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23/09/2009 - 00h55

"Não tem problema o cara ser um pouco galinha", defende Thiago Lacerda, que faz um aventureiro em "Viver a Vida"

PopTevê
É possível levar uma vida leve, sem amarras, obrigações nem grandes responsabilidades. Manoel Carlos pretende mostrar isso através de Bruno, personagem de Thiago Lacerda em "Viver a Vida". E, pelo visto, o ator de 31 anos comprou a ideia. Prova disso é o notório brilho nos olhos de Thiago ao falar do personagem.
  • Jorge Rodrigues Jorge / Carta Z Notícias

    "Não me arrependo das minhas escolhas, mas adoraria ter tido as chances desse personagem", diz o ator sobre a liberdade de Bruno em "Viver a Vida"

O ator, que já acumula 12 anos de carreira, é casado com a atriz Vanessa Lóes e tem um filho, Gael, de dois anos, confessa que, caso não tivesse assumido obrigações tão cedo, talvez seguisse um caminho parecido com o do personagem. "Aos 19 anos, embarquei numa onda de responsabilidade muito grande. Aos 21, tinha um vínculo forte com meu trabalho e levava tudo muito a sério. Mas se tivesse sido diferente, eu faria o que ele fez. Não me arrependo das minhas escolhas, mas adoraria ter tido as chances desse personagem", diz, com farto sorriso.

Na história, a escolha básica de Bruno é a liberdade. Desde o estilo de vida, sem lugar fixo para morar - ele viaja o mundo inteiro trabalhando como fotógrafo -, até seus relacionamentos amorosos, o jovem não se prende. "Ele exala descompromisso, uma liberdade assustadora. Mas não é um moleque, é um cara maduro que joga absolutamente aberto. É claro o 'way of life' dele para todos que estão por perto", defende.

No início da trama, ele envolve-se com Anna, vivida por Natasha Haydtt. Depois, encanta-se por Luciana (Alinne Moraes), e mais tarde tem um romance com Helena, interpretada por Taís Araújo. Bonito e sedutor, o personagem promete conquistar muitos corações femininos ao longo da trama. "É legal falar disso porque no Brasil há um falso moralismo, uma tendência a acreditar que o cara só pode ter uma namorada. Essa verdade juvenil, de pessoas íntegras nesse sentido, é visto como canalhice. Eu não vejo assim, não julgo. É um estilo de vida", filosofa.

O Bruno é um mocinho meio às avessas. Você acredita que, como herói da novela das oito, ele terá força para quebrar paradigmas sociais?

Adoro fazer heróis. Eles fazem parte da minha referência ética e pessoal. Fiz muitos heróis nesses 12 anos de carreira. Mas acho importante surpreender as pessoas e ir por um caminho não tão limpinho. O Bruno tem tudo para ser o cheiroso, o certinho, o gente boa... Mas por que ele não pode ser um pouco calhorda? Na TV, os heróis costumam ser muito perfeitos, e acho que eles têm de ser humanos, assim como os vilões. É até chato. Não tem problema o cara ser um pouco galinha. As pessoas ficam com um discurso judaico-cristão ocidental cafona, ultrapassado...

Você ficou quase dois anos afastado da TV. Foi uma opção sua ou diminuíram os convites para novelas?

O Jayme me convidou para a novela quando ela ainda era uma ideia, há mais ou menos um ano. Ficar um tempo fora era um proposta que eu tinha para a emissora. Precisava descansar de tudo o que significa fazer TV - coletiva, publicidade... Precisava ficar fora do veículo, até para entender como as coisas funcionam. Meu desejo era tirar um ano sabático, mas não consegui. Durou quatro meses e já fui fazer a peça "Calígula", que esteve em cartaz em São Paulo. Posso dizer que voltei diferente, consolidei meu acúmulo de experiência, que me ajudou a pensar no que quero fazer pelos próximos dez anos.

E o que você quer fazer?

Coisas que me desafiem, que me digam alguma coisa. Não quero ter um personagem só para ocupar meu tempo, preencher agenda. Quero provocar questionamento, reflexão, risos e lágrimas nas pessoas. Acho que só fiz uma terça parte do que posso fazer. Me interessa romper alguns paradigmas, algumas fórmulas. Trabalhar fora de um certo moralismo, hipocrisia e caretice que vejo de vez em quando. Uma caretice de estética, de pensamento, de ideias, sabe? Por que o cara que fica com a mocinha não pode ficar com a irmã da mocinha? É perfeitamente possível! É o que me interessa na TV: discutir esses valores enraizados por um moralismo piegas da década de 50.

(Por Fabíola Tavernard)

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