Guilherme Winter encontrou na própria trajetória de vida o que precisava para compor Otávio, jornalista idealista que interpreta em "Paraíso". Explica-se. Assim como o repórter carioca, que largou o Rio para tentar a vida na fictícia Paraíso, o jovem ator, nascido em São Paulo, também deixou para trás o curso de Desenho Industrial na Universidade Mackenzie para ir trabalhar na cenografia do teatro de um resort em Itaparica, na Bahia. Foi lá, inclusive, que o ator, de 29 anos, descobriu seu amor à interpretação. "Me identifico muito com o papel nesse sentido. Nós dois temos essa vontade de encontrar o caminho certo", compara ele, lembrando da época em que chegou ao Rio para estudar teatro. "Também era cheio de coragem e ideais", acrescenta.
Ao contrário de Otávio, contudo, Guilherme não contou com a companhia de um amigo na hora de "trocar o certo pelo duvidoso". Ou seja, diferentemente do personagem, que sempre conta com o apoio do inseparável amigo Ricardo, publicitário vivido por Guilherme Berenguer, o ator paulistano teve de encarar os altos e baixos da profissão de ator sozinho. Mas parece que se saiu bem. Basta dar uma breve olhada no seu currículo que, apesar de curto, é sólido. Prova disso é a sua participação como o professor de Geografia Tiago, em "Malhação". "Fiquei duas temporadas, dois anos, na novela. E foi um amadurecimento e tanto. Aprendi muito com os meus colegas de elenco, especialmente com o Daniel Boaventura", elogia.

Extremamente pé-no-chão, Guilherme admite que, desde que estreou na televisão como o lagarto voador Flu, de "Cobras & Lagartos", sua trajetória fluiu da melhor maneira possível. Até melhor do que ele imaginava. "As coisas têm acontecido para mim, o que me deixa muito feliz. Principalmente porque sei que a carreira de ator é tão dura", opina ele, que sempre teve vontade de trabalhar em uma novela escrita por Benedito Ruy Barbosa. "O texto dele é maravilhoso, dá espaço para todos os personagens. Sem falar que o clima da novela é leve, as gravações são ótimas", derrete-se.

Para Guilherme, o tal ambiente agradável de "Paraíso" não se deve apenas ao texto de Benedito, mas também aos seus companheiros de elenco, que estão sempre de bom humor e em ótima sintonia. Para a satisfação ainda maior do ator, seu principal colega de cena, Guilherme Berenguer, é o mais bem-humorado da turma. E, como se isso não bastasse, é seu amigo longe dos sets de gravação. "Nossa amizade facilita muito na hora de gravar", conta, lembrando que ficou mais próximo do xará depois que começou a atuar com ele na trama das seis. "Antes de 'Paraíso', a gente só se esbarrava por acaso nos lugares. Não nos conhecíamos. Apesar de eu já admirar o trabalho dele", relembra.

O que também facilitou o processo de construção de Guilherme foi o fato de ele já morar há cinco anos no Rio. É que, por se tratar de um carioca da gema, o jornalista teria de falar com naturalidade o "carioquês". "No início, quando soube que Otávio seria carioca, meu medo era que o sotaque dele ficasse forçado. Mas acho que está natural, né?", indaga, entre risos. Pelo menos nas ruas, Guilherme conta que o personagem está sendo muito bem aceito. "Estou muito feliz com o retorno positivo. Não só do público como também dos meus amigos, para os quais sempre pergunto como estou", orgulha-se.

A pouco mais de um mês do fim de "Paraíso", Guilherme não pensa em descansar. Isso porque ele está pensando em fazer teatro com um grupo de amigos. "Queremos montar alguma peça, mas ainda não temos o texto", conta ele, que não esconde sua torcida pelo sonhador Otávio. "Quero que ele consiga vencer, porque ele é um batalhador", conclui.

(Por Carla Neves)

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