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08/07/2010 - 08h04

Na nova temporada de "Hung", o bem-dotado Ray recomeça "só com a cabecinha"

ANA MARIA BAHIANA
Do UOL, em Los Angeles

Divulgação

Ray Drecker (Thomas Jane) entre Tanya Skagle (Jane Adams, à esq.) e Lenore (Rebecca Creskoff), no episódio "Just the Tip", na segunda temporada de "Hung" (jun/2010)

Ray Drecker, professor do ginásio e treinador devotado de um time de beisebol cronicamente perdedor vê sua vida desabar completamente. Sua mulher, Jessica, está tendo um caso com seu dermatologista. Cortes no orçamento da escola vão colocá-lo na rua ao final do ano letivo. Quando ele, finalmente, se muda para a casa dos pais, um incêndio destrói o que resta do imóvel, Ray atinge o fundo do proverbial poço. Como reconstruir sua vida?

Um encontro casual num seminário desses “mude seu destino!” leva a um caso frustrado, mas a uma inusitada possibilidade: Tanya, moça com seu próprio acervo de problemas, vê no muito bem-dotado Ray o sonho de toda mulher em busca de satisfação sexual informal, discreta e sem compromisso. Em breve, Ray e Tanya são uma empresa, Happiness Consultants; ou, em linguagem clara, ele é um prostituto e ela, uma cafetina.

Esta é premissa de "Hung" (palavra que tanto quer dizer “bem dotado” quanto “sem saída”), a série da HBO que acaba de chegar à segunda temporada, com estreia marcada no Brasil para dia 11 de julho. Criada em 2008 pelo casal de roteiristas Colette Burson e Dmitry Lipkin, "Hung" estreou nos EUA em junho de 2009, com Thomas Jane como Ray, Jane Adams como Tanya, Anne Heche como a ex-mulher Jessica e a canção “I’ll Be Your Man”, do The Black Keys, como tema.

A aclamação crítica veio imediatamente, a partir do piloto dirigido por Alexander Payne: no limite para uma possível pornochanchada, "Hung" era uma exploração dos dilemas da maturidade e das definições de papéis sociais de homens e mulheres. O sexo era farto e sem culpa, mas também não era solução para a dependência emocional de Tanya com sua mãe, grande figura literária; nem o bilhete de Ray para uma nova plataforma existencial, onde respeito e realização fossem mais abundantes.

Mas "Hung" não foi o sucesso de audiência que a HBO esperava –e que, no mesmo ano, ela atingiu com outra série supersexy, "True Blood". Durante algum tempo, especulou-se que Burson e Lipkin não conseguiriam a tão ambicionada renovação de sua série para uma segunda temporada. Mas para um canal como a HBO, prestígio é um elemento importante -e a primeira temporada de "Hung" foi indicada tanto para os Globos de Ouro quanto para os prêmios da Writers Guild.

No penúltimo domingo (27), "Hung" recomeçou nos Estados Unidos com "Only the Tip" (Só a Cabecinha), cujo título é exatamente o que parece -a relutância de Ray em fazer o “serviço completo” com uma cliente grávida. Não porque a gravidez o intimide ou repulse, muito pelo contrário –porque a cliente grávida traz uma carga emocional imensa, relembrando os primeiros anos do seu casamento com Jessica, então grávida dos gêmeos que, hoje, são adolescentes góticos de lancinante lucidez.

No "front" da cafetina Tanya, os temas são os mesmos da primeira temporada: como achar seu poder pessoal, afirmar-se? Lenore, uma consultora que Tanya usou como referência para expandir sua empresa, está se tornando de fato a cafetina-líder, levando a uma série notável de cenas em que Tanya busca conselhos no nível mais básico e realista possível –com um cafetão de rua numa vizinhança suspeita.

É interessante que o tema do bem-dotado como elemento não de riso rasgado mas de exploração pessoal esteja se firmando na dramaturgia da TV americana: estreou em maio, na MTV, a série "The Hard Times of RJ Berger", com a mesma pegada, embora bem mais leve. O herói é um adolescente hipernerd e extremamente impopular na escola, até que um acidente na quadra de basquete revela sua extraordinária pujança física. Ao contrário de "Hung", "Hard Times" está alcançando boa audiência –e a crítica também está gostando.


"HUNG" - 2ª temporada
Quando: domingo, 11 de julho
Onde: HBO, às 23h05

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