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13/11/2009 - 05h40

Segunda temporada de "Ó Paí, Ó" traz novos personagens e aborda tabus

PopTevê
Esse ano não vai ser igual àquele que passou no cortiço que serve de cenário para "Ó Paí, Ó". O seriado, cuja primeira temporada foi ao ar entre outubro e dezembro de 2008, volta à grade da Globo a partir desta sexta-feira, 13, colocando seus personagens em situações um tanto diferentes daquelas que viveram em tempos idos. "Na temporada anterior, a gente deixou algumas pontas sem pensar e acabamos aproveitando, como o Queixão, do Matheus Nachtergaele, que virava evangélico. Pensamos, vamos fazer dele um evangélico hipócrita, um malandro travestido", exemplifica Guel Arraes, que assina o roteiro ao lado do casal João e Adriana Falcão, que integram o grupo de autores no lugar de Jorge Furtado. Foi o caso, também, de Dandara - papel de Alice Nepomuceno, a jovem não existia na peça teatral que deu origem ao longa e ao seriado. "A gente gostou o resultado. Começou menor, funcionou bem e, agora, está do tamanho dos outros personagens", observa o autor.
  • Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

    Os atores Lázaro Ramos e Matheus Nachtergaele, protagonistas da série "Ó Paí, Ó"


Mas uma das mudanças mais perceptíveis talvez seja a de Roque, protagonista vivido por Lázaro Ramos. O personagem, até então apresentado como politizado e extremamente correto, vai dar suas "escorregadas" no próprio código de ética. "Acho que a personalidade dele não mudou: mudaram as experiências e as oportunidades que apareceram. O Roque se vê em situações em que ele tem de reagir de alguma maneira e, na hora, dá uma 'vacilada básica'. Mas, no final, ele volta a ser o cara comprometido com seus valores", defende o ator, que também encarnou o personagem no cinema. Uma das situações citadas por ele será o envolvimento entre Roque e Patrícia, amiga de infância do cantor, que se tornou empresária musical. Para alavancar a carreira dele, a loura, interpretada por Luana Piovanni, começa um jogo de sedução. "Foi uma delícia participar das gravações, ainda mais na Bahia, que é um lugar lindo", derrete-se a atriz, que já havia contracenado com Lázaro no longa "O Homem que Copiava".

O clima de "revisão de conceitos" também paira sobre as tramas paralelas. O travesti Yolanda e a lésbica Neuzão - vividos, respectivamente, por Lyu Arisson e Tânia Toko - dão seguimento ao sonho de criar uma família e, no lugar de adotarem uma criança, decidem engravidar. "Estamos abordando o assunto de maneira aberta. Não é velado: se tiver de beijar, beija; se tiver de transar, transa. Estamos fazendo ficção, mas tirando uma fatia do real. E essa é uma realidade", valoriza Tânia. O que não significa que o tema, raro na tevê e com potencial para causar desconforto em parte do público, será tratado com severidade. Segundo Guel, utilizar o viés da comédia é uma maneira de quebrar possíveis tensões. "O programa é uma comédia muito exacerbada, então tem esse tom quase que de farsa que ajuda muito", pondera.

Outra diferença está no esquema de gravação dos episódios. Entre agosto e setembro deste ano, equipe e atores ocuparam o Pelourinho e seu entorno de maneira bem mais "orgânica" do que na temporada anterior - quando se optou por fechar parte das ruas e vielas utilizadas como cenário. "Fizemos isso para não prejudicar o comércio e o cotidiano dos moradores. Acho que, com isso, conseguimos uma convivência mais tranquila. O pessoal é ótimo, tem uma paciência danada com a gente. Mas, mesmo assim, a gente atrapalha bastante", brinca Monique Gardenberg, diretora geral do seriado. Com isso, o material que será levado ao ar terá interferências dos ruídos naturais de um centro urbano, sem exageros. "Os microfones captam a voz dos atores de uma maneira bastante direcionada. Então, o barulho do que está longe está longe mesmo. Não precisamos limpar o som", explica a diretora.

(por Louise Araujo)

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