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18/10/2009 - 04h21

"Prefiro mostrar o Herivelto na humanidade do que ser igual a ele", diz Fábio Assunção sobre personagem

PopTevê
O papel do cantor e compositor Herivelto Martins caiu como uma luva para Fábio Assunção. O ator, que irá protagonizar "Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor" - título da minissérie que a Globo estreia em janeiro -, não pensou duas vezes na hora de aceitar o projeto.
  • Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

    Os atores Fábio Assunção e Maria Fernanda Cândido em cena da minissérie


"O Herivelto veio a mim como uma flecha. É uma questão de afinidade com o trabalho e com as pessoas que estão envolvidas nele", explica ele, que também recebeu, no mesmo período, propostas para fazer dois filmes, duas peças, além de duas minisséries. Longe da tevê desde que saiu da novela "Negócio da China" para se internar em uma clínica de reabilitação - da qual teve alta em abril -, o ator não enxerga o novo trabalho como o marco de seu retorno à tevê. "Não voltei, continuo minha trajetória. Estamos todos indo para algum lugar", filosofa Fábio, que irá contracenar com Adriana Esteves e Maria Fernanda Cândido, que vivem, respectivamente, Dalva e Lurdes.

Escrita por Maria Adelaide Amaral e dirigida por Dennis Carvalho, a produção de cinco capítulos conta a história de dois grandes nomes da música brasileira, permeada por uma conturbada relação de amor e ódio. "O casamento da Dalva e do Herivelto se misturava com o lado profissional e resultava nessa coisa de 'tapas e beijos'", analisa. No que diz respeito aos filhos, o artista não se mostrava muito afetuoso, mas encontrou em Lurdes um amor que durou 40 anos. "O que pegava no Herivelto era o universo familiar. Na minha opinião, ele só encontrou o equilíbrio com a Lurdes", acredita Fábio, que teve acesso a inúmeras letras, vídeos e pertences do cantor.

Para entender melhor o universo do músico, Fábio recolheu informações dos oito filhos de Herivelto - um deles é apenas de Lurdes, mas foi criado pelo cantor. Porém, como cada um trouxe dados diferentes e até mesmo contraditórios sobre o pai, o ator resolveu colocar sua própria visão em cima da composição. "Não quer dizer que seja a verdade, mas sim a minha percepção", pondera ele, que foi à casa de Yaçanã Martins, uma das filhas de Herivelto. Lá, Fábio viu de perto uma carta que o compositor escreveu em um papel de pão para Lurdes, na fase em que estava tentando conquistá-la. O ator ficou tão encantado que pediu para que o documento fosse incluído na minissérie. "Achei a carta linda. Eles se comunicavam muito por telegrama e cartas. Era uma época que tinha essa poesia", admira.

Além do convívio com os familiares de Herivelto, Fábio teve de se submeter a algumas mudanças no visual. Tudo porque ele interpreta o cantor dos 24 aos 60 anos. "Abri duas entradas no cabelo. Estou avisando para não pensarem que são minhas", brinca ele, que também está com um bigode peculiar e enchimentos. "Estou comendo muito chocolate. Aproveito esse personagem para relaxar", entrega. Para completar a caracterização, Fábio usa a cópia de um colar de Herivelto e um anel no dedo mindinho que pertenceu ao compositor.

No quesito música, o ator está mais do que interado. Fábio, que vai tocar e cantar de verdade na minissérie, está tendo aulas de violão com Alfredo Del Penho e de voz com Ester Elias. "Vou cantar porque o Herivelto não era extremamente afinado. Então, não preciso ter essa preocupação", conta ele, que começou a preparação em julho. Interpretar um personagem histórico tem lá suas dificuldades. Ainda mais quando se trata de alguém que morreu há apenas 17 anos. "O Herivelto está muito fresco na memória das pessoas que gostam da música dele. Por isso, fico preso a algumas referências", ressalta. Mas para Fábio isso não é um problema, já que ele se considera um ator intuitivo. "Sinto-me artificial se começo a fazer composições e trejeitos. Prefiro mostrar o Herivelto na humanidade do que ser igual a ele", destaca.

(Luana Borges)

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