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20/08/2009 - 00h39

Há nove anos interpretando Lineu, Marco Nanini aposta em projetos paralelos para fugir da rotina

PopTevê
Marco Nanini é um tímido declarado. A característica, no entanto, não impediu o ator de se tornar uma referência de talento dramático. A extensa carreira no teatro, no cinema e na televisão - além da Globo, ele também passou pela Band e pela extinta Tupi - tem garantido ao ator de 61 anos uma permanente lua de mel com o público, que há nove temporadas o vê na pele do ético Lineu Silva, o "paizão" de "A Grande Família". "O assédio é muito grande. É um programa que está há muito tempo no ar e a gente praticamente faz parte daquela família que você vê toda quinta-feira", pondera.
Para escapar da sensação de repetição depois de mais de 300 episódios vivendo o mesmo personagem, Marco diz que aposta nos projetos paralelos. "Isso é que dá dinamismo. Senão, ficaria realmente tudo muito rotineiro. E o grande problema é a rotina", reconhece ele, que já atuou em cinco peças desde 2001, quando estreou o "remake" do seriado. Atualmente, o trabalho "extra" atende pelo nome de "O Bem-Amado", filme inspirado no texto homônimo de Dias Gomes, com roteiro e direção de Guel Arraes.

Com previsão de estreia entre outubro e dezembro de 2009, o longa também deve migrar para a TV - fazendo o caminho inverso de outros trabalhos de Guel, como "Caramuru - A Invenção do Brasil" e "O Auto da Compadecida". "Futuramente deve sair do filme uma microssérie para a TV, acredito eu. A gente não pode afirmar com certeza, mas a ideia é essa", adianta.

Até o final do ano estreia "O Bem Amado", que surgiu depois de você ter montado a peça homônima. Você acha que o tema ainda é atual?
Existem muitos "Odoricos" no Brasil?


O Odorico Paraguaçu é um ícone, um fantasma emblemático, sei lá. É um vício que a gente tem de muito tempo. É impressionante. Esse personagem, de alguma maneira, sempre volta ao noticiário. Não sei se existe ainda esse coronel, mas o fantasma dele, a referência dele, está sempre presente. E o pior é que o Odorico é um anti-herói muito sedutor para o espectador. Ele cativa com seu carisma - ao mesmo tempo que faz coisas horrorosas, eticamente falando.

O seriado está no ar há quase uma década e continua com índices de audiência muito bons. A que você credita essa trajetória bem-sucedida?

Eu adoraria saber o segredo. Seria uma maravilha, porque aí tudo que eu fizesse daria certo. Mas, de qualquer maneira, o tempero é o bem-estar, o respeito, a alegria de toda a equipe de estar junta. Sem um bom convívio, não é possível fazer o trabalho nem por três dias. O estilo do programa também facilita, por serem sempre temas leves e engraçados. E, além de tudo, tem a resposta do público, que serve como combustível para a gente ir adiante.

Exatamente por conta do sucesso, em algum momento bate a sensação de que você vai fazer o Lineu para sempre?

Esse é um questionamento que está implícito, claro, mas aqui fica mais suave. A gente sabe que existem as férias, mas não só isso: todos fazemos outras coisas fora daqui. Se não fosse isso, seria mais difícil. E também tem o texto. Quando você acha que as coisas vão cair na mesmice, chega uma novidade. É um tipo de componente mágico que você não pode comprar no mercado. Acho que a gente tem tido essa sorte. O fator sorte, inevitavelmente, conta muito.

Mas você não se sente limitado, em termos de televisão?

Mais ou menos. Se não for uma família em "A Grande Família", vai ser uma família na novela das oito, das sete, ou no SBT, ou na Record, ou no cinema (risos). O tema principal das histórias é a família. Então, o importante é fazer outro tipo de trabalho, e isso todo mundo aqui faz.
Você tem de ter sempre na cabeça que o grande inimigo é a rotina e que você tem de driblá-la - senão, você vai ficando "bovino" e é cada vez mais difícil arrastar a carroça.

(Por Louise Araujo)

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