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11/05/2011 - 07h05

No ar em "Batendo Ponto", Stênio Garcia relembra quase seis décadas de carreira

PopTevê

Ao rever a trajetória de Stênio Garcia fica a impressão de que não há nada que ele não possa fazer. Com 58 anos de carreira - 38 deles integralmente dedicados à Globo - o ator apareceu dando um salto já na novela "Que Rei Sou Eu?", interpretando as várias faces do diabo em "Hoje É Dia de Maria" e dirigindo caminhões na série "Carga Pesada", que ficou no ar de 1979 a 1981 e voltou em 2003 até 2007. Mas não ser marcado por apenas um personagem não foi uma questão de sorte, e sim, de dedicação.

"Quando termino uma novela, que é um processo de trabalho que esgota a sua informação, a sua expressão, leio no mínimo cinco livros. Além disso, busco cursos que me esvaziem daquele personagem", ensina ele, que para interpretar o engraçado Nestor, seu personagem atual em "Batendo Ponto", fez oficinas de palhaço com Márcio Libar. "O elenco é lotado de feras como o Pedro Paulo Rangel e o Luis Miranda. Fiquei receoso de não conseguir fazer rir como eles. Então, fui estudar."

Apesar dos 78 anos, Stênio continua disposto e aplicado. O ator corre 50 minutos todos os dias, faz pilates, ioga e meditação. Tudo para sua profissão. "Odeio lugar comum. Gosto de coisas que me tirem do eixo. Acredito que o ator tem de ser uma massa de modelar e deve estar preparado para qualquer papel", afirma.

Para interpretar Bino, seu personagem na série "Carga Pesada" e um de seus maiores sucesso na TV, não foi diferente. O ator habilitou-se para dirigir caminhão e se inseriu no meio dos profissionais da área. "Fagundes diz que é melhor ninguém me dar um personagem que não tenha braço. Porque é capaz de eu cortar o meu", lembra, se referindo a Antônio Fagundes, com quem fez dobradinha na produção das duas temporadas.

A série voltou ao ar depois de 22 anos fora do ar por insistência da própria dupla de protagonistas. Stênio e Fagundes começaram a fazer uma campanha na mídia e nos bastidores da Globo para que o seriado voltasse para grade de programação. "A nossa relação com esse público é forte. Nós compramos as dificuldades, os sentimentos e as denúncias desses caras", explica Stênio.

Formado no Conservatório Nacional de Teatro, em São Paulo, Stênio engrenou os estudos com uma bolsa de estágio no Teatro Cacilda Becker e logo foi convidado para fazer parte do grupo da renomada atriz. Depois disso ainda integrou a última fase do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) ao lado de Gianfrancesco Guarnieri, Leonardo Villar, Mauro Mendonça, o diretor Antunes Filho, entre outros.

"Tive a oportunidade de variações muito grandes na TV justamente por causa da minha vasta formação no teatro. Foram tempos em que mudamos muitas coisas", lembra saudoso. Uma das portas abertas pela geração, formada também por Lima Duarte e Juca de Oliveira, foi a de ter galãs com perfil brasileiro na teledramaturgia. "Eram todos louros com os olhos verdes. Parecidos com os mocinhos americanos", lembra.

Para conquistar esse espaço, os atores aproveitavam as reuniões de uma das células do Partido Comunista para se apresentarem como galãs e assim receberiam as críticas dos jovens militantes. "Fomos captando as coisas e conseguimos dar a cara de brasileiro ao herói nacional", explica.

Com a vasta experiência e tantos anos na profissão, Stênio ainda espera ser desafiado pela carreira. O ator quer dirigir peças teatrais e também pretende escrever. "Já tive a experiência de dirigir na TV Excelsior e estou sempre escrevendo. Mas cogito algo mais profissional nos bastidores", garante, ao citar a emissora em que fez seus primeiros trabalhos. Apesar dos planos e da longa perspectiva, o ator assume as limitações da idade. "Daqui a pouco é claro que não vou poder mais fazer um super-homem", brinca.  

(Por Manu Moreira)

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