. Gosto também de livros, agora estou lendo a biografia do Keith Richards e é muito boa. E gosto também de criar polêmicas internas, é esses um negócio de rebeldia que eu tenho. Não parece, não sou um cara rebelde, não um Dado Dolabella, um Theo Becker, mas eu tenho uma rebeldia interna.

UOL - Que tipo de rebeldias?
Britto Jr -
Ah, eu não gosto de desigualdade social. Por exemplo, essa história do metrô em Higienópolis. Isso me deixou com asco. Acho um absurdo. Uma cidade como São Paulo, na época em que a gente vive... Uma pessoa demonstrar esse tipo de preconceito é um absurdo. Acho importante que se discuta esse tipo de assunto, a partir de uma declaração como esta. Eu leio sobre tudo o que você imaginar que é polêmico e fico pensando, e algumas coisas eu levo para o Twitter e lanço para os meus seguidores. Eu criei um hábito de enxergar as coisas pelo outro lado, para ver como é. É um hábito bom que faz a gente pensar e refletir. É bom, mas às vezes você fica crítico demais e até minha mulher começa a reclamar comigo (risos). Eu sou um cara que não consegue fazer tudo do mesmo jeito por muito tempo, eu tenho necessidade de mudanças na minha vida, eu busco por isso.

  • Thiago Bernardes/UOL

    O apresentador Britto Jr defente a mescla de jornalismo e entretenimento nos programas de variedade (18/5/2011)

UOL - Você pretende continuar apresentando "A Fazenda"? Quais são seus planos profissionais?
Britto Jr -
Quando você se declarar realizado profissionalmente então é porque você tem que se aposentar. Eu acho que a gente tem que estar sempre buscando alguma coisa. E, essa alguma coisa vem de acordo com as oportunidades que estão surgindo, e no meu caso, com a necessidade da emissora, no caso a Record. Você tem que estar preparado para aquilo que eles precisam. Eu sou um cara que gosta de fazer coisas diferentes. Porém, você precisa dar um tempo para a coisa ser natural. Hoje vamos para a quarta edição de "A Fazenda" e eu não sei mais por quanto tempo vamos ter, espero que tenhamos muitas edições. Talvez um dia eu diga que já deu, que eu já tenha aprendido, e queira aprender outras coisas. Mas hoje eu digo que esse momento ainda não chegou e eu tenho outras coisas para aprender.

UOL - Mas você quer fazer outras coisas além de "A Fazenda"?
Britto Jr -
Sim, não quero continuar fazendo só "A Fazenda". Eu quero depois desta quarta edição de "A Fazenda" conversar sobre outros projetos na Record. Eu tenho projetos pessoais, ideias, a emissora também tem ideias e acho que precisamos fazer outras coisas em paralelo, entre uma e outra edição do reality. Sempre em comum acordo com a emissora, de acordo com as necessidades da emissora.

UOL - E outros projetos?
Britto Jr -
Estou com uma coisa nova aí, já montando, mas ainda não finalizada, que é uma palestra que estou desenvolvendo sobre a versatilidade na TV. Acho que a gente não pode guardar tudo o que a gente aprendeu, acho que é bom compartilhar, mostrar, ensinar. E é isso que estou fazendo com essa palestra, mesmo porque existe uma troca, né? Você também pode aprender com as pessoas. Como eu quero essa palestra 100% alinhada, eu ainda estou fechando os detalhes, mas já estou treinando, executando-a em alguns lugares que o pessoal está me chamando para fazer. A ideia é debater também sobre o que está, atualmente, acontecendo na televisão, essa integração com novas mídias e maior participação do público.

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