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26/01/2010 - 00h10

Depois dos marginais no cinema, Michel Gomes comemora viver bom moço em "Viver a Vida"

PopTevê
  • Luiza Dantas/Carta Z Notícias

    Michel Gomes, que interpreta o romântico Paulo na novela "Viver a Vida"

Depois de viver delinquentes no cinema, como o Bené, de "Cidade de Deus" e o Sandro, de "Última Parada 174", Michel Gomes ficou eufórico ao saber que viveria o responsável e romântico Paulo em "Viver a Vida", da Globo. "Vinha fazendo só marginais no cinema. E ter a chance de fazer um menino educado, com uma família estruturada e uma condição financeira boa é uma revolução", comemora o ator, de 20 anos, que não disfarça o sorriso ao falar sobre o personagem. "Além de ser meu primeiro papel que foge desse lado do bandido, o Paulo também é a minha estreia na televisão."

Apesar de ser muito respeitado no cinema por sua performance como o menino de rua Sandro, na televisão, Michel não é conhecido. Tanto que precisou se esforçar bastante para conquistar o papel na trama de Manoel Carlos. "Fiz quatro ou cinco testes para o Paulo. E, a cada dia que fazia um, era como se fosse o primeiro", lembra ele, que não conteve a emoção ao ter certeza que seria o irmão da protagonista da novela do horário nobre da Globo. "Foi uma tremenda felicidade. Acho que é o sonho de qualquer ator", exagera.

Michel admite, porém, que em um primeiro momento, a felicidade por ter conseguido o papel se misturou ao medo de desperdiçar a chance, já que não tem familiaridade com a TV. "Mas quando vi que no meu núcleo também tinha mais gente começando, fiquei mais tranquilo", conta, referindo-se aos atores César Melo e Aparecida Petrowky, que interpretam, respectivamente, o Ronaldo e a Sandrinha. O que também motivou –e muito– o ator foi saber que Manoel Carlos tem por hábito apostar nos novos rostos e, por conseguinte, dar destaque às suas histórias dentro da trama. "O Manoel Carlos já revelou tanta gente boa nesse meio artístico, né?", indaga.

Nascido e criado na Vila Vintém, comunidade carente localizada na Zona Oeste do Rio, Michel teve o primeiro contato com o teatro na TVV –Talentos da Vila Vintém, companhia teatral fundada há quase 14 anos. "Infelizmente, muitas pessoas que moram em comunidades são invisíveis para a sociedade", lamenta, que entrou para o grupo aos 10 anos de idade e permanece nele até hoje. "A companhia é o meu lugar, foi lá onde tudo começou", argumenta.

Ter iniciado na TVV foi fundamental na trajetória de Michel. Foi por causa da companhia que ele teve acesso ao Nós do Cinema, projeto fundado pelo ator Gutti Fraga –que também idealizou o grupo de teatro Nós do Morro– para desenvolver o cinema em comunidades carentes. "Na época, fiz um teste e passei. E gostei demais, porque nunca tinha ganhado dinheiro na vida. Até porque, meus pais não tinham condições de me dar. Por isso, foi muito bom!'", recorda-se, admitindo que, a partir daí, não parou mais de atuar.

"Ali vi que estava no caminho certo, que era isso que queria para o resto da minha vida". Tamanha certeza para falar sobre futuro não é à toa: Michel considera a atuação o maior prazer de sua vida. "Amo o que faço. Outro dia, li uma pesquisa que dizia que no mundo, apenas 10% das pessoas trabalham com o que gostam. O restante trabalha por necessidade ou por dinheiro. Faço parte desse primeiro grupo. Não é um privilégio e tanto?".

 (Por Carla Neves)

 

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