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04/06/2010 - 20h22

"Sou abençoado por ter tido o privilégio de viver Henrique 8º", diz galã de "The Tudors"

ANA MARIA BAHIANA
Colaboração para o UOL
  • Divulgação

    Nesta temporada, Meyers vive os anos finais de Henrique 8º, a partir da execução de Katherine Howard, e do casamento, aos 52 anos, com sua sexta e última esposa, Catherine Parr

Bebendo chá gelado e fumando num canto do jardim de um hotel em Beverly Hills, Jonathan Rhys Meyers não tem absolutamente nada em comum com Henrique 8º, o personagem que solidificou e expandiu sua carreira. Esguio, jovem, simpático, Meyers deplora seu próprio vício “eu sei que não deveria estar fumando, mas sinceramente há coisas piores na vida “ e antecipa as delícias da Copa do Mundo, que pretende seguir “fielmente”. “Sou extremamente grato a esta oportunidade”, diz a respeito da série "The Tudors", que chega agora à sua quarta e última temporada. “É o sonho de todo ator poder mergulhar profundamente em um personagem, acompanhar todo o arco de sua vida, sua trajetória pessoal. É um luxo que apenas um projeto como este pode oferecer, e sou absolutamente abençoado por ter tido este privilégio.”

Escolhido em 2006 entre dezenas de jovens atores para viver um dos mais famosos e controvertidos monarcas da história, o irlandês começou seu trabalho em "The Tudors" aos 29 anos, interpretando um Henrique 8º, de 18 anos, recém-coroado, impetuoso, explosivo e sexualmente voraz. Nesta derradeira temporada Meyers, aos 33, vive os anos finais de Henrique, a partir da execução de Katherine Howard e do casamento, aos 52 anos, com sua sexta e última esposa, Catherine Parr. A instabilidade emocional de sua juventude permanece, agravada pela deterioração de sua saúde --a teoria atual é que Henrique sofria de diabetes tipo 2, desconhecida e sem tratamento em sua época-- e a noção de poder absoluto que é a marca de seu reinado.

Para a transformação física, Meyers pediu aos criadores da série (o roteirista Michael Hirst e o produtor/diretor Ciaran Donnelly) que fossem evitados ao máximo os efeitos digitais e mesmo prostéticos. “Ficaria artificial e dificultaria, para mim, o acesso ao personagem”, Meyers explica. “Acabamos utilizando prostéticos apenas no rosto, e ficaram excelentes, supernaturais. Para o corpo trabalhamos exclusivamente com roupas, com o corte e o modo de vestir, para criar a ilusão de maior massa corporal". O passo seguinte foi encontrar a voz do Henrique 8º maduro. “ Comecei trabalhando minha respiração, respirando mais lentamente, e procurando um registro mais grave, mais áspero. À medida em que a doença avança eu trabalhei ainda mais a respiração para criar essa noção de dificuldade, de luta interior.”

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    Para a transformação física, Meyers pediu aos criadores da série que fossem evitados os efeitos digitais

Psicologicamente, Meyers se viu fazendo um balanço emocional e existencial do homem e do monarca. “Ninguém pode dizer que compreende uma pessoa que viveu há séculos e deixou uma marca tão imensa na história. Mas creio que tive a oportunidade de estar perto dele. Ele era uma pessoa de fato extraordinária. Fisicamente ele era enorme para a época --tinha cerca de um metro e oitenta enquanto a maioria das pessoas no século 16 não passava de metro e meio-- e usava isso como manifestação de seu poder interior, seus apetites e suas paixões. Ele atemorizava as pessoas com a presença, com a voz e sabia muito bem disso. Era impulsivo, temperamental e autoritário ao extremo mas, ao mesmo tempo, incrivelmente generoso. Ele podia fazer a pessoa se sentir o máximo apenas por dar a ela toda a sua atenção e proteção. Era como estar acolhido pela asa de um dragão e não há lugar mais confortável do que sob a asa de um dragão”.

E quanto ao lado "Barba Azul" de Henrique 8º? Como Meyers --que há seis anos namora Reena Hammer, herdeira do império de spas Urban Sactuary-- entendeu a insconstância, muitas vezes mortal, de seu ilustre personagem? “Acredito que, de um modo muito, muito estranho, ele amou todas as suas mulheres. Cada uma quis dizer algo diferente para ele, em momentos diferentes de sua vida. Katherine Howard foi obviamente sua crise de meia idade, a Ferrarri conversível dos 50 anos, Catherine Parr foi a escolha da maturidade. Mas ele obviamente era um homem emocionalmente torturado, repleto de problemas desde a infância, conflituado com o pai, ressentido de ter sido empurrado para o trono na adolescência. E com certeza capaz de uma voracidade sexual formidável, da qual ele nunca abriu mão.”

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