A carreira de Mateus Solano anda muito bem, obrigado. Dono de uma trajetória sólida no teatro, o ator brasiliense era figura pouco conhecida na TV - veículo no qual seu maior destaque aconteceu na pele do Ligador, gaiato personagem criado por uma empresa de telefonia móvel para uma campanha publicitária. Isso mudou quando ele assumiu o posto de Ronaldo Bôscoli em "Maysa - Quando Fala o Coração", minissérie escrita por Manoel Carlos, e ganhou ainda mais força com a estreia de "Viver a Vida", em que ele interpreta os gêmeos Jorge e Miguel. "Minha primeira participação foi em 2003 e, depois, fui fazendo outras em minisséries, seriados e novelas. Mas nunca aprendi tanto sobre TV como agora", garante ele, que tem dedicado uma parte maciça de seus dias às gravações em dose dupla.
Donos de personalidades radicalmente diferentes, os irmãos têm exigido mais do que tempo do ator. Mateus conta que o convite para interpretá-los chegou a despertar nele um certo nervosismo e que, ainda hoje, fica atento à velocidade com que precisa passar de um personagem para o outro. "Faço, quase ao mesmo tempo, o cara que sacaneia e o sacaneado, o que pede desculpas e o que está magoado. Sempre dou uma olhada no espelho antes de entrar no estúdio para entender em que lugar estou", revela. O esforço, no entanto, tem surtido efeito: o nome do ator é um dos mais comentados da novela, o que se acumula às críticas positivas da imprensa. Tocar nesse assunto, porém, é apenas mais uma oportunidade para o ator mostrar um lado ponderado. "As críticas, positivas ou não, sempre me ajudaram a crescer. Costumo dizer que sempre aprendo: às vezes aprendo como fazer, outras como não fazer. Mas nunca desprezo nada que passa pela minha vida profissional", argumenta.

Parte do burburinho pode ser creditada ao fato de Mateus interpretar gêmeos - recurso dramático já explorado por diversos autores e que sempre causa curiosidade quanto ao desempenho do escalado. Mas, mesmo em meio a veteranos, o ator tem sustentado o interesse ao se mostrar um sopro de naturalidade em uma novela na qual muitos atores parecem mais preocupados em seguir milimetricamente o texto que recebem. "Acho que o objetivo de qualquer artista cênico é a procura pela verdade. Estou sempre tentando achar a minha verdade dentro da verdade do Manoel Carlos", destaca ele, discordando que o estilo do autor - conhecido por suas longas pensatas a respeito da vida - seja algo muito distante do cotidiano. "Não concordo que seus textos sejam 'pomposos', acho que oferecem naturalidade para o ator. Mas é claro que procuro o coloquial, algo mais próximo da nossa realidade. Fatalmente algum 'está' vai virar 'tá', ou 'nós' pode virar 'a gente' na minha boca", pondera.

Em breve, porém, os personagens devem chamar atenção por outros motivos, já que o brincalhão Miguel se verá em uma situação potencialmente polêmica ao se envolver com Luciana, a voluntariosa modelo vivida por Alinne Moraes. Cada vez mais próximo à jovem depois do acidente que a deixa tetraplégica, o médico se casará com a "ex-futura-cunhada". Mesmo sem adiantar muito sobre o envolvimento, Mateus revela que a união será daquelas de fazer suspirar os mais românticos. "A única coisa que posso dizer é que Miguel e Luciana devem viver um amor desses que a gente procura a vida toda. E o fato de ela estar em uma cadeira de rodas vem ressaltar a mensagem de superação da novela", conta ele, afirmando que não existe mais nada de certeza no que a união gerará de conflito com os familiares - e, principalmente, com o irmão Jorge. "Realmente ainda não sei o que vai acontecer. E acho isso um barato! Ir descobrindo a vida dos meus personagens enquanto eles estão vivendo, e não saber de tudo", empolga-se.

(Por Louise Araujo) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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