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21/04/2011 - 07h00

"Não interessava se era socialista, branco, negro, jovem ou velho, eles torturavam e matavam da mesma maneira", relembra José Dirceu

MARINA VERGUEIRO
Colaboração para o UOL
  • Tiago Santiago, José Dirceu e Reynaldo Boury

    Tiago Santiago, José Dirceu e Reynaldo Boury

No capítulo de “Amor e Revolução” desta quarta-feira (20), o SBT exibiu uma parte do depoimento de 70 minutos que ex-ministro José Dirceu concedeu ao dramaturgo Tiago Santiago e ao diretor Reynaldo Boury sobre a perseguição que sofreu durante a ditadura militar.  “Os jovens que lutaram contra a ditadura e morreram -- foram assassinados ou estão desaparecidos -- a única coisa que eles tinham era a vida e eles deram isso pelo Brasil, pela liberdade”,  afirma Santiago.

Líder estudantil, José Dirceu foi preso pela ditadura militar em 1968, em Ibiúna-SP, quando tentava realizar ao lado de 800 filiados o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). No ano seguinte, foi deportado ao México ao ser trocado – junto com outros catorze presos políticos – pela libertação do embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado pelo MR-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro), cujo um dos líderes era o ex-deputado federal Fernando Gabeira.

“[Para os militares] não interessava se era da luta armada, socialista liberal, branco, negro, jovem ou velho, se era de uma nacionalidade ou outra, eles torturavam e matavam da mesma maneira”, relembra o ex-ministro, embora tenha frisado que os estudantes presos em Ibiúna não sofreram tortura devido à intensa cobertura da imprensa, que coibiu os militares.

Para o autor de “Amor e Revolução” Tiago Santiago, o que mais o impressionou do depoimento de Dirceu foi o relato do período em que o ex-ministro voltou ao Brasil na clandestinidade, em 1971, e participou do grupo Milipo (Movimento de Libertação Popular), dizimado pelo governo militar. “O José Dirceu é um sobrevivente porque todos do grupo foram mortos pela ditadura, menos ele e mais dois”, lembra Santiago. “A experiência de ter todos os amigos de um movimento assassinados é uma coisa muito terrível. Me impressionou demais a brutalidade da repressão”. Segundo ele, outras partes das declarações de José Dirceu serão exibidas ao longo da trama que estreou no início de abril.

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