Para viver um personagem em estado terminal, Carmo Dalla Vecchia usou um "olhar" não muito comum para quem vê a morte se aproximar: o lado bom. No próximo folhetim das 18 horas da Globo, "Cama de Gato", o ator será Alcino, um homem que, depois de descobrir que está com uma doença terminal no cérebro, resolve fazer com que todos que estão a sua volta vivam melhor. "Em vez de se abater quando descobre que vai morrer, o Alcino tenta ajudar os outros antes desse dia chegar. Para conseguir ser convincente, estou tentando ver a morte como o personagem", conta ele, que usou o Budismo, religião que adotou há 12 anos, para ajudar nessa construção. "A filosofia principal do Budismo é que você seja feliz independentemente dos seus problemas. Todos nós vamos morrer um dia. Foi por aí que comecei minha composição", revela.
E, para conseguir fazer com que seu melhor amigo e sócio, o ganancioso Gustavo, de Marcos Palmeira, deixe de ser tão "apegado" ao dinheiro, Alcino vai usar um método, no mínimo, cruel: vai abandoná-lo no meio de um lugar deserto para que ele reflita sobre sua atual situação. "O personagem acaba 'armando' essa 'cama de gato' para seu amigo com o apoio da esposa de Gustavo. Mas acaba que ela aproveita a situação para dar um golpe no seu marido", adianta, se referindo à personagem de Paola Oliveira, Verônica. Além de tentar dar o golpe em Gustavo, também vai se envolver com Alcino, para conseguir a outra metade da empresa de perfume que os dois abriram juntos. "Vai acabar que, mesmo bem intencionado, ele vai colocar o amigo em uma 'roubada'. Gustavo vai acabar abandonado no deserto, como se tivesse morrido", conta.

A locação do deserto da trama de Duca Rachid e Thelma Guedes são os Lençóis Maranhenses. A equipe também gravou em Galinhos, no Rio Grande do Norte, e em Carolina, no Sul do Maranhão. Para as gravações, Carmo levou sua câmara digital profissional que comprou para ir ao Chile, lugar onde seriam gravadas as cenas de Gustavo perdido na floresta. Por conta da gripe A, a equipe acabou optando por gravar em território nacional. "Comprei a câmera por causa do meu personagem em 'A Favorita'. Essa foi minha maior herança do Zé Bob, o gosto pela fotografia", lembra ele que, na novela de João Emanuel Carneiro, interpretou o jornalista que fazia sucesso com as mulheres.

Por falar em "A Favorita", quando saiu do folhetim, Carmo já tinha planos: produzir e atuar na peça "Estranho Casal" que tem o texto de Neil Simon adaptado por Gilberto Braga. Mas, logo depois o ator recebeu o convite para atuar em "Cama de Gato", que tem estreia prevista para outubro. "A única solução é conciliar os dois. Ainda não consegui descansar depois de "A Favorita". Já fui direto ensaiar a peça, e logo depois comecei a gravar. Isso, ainda produzindo o espetáculo. Mas estou muito focado nos trabalhos, o que ajuda a dar certo", garante.

(Por Manu Reis)

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