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04/10/2010 - 16h46

"Boardwalk Empire" se confirma como o grande acontecimento da temporada televisiva nos EUA

ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL, de Los Angeles
  • Cena da série Boardwalk Empire - O Império do Contrabando da HBO que será exibida no país agora no segundo semestre

    Cena da série "Boardwalk Empire - O Império do Contrabando" da HBO que será exibida no país agora no segundo semestre

Em sua segunda semana no ar nos Estados Unidos, "Boardwalk Empire", a série da HBO sobre Atlantic City, a “Las Vegas do Atlântico”, durante os anos 1920, já é o grande acontecimento da temporada televisiva. Produzida por Martin Scorsese (que também dirigiu o piloto), Mark Wahlberg e Steve Levinson e escrita por Terency Winter ("Família Soprano"), "Boardwalk Empire" obteve a maior audiência de qualquer estréia da HBO: 4.8 milhões de espectadores nos EUA. E já está com sua segunda temporada encomendada, coisa rara nestes tempos em que estúdios e emissoras estão fugindo do risco, e outras séries aclamadas pela crítica – como "Lone Star", da Fox, e "My Generation", da ABC – foram cancelados em seu segundo episódio.

“Vamos levar a história para 1921”, diz Winter num café da manhã em Nova York. “ Eu tinha um vago plano geral para o arco histórico da série, da Lei Seca em 1920 ao crash da bolsa em 1929. Mas quando planejei esta trajetória eu ainda não sabia quanto tempo de vida a série teria. Agora, posso ousar pensar num plano a médio prazo.”

"Boardwalk Empire" começou com um capítulo do livro homônimo de Nelson Johnson, um ex-funcionário da prefeitura de Atlantic City interessado no passado de sua cidade, especialmente a misteriosa figura de Enoch “Nucky” Johnson, tesoureiro do município nos anos 1920 e responsável pelo astronômico crescimento de Atlantic City durante a época da lei seca. “O mais interessante é o quanto não se sabe sobre ele”, diz Winter. “Durante 40 anos ele foi a pessoa mais influente e poderosa da cidade, e conseguiu se manter em segredo. Obviamente ele tinha muito o que esconder – com um salário de funcionário público ele jamais conseguiria viver em um andar inteiro do hotel Ritz Carlton, ou ter um carro com motorista, ou usar os casacos de pele que usava.”

Complementando o material do livro com pesquisa própria, Winter, contratado por Wahlberg e Levinson, criou o mundo de "Boardwalk Empire", povoado por personagens verdadeiros – Al Capone, Lucky Luciano – e fictícios, todos girando em torno de uma versão imaginada de Nucky, rebatizado Nucky Thompson e vivido brilhantemente por Steve Buscemi. “Tenho simpatia por ele”, diz Buscemi. “Como ator, não se pode antagonizar um personagem. Mas ele é naturalmente interessante. Há muita coisa se passando no mundo interior de Nucky que vai além de suas ligações com gângsters e políticos. É um prazer para um ator poder ir revelando aos poucos a verdadeira natureza de um personagem. E, é claro, trabalhar com Marty, que entende atores como poucos.”

Marty, é claro, é Martin Scorsese, o produtor de "Boardwalk Empire" e, nas palavras de Winter, “a força criativa atrás de cada pequeno detalhe” da série. Curiosamente, a empolgação de Scorsese com Boardwalk Empire demorou a chegar – quando Mark Wahlberg lhe propôs o projeto, durante as filmagens de "Os Infiltrados", Scorsese respondeu que não tinha “o menor interesse” em trabalhar com TV porque não era “a sua”. “Mark foi muito insistente”, diz Winter. “Ainda bem, porque não vejo nenhuma outra pessoa que poderia compreender este material como Marty. E. para mim, foi um sonho realizado. Uma das razões pelas quais me tornei roteirista foi ter visto "Taxi Driver" quando eu era adolescente. Mudou minha vida para sempre.”

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