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12/03/2010 - 00h10

Carmo Dalla Vecchia defende a morte de seu personagem em "Cama de Gato"

PopTevê

Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias.

Carmo Dalla Vecchia, o Alcino de "Cama de Gato"

É dura a rotina enfrentada por Carmo Dalla Vecchia na pele do desventurado Alcino de "Cama de Gato". Desde que a trama estreou, a lista de infelicidades inclui, entre outros, a descoberta de uma doença terminal; a suposta morte do melhor amigo depois de um trote bolado pelo próprio Alcino; o encontro com uma filha que, na verdade, não era sua; a paixão por Rose, de Camila Pitanga, que não lhe dá a mínima. "Adoro fazer drama. Acho que é um canal que eu atinjo com uma certa facilidade. Existe uma teoria de que o homem não sofre, ou não expõe isso. Mas não tenho essa vergonha e isso me ajuda bastante", garante o ator de 39 anos.

O drama tem um peso ainda maior na trama. Diagnosticado logo no início da novela com uma doença incurável que o levaria à morte em pouco tempo, Alcino tem desde então um prazo de validade incerto e que, para ele, não pode ser ignorado. "Acho que seria uma traição com o personagem não matá-lo depois de tanto desmaio", defende ele, apesar dos muitos pedidos nas ruas para que o empresário não morra. "Não sou o autor, mas imagino que não dá para chegar agora e dizer 'ah,descobrimos: não era um tumor, era uma espinha na testa!', e ele se salvar", brinca.

A composição de um homem que busca a serenidade para enfrentar o fim iminente da própria vida passou pela orientação religiosa de Carmo. Budista há 12 anos, ele buscou inspiração na filosofia de transformação da energia negativa para encontrar o tom de Alcino. "A relação dele com a morte tem muito a ver com o budismo. Ele descobre a morte e decide que quer fazer a diferença na vida. A amizade é um dos mais belos princípios humanos e ele escolhe transformar a vida do Gustavo", analisa ele.

O exercício da aceitação, aliás, será muito bem-vindo nos próximos capítulos da novela das seis. O empresário sofrerá mais um revés: depois de uma gravidez problemática, Débora –filha "postiça" de Alcino, vivida por Guta Gonçalves–, vai morrer após dar à luz uma menina. "O drama é um gênero que curto. Me divirto fazendo. Às vezes, quando faço muitas cenas seguidas, saio com uma dorzinha de cabeça", admite. "É muito bom fazer um personagem e sentir que você entrou um pouco no fluxo daquela energia da história que você está contando."
 

Perito em choradeira
Experiência na arte de chorar não falta a Carmo, graças ao tempo que passou na Argentina para gravar a quinta temporada de "Chiquititas". A novela infantil, produzida em parceria pelo SBT e o canal argentino Telefe, foi uma experiência e tanto. "Ela tinha esse apelo. Lembro que teve um momento em que o personagem doava o rim para uma menina, por exemplo. Aí fazia 18 cenas chorando, uma atrás da outra", relembra, destacando ainda a ausência de corte em meio à cena.

O recurso técnico, que permite a retomada da gravação a partir de qualquer ponto, é praxe no Brasil. Na produção de "Chiquititas", porém, o "cue" –como é conhecido– não era usado, o que obrigava os atores a voltar a cena do início se houvesse algum problema. "Para a gente, era muito árduo. Acho que, para quem morava lá e estava tão concentrada com esse trabalho, isso deu um domínio técnico grande", afirma.

(Por Louise Araujo)

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