Werner Schünemann se empenha na construção do torpe Saulo, de "Passione"

Atuar é sinônimo de prazer na vida de Werner Schünemann. Desde de que decidiu ser ator, ele não poupa dedicação para ter o melhor desempenho. Por isso, é com muita intensidade que o ator discursa sobre a profissão. "Trabalho sempre de forma apaixonada. Não sou um ator com piloto automático. Me entrego aos personagens. Adoro estudá-los", declara. A nova paixão de Werner é o vilão Saulo Gouveia, de "Passione", da Globo. O ator vem construindo o personagem desde o final do ano passado e o defende, mesmo sabendo das maldades e da ambição sem limites do filho mais velho de Bete, papel de Fernanda Montenegro. "Saulo é absolutamente sincero quanto às suas intenções, ele não é traiçoeiro. Antes de fazer as maldades, ele avisa. Não pega ninguém de surpresa", explica, bem-humorado.

Na trama --escrita por Sílvio de Abreu e dirigida por Denise Saraceni-- Saulo é um "cinquentão", repleto de ressentimentos, que vive uma relação conflituosa com a mãe e um casamento fracassado com Stela, personagem de Maitê Proença. O convívio familiar é um dos pontos que mais chamaram a atenção de Werner na hora de definir a linha de atuação. "O Saulo é um adolescente que não amadureceu. Ele quer ter reconhecimento, pois se sente rejeitado por todos. É um bebê chorão, que não gosta de ser contrariado", define.

Personagens com características densas são comuns na carreira deste gaúcho de 51 anos. "Sempre me chamam para fazer o vilão, o sofredor. Isso acontece desde quando comecei", relembra. A carreira foi iniciada no teatro, nos anos 80. Mas se consolidou mesmo no cinema, onde Werner foi além da atuação e trabalhou como diretor e produtor. A estreia na TV aconteceu de forma natural, embora tardia para um ator com a sua experiência. Porém, o sucesso de Bento Gonçalves --personagem da minissérie "A Casa das Sete Mulheres", exibida pela Rede Globo em 2003-- foi marcante e fez o ator se entusiasmar com o veículo. "Me sinto em casa quando estou no set de gravação. Eu gosto da espera, do ensaio, de ter de repetir as cenas buscando o melhor. Isso tudo me agrada. Gosto do modo como se faz tevê", avalia.

É o seu segundo trabalho com o Sílvio de Abreu. Como surgiu o convite para trabalhar em "Passione"?

O Sílvio foi supervisor de texto da novela "Eterna Magia" e já existia uma vontade mútua de trabalharmos juntos em um texto dele. Ele criou o personagem para mim e isso é ótimo para um ator. Admiro muito a estratégia dramática que ele propõe. Adoro o nome da novela, sou passional e preciso estar envolvido para fazer um bom trabalho.

Saulo é um dos grandes vilões da trama. Já deu para perceber a reação do público?

As pessoas que tem falado comigo estão apoiando as atitudes dele. Todos estão meio surpresos com a falta de afeto da mãe. Mas isso vai passar. A ideia é que Saulo faça muitas maldades. A Bete está apenas cuidado dos bens. Essa é a proposta da novela.

Sua carreira na TV é repleta de personagens de destaque. Qual o mais relevante para você?

Eu gosto muito do Bento Gonçalves. Foi um grande papel, pois representa o meu início na TV e ainda existe uma identificação com a história. A minissérie foi criada a partir do filme "Netto Perde a sua Alma", que eu tinha feito em 2001. Foi o tipo de trabalho que não tinha como dizer não. O convite do Jaime Monjardim veio na hora certa. Eu queria fazer televisão e queria um bom personagem.

Você já atuou ao lado grandes atores como Aracy Balabanian e Lília Cabral. Com quem ainda deseja trabalhar?

Cláudia Raia e Patrícia Pillar. Pensei nas duas porque foram o principais nomes da novela "A Favorita". São duas atrizes fortes e contundentes. Queria fazer uma comédia carregada com os sotaques que a Cláudia inventa. E um drama com a densidade e aquele olhar penetrante e cheio de mistério da Patrícia. Também não trabalhei com o Lima Duarte e seria muito bom.

(por Geraldo Bessa)

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