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24/08/2010 - 20h32

Vida do publicitário Don Draper vira do avesso na quarta temporada de "Mad Men"

ANA MARIA BAHIANA
Especial de Los Angeles
  • Don Draper (Jon Hamm) no 3º episódio da 4ª temporada de Mad Men (2010)

    Don Draper (Jon Hamm) no 3º episódio da 4ª temporada de "Mad Men" (2010)

O mundo de Don Draper está expandindo e explodindo ao mesmo tempo. Sua nova agência é um sucesso, embora ainda em território financeiramente instável. Sua fama como o criativo mais quente de Madison Avenue está no auge, mas sua vida familiar é um caos –a ex-mulher Betty mora com o novo marido e os filhos na casa que ele comprou nos subúrbios de Nova York, enquanto ele toma porres e paga prostitutas num apartamento de sala e quarto no West Village de Manhattan. O elevador é automático, há mais mulheres entre criativos e mídias, o departamento de TV aumentou e as campanhas agora empregam “focus groups” e pesquisas de mercado. E Peggy Olsen fuma maconha e ganha um beijo de uma lésbica numa festa no clima da Factory de Andy Warhol.

Estamos em 1965 e “Mad Men”, a premiada e cultíssima série criada por Matthew Weiner, entra em sua quarta temporada (estreou nos Estados Unidos em 25 de julho) explorando os primeiros sinais da era em que tudo mudou e o século 20 saiu das sombras das duas grandes guerras para trilhar novos caminhos. Para a produção, isso representou novos cenários no gigantesco estúdio 4 do complexo LA Center Studios, no centro de Los Angeles: a agência ganhou novas cores, novo logotipo e painéis pop-art; ao lado do set que contem a “casa” da família Draper há agora o apartamento de Don, em tons de verde escuro e marrom. A série também ganhou novos diretores, inclusive John Slattery, o ator que vive Roger Sterling e que se desincumbiu bravamente da direção de dois episódios. “É um trabalho infernal, mas muito gratificante”, Slattery diz. “Eu sempre quis dirigir, e depois de prestar atenção no trabalho dos diretores durante um bom tempo, Mat (Weiner) me deixou assumir o comando dos episódios 4 e 12. Mas com este elenco e este texto, não tenho como errar…”

  • Divulgação

    Henry Francis (Christopher Stanley) e Betty Francis (January Jones) em "Mad Men" (2010)

Para os principais integrantes desse elenco, Jon Hamm (Don Draper) e January Jones (Betty Francis, ex-Draper) a jornada de seus personagens e do mundo que habitam trouxe novos desafios. “Don está passando por um verdadeiro abalo sísmico”, diz Hamm, na sala privada de exibição do LA Center, aguardando sua chamada para figurino e maquiagem. “Sua vida foi virada pelo avesso, não apenas do ponto de vista profissional, mas também pessoal e emocional. Este aspecto sobretudo é muito desconfortável para ele –e por isso talvez ele tenha se lançado com tanto apetite na tarefa de criar a nova agência, para não ter que pensar muito no desastre que é sua vida pessoal. Na minha visão, Don é uma pessoa profundamente infeliz.”

De jeans, camisa branca e maquiagem discreta (“não tenho que trabalhar hoje”), January Jones diz que levou um susto a primeira vez que recebeu um roteiro com o nome do seu personagem como “Betty Francis”. “A verdade é que todos nós criamos laços fortes com esses personagens”, ela elabora. “Eles se tornam pessoas de verdade para nós, e de certa forma acompanhamos suas vidas, torcemos por eles. Ver Betty não mais como Draper, mas como Francis me deixou um pouco perturbada, no início.”

Como Hamm, Jones vê em sua Betty os sinais de uma vida em dramática transição: “Betty ainda não sabe quem ela é. Está tentando, mais uma vez, ser o que os outros esperam dela –no caso, agora, a mulher de um político. Mas está repetindo os mesmos comportamentos e os mesmos erros do tempo em que era Betty Draper. Ela está fazendo um esforço tremendo para ser contente e feliz. Não deveria ser tão difícil…”

A busca da felicidade em tempos de mudança é um tema que tanto Hamm quanto Jones vêem na jornada de seus personagens nesta temporada. “Betty cresceu ouvindo que bastava ter um marido e uma casa para ser feliz, e acabou de descobrir que não é bem assim”, diz Jones. “Ela está perdida, mas, acho, não por muito tempo.“

“Don inventou para si mesmo um personagem, e esse personagem acreditava que, seguindo as regras, tudo seria sol e arco-íris,” Hamm comenta. “Na verdade ele atingiu um enorme sucesso, mas também não é mais o jovem garanhão que vimos no início da série. O que não sei ainda é se ele tem a coragem necessária para realmente olhar para si mesmo.”

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