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14/09/2009 - 18h49

Açúcar e pimenta explicam sucesso cult da série "Glee", da Fox

ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL, de Los Angeles
Para quem (como eu) jamais poderia prever que os musicais voltariam com tanta força, o enorme sucesso de "Glee", a nova série da Fox, serve como um belo argumento em contrário. "Glee" estreou dia 4 de setembro nos EUA (e teve pré-estreia no último domingo, 13, no Brasil), como parte do pacote anti-Obama da Fox, notoriamente de oposição. A rede recusou-se a transmitir o discurso do presidente na reabertura do Congresso, colocando, em seu lugar, a dobradinha "Do You Think You Can Dance" / primeiro episódio de "Glee". Sucesso total: "Glee" saiu com 7,3 milhões de espectadores, primeiro lugar na faixa etária que interessa aos anunciantes, 18 a 49 anos.
  • Divulgação/Fox

    Os astros da série "Glee", que estreou no Brasil neste último domingo (13) no canal Fox


E as quartas seguintes comprovaram o apelo da série --que é a prioridade de marketing da rede para a ultracompetitiva temporada de fim de ano nos EUA: os números continuaram os mesmos. Com a expansão do repertório da turma do Glee Club, da William McKinley High School, incluindo peças apimentadas de Salt 'n Pepa e Kanye West, blogs e mídia impressa prontamente acharam um novo jogo: que outras canções inusitadas os "cinco e meio, incluindo o aleijado" (palavra da terrível professora de educação física Sue Sylvester/Jane Lynch) vão interpretar nos próximos episódios?

É essa mistura de doce e insolente que explica o sucesso cult de "Glee", nos EUA, além da faixa exclusivamente teen que fez a fama de "High School Musical" e "Hannah Montana". O drama dos meninos do Glee Club pode se passar num ginásio, cenário clássico do entretenimento norte-americano, mas ele é visto mais como uma réplica em miniatura do mundo adulto, aqui fora. Em que outra série de cantoria teen os apetites sexuais, seus problemas e consequências seriam tão amplamente discutidos? Ou uma personagem (a mesma terrível Miss Sue, inimiga mortal do Glee Club) diria: "A melhor solução é a que empreguei com minha mãe idosa: eutanásia."

Esse bom tempero se deve ao criador e show runner de "Glee", Ryan Murphy, responsável por outro sucesso da Fox, a desaforada "Nip/Tuck". Certamente interessado em seguir o filão dos musicais juvenis, Murphy misturou no caldeirão elementos de uma outra série supercult, a excelente "Freaks and Geeks", que infelizmente durou apenas uma temporada, de 1999 a 2000. Assim, o Glee Club da McKinley High não é composto de estrelinhas talentosas, mas dos rejeitados e marginais da escola - a menina nariguda, o gay, o garoto na cadeira de rodas, a gordinha. O fato de esse grupo estar ganhando adeptos, com a oposição feroz das "certinhas" do time de cheerleaders, é o ponto certo de ebulição que explica a resposta entusiasmada a estas novas cantorias.



GLEE
Reprise do primeiro episódio na sexta-feira (18), às 22h na Fox. A série estreia no dia 4 de novembro, às 22h.

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