Não é de hoje que Daniel Aguiar se interessa pela carreira artística. Embora tenha começado como modelo e conseguido seu primeiro papel na televisão há apenas três anos - o ator estreou como o protagonista Eduardo da novela "Alta Estação", da Record -, o interesse pela interpretação pode ser considerado uma herança genética.
Daniel, que hoje dá vida ao romântico Guto de "Bela, a Feia", é neto do ator Álvaro Aguiar, que atuou na primeira versão da novela "Selva de Pedra", exibida em 1972, na Globo. "Era algo que eu convivia de perto. Por isso que surgiu a vontade de estudar teatro quando eu era adolescente", relembra ele, que mesmo com a carreira de modelo já encaminhada, nunca perdeu a vontade de investir na atuação. "Até fui morar fora do país por conta dos trabalhos de moda, mas sempre tive dentro de mim a vontade de ser ator", conta ele, que chegou a desfilar para grifes internacionais como Valentino e Dolce & Gabanna.

O sucesso no mundo da moda, porém, tem seu preço. Para Daniel, o ator que começa a carreira nas passarelas sofre um certo preconceito. "Existe um estigma que quem é modelo não pode ser ator. Atuar é retratar a história de um personagem. Acho que posso fazer isso independentemente de ter sido modelo ou bombeiro", analisa. É na oportunidade de contracenar com atrizes mais experientes que Daniel tenta quebrar o estereótipo. "Estou aprendendo muito com elas. A Denise me mostra que a simplicidade traz mais verdade para a cena", revela o ator, que no folhetim de Giselle Joras interpreta um rapaz sonhador e apaixonado por uma mulher bem mais velha, vivida por Denise Del Vecchio.

Além de viver um romance platônico, o terceiro trabalho de Daniel na Record possui outras complexidades. Guto é um personagem que sofre rejeição da própria mãe, a falida Bárbara, interpretada por Ester Góes. "A mãe não dá importância para ele, mas mesmo assim ele a ama incondicionalmente", explica o ator, justificando o interesse do personagem em se relacionar com Vanda, uma mulher com o dobro da idade. "Ele procura uma mulher com características da mãe. Alguém mais velho preenche esse vazio", acrescenta Daniel, que não acredita em um final feliz para o casal, já que Vanda é uma mulher casada e a diferença de idade é um entrave.

Para compor o personagem, cheio de conflitos internos, o ator não foi muito longe. Daniel buscou as características do papel nas relações afetivas entre pais e filhos fora da ficção. "Tenho um amigo que passa por isso. A mãe o rejeita e implica com todas as namoradas que ele arranja", conta Daniel, que confessa ainda não ter encontrado explicação para esse amor incondicional entre mãe e filho. "Que amor é esse com uma mãe que maltrata, maltrata, mas o filho prefere não enxergar e continuar amando?", indaga ele, que só agora começou a entender a personalidade do personagem.

Aliás, é a evolução do papel com o desenrolar da trama que instiga Daniel a trabalhar na televisão. Ao contrário do teatro, no qual o ator se dedica à peça conhecendo a trajetória da história, em novelas as características vão sendo reveladas aos poucos. "Hoje sei mais sobre o personagem do que no início. É bem difícil lidar com isso, mas é muito interessante", ressalta ele, que por ter pouca experiência frente às câmeras está aprendendo mais sobre a profissão na prática. "Sinto um crescimento bom porque, até agora, fiz personagens bem diferentes", conta o ator que em seu trabalho anterior, "Caminhos do Coração", interpretou o vampiro Vlado, seu primeiro vilão.

(Por Natalia Palmeira)

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