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16/08/2010 - 07h00

Laura Linney vive doente terminal em nova série de comédia

ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL, de Los Angeles
  • Os atores Gabourey Sidibe (esq.), Laura Linney e John Benjamin Hickey, de The Big C

    Os atores Gabourey Sidibe (esq.), Laura Linney e John Benjamin Hickey, de "The Big C"

O que você faria se soubesse que tem apenas mais um ano de vida? A ideia, já explorada no cinema , é o tema central de uma nova série da Showtime, “The Big C”, que estreia hoje nos EUA. A muitas vezes indicada e premiada Laura Linney (Emmy, SAG e Globo de Ouro pela minissérie “John Adams”, indicada ao Oscar por “The Savages”) é a estrela e a produtora executiva, responsável por levar adiante, apresentar à Showtime e fechar o acordo para o primeiro pacote de 13 episódios. Um gesto generoso, considerando que “The Big C” foi criada por uma colega, a atriz Darlene Hunt, cuja carreira de pequenos papéis levou a uma escolha pelo trabalho como roteirista.

Linney é Cathy Jamison, uma mulher de meia idade ocupada com as banalidades de uma vida de classe média nos subúrbios de Minneapolis, no meio oeste norte-americano (representada por Stamford, Connecticut, onde a série está sendo filmada, perto da casa de Linney). O marido (Oliver Platt) que derramou vinho no precioso sofá recém comprado. O filho adolescente (Gabriel Basso) e os surtos normais da idade. A vizinha carrancuda e seu cachorro chato (Phyllis Sommerville). A rotina do trabalho como professora de ginásio, onde a maior fonte de desafios é uma adolescente rebelde (a oscarizada Gabourey Sidibe de “Preciosa”).

Trailer da série "The Big C" (em inglês)

Uma visita de rotina ao médico (Reid Scott) muda tudo –Cathy tem o Big C, câncer, em estágio terminal, e, mesmo com tratamento agressivo, sua expectativa é de um ano de vida, no máximo.

De repente a piscina se torna fundamental. “Em Minneapolis os verões são tão curtos”, ela diz enigmaticamente ao novo mestre de obras, contratado em regime de urgência, não importa o custo. O sofá vira uma bobagem, mas a relação com o marido exige uma reviravolta radical. As malcriações do filho desaparecem, se tornam risíveis, Cathy tem um acesso de paixão pelo garoto, cancela o campo de férias, quer vê-lo todo dia. A vizinha merece ser abordada diretamente, a aluna rebelde ganha uma conversa sem rodeios. Jantando num restaurante chique com o marido que tenta seduzi-la novamente, Cathy pede apenas “sobremesa e álcool”. E Sean (John Benjamin Hickey), o irmão doidão que vive na rua por opção, protestando contra a sociedade de consumo, torna-se de novo, como na infância, seu maior amigo e aliado.

Tudo isso seria mais ou menos previsível dentro de uma trama assim, não fosse o grande achado de, pelo menos, os primeiros episódios de “The Big C” apenas Cathy e seu médico sabem o que se passa. Pessoa conservadora, certinha, que detesta comoções e tumultos, Cathy não consegue achar um modo de dizer à sua família e amigos o que está se passando. Prefere ser tomada por doida a abalar a vida dos outros com sua tragédia –“você está ficando malucona de novo, irmãzinha”, lhe diz Sean, satisfeito; “você não sabe o quanto”, Cathy responde.

Linney é uma força da natureza como Cathy, num desempenho em que o mundo interior da personagem diz uma coisa, e seu comportamento, outra bastante diferente. Um sólido elenco de apoio completa o universo de “The Big C”, e Bill Condon, dirigindo o primeiro episódio, dá o tom da série –uma comédia dramática que, no fim, não é sobre a morte, mas sobre a força irresistível da vida.

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