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27/05/2010 - 07h30

Taumaturgo Ferreira comemora seu primeiro papel como bêbado em "Ribeirão do Tempo"


PopTevê

Em 30 anos de carreira, Taumaturgo Ferreira se acostumou a ser escalado para interpretar malandros urbanos e amalucados na televisão. Nesse tempo todo de estrada, porém, este paulistano de 54 anos nunca teve a chance de encarnar um tipo que sempre lhe agradou: o bêbado. É por conta disso que ele anda tão empolgado com Querêncio, cachaceiro de Ribeirão do Tempo, cidade fictícia que dá nome à nova novela da Record. "Estou muito feliz com o Querêncio. Ele é um tipo de papel que nunca tinha feito, mas que gosto de fazer. É um personagem muito engraçado, muito maluco", derrete-se.

Apesar de ser o "bebum-mor" da pequena cidade, o ator garante que seu personagem não ficará enrolando a língua o tempo inteiro. Segundo ele, o público vai perceber quando Querêncio não está sóbrio, apenas observando o seu dia a dia. "Estou tendo um cuidado com isso para não ficar repetitivo para quem assistir a novela todo dia", conta. Taumaturgo frisa, ainda, que o foco do personagem não será o problema do alcoolismo. Ele garante que Marcílio Moraes, autor da novela, não quer retratar a questão de uma forma "politicamente correta". Pelo contrário.

O ator garante que, diferentemente de muitas novelas que seguiram essa linha, Marcílio vai dar um tom muito mais leve e divertido ao personagem. "A participação do Querêncio vai ser sempre voltada para o humor. Porque apesar de viver no botequim tomando cachaça, ele é boa praça", justifica ele, acrescentando que a filha de Querêncio, Filomena, interpretada por Liliana Castro, é quem vai cuidar dos porres do pai na história. "Na verdade, ele que é o filho. Afinal, é ela que vai sustentar a casa, que vai puxar orelha dele, entre outras coisas", adianta, aos risos.

  • Jorge Rodrigues Jorge/CZN

    Ator se acostumou a ser escalado para interpretar malandros na TV

Muitos atores afirmam que é mais difícil interpretar bêbados, já que eles podem descambar para a caricatura. Você concorda com isso?

Você não precisa ficar fazendo uma caricatura de bêbado para mostrar que o personagem bebe. Se você pegar o ator que fez o filme "O Segredo de Seus Olhos", o que é o amigo do protagonista, ele está bêbado o tempo inteiro. Mas ele está normal, não anda capengando, não fala trançado. E o Querêncio é assim: é um personagem que é para ser leve, que as crianças têm de gostar, a família tem de gostar. Não é um bêbado baixo-astral. É um trapalhão, engraçado, um "maluquete". Até porque, a novela é uma sátira, é irônica, é comédia. Não tem por que se aprofundar no drama, no "merchandising social".

Na novela, seu personagem é pai de uma jovem de vinte e poucos anos. Como você encara o fato de ter envelhecido?

Já fui pai em outras novelas. Inclusive quando comecei na TV Bandeirantes, e tinha 20 anos, fui pai do Mateus Carrieri em "Os Imigrantes - Terceira Geração". Eu e a Lilia Cabral éramos pais dele. Mas é claro que tinha uma maquiagem envelhecida, um cabelo branco e tal. E durou poucos capítulos. Era uma passagem de tempo. O que acho mais curioso é que os pais que faço na televisão são sempre irresponsáveis.
O Nelito que fiz em "Celebridade", por exemplo, tinha dois filhos. Só que ele nem dava bola para eles. Ele estava preocupado com o ego dele, com a carreira dele... Enfim, sempre faço o pai "maluquete". (risos)

Mas a que você atribui isso?

À minha carreira, ao meu tipo físico, ao meu "physique du rôle". Enfim, aos papéis que faço, para os quais as pessoas sempre me escalam para fazer. Então quando me escalam para fazer pai nunca é um pai responsável, sério. É sempre aquele pai que é mais filho do que o filho. E é o mesmo caso agora, com o Querêncio.

(por Carla Neves)

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