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28/07/2009 - 01h34

Stênio Garcia ajuda a desmistificar a loucura com o excêntrico Dr. Castanho em "Caminho das Índias"

PopTevê
Stênio Garcia tem consciência da influência que a televisão exerce sobre o público. Não à toa, ficou radiante quando soube que, através do excêntrico Dr. Castanho, psiquiatra cheio de manias que vive em "Caminho das Índias", teria a chance de desmistificar a figura do louco na sociedade contemporânea e mostrar que a doença mental é mais comum do que se imagina.
  • Pedro Paulo Figueiredo / Carta Z Notícias

    Stênio Garcia desde 2007 emenda uma trama atrás da outra na Rede Globo

"É muito bom poder desvincular o preconceito que existe entre o psicopata e o louco. Afinal, a verdadeira função do ator é essa: informar às pessoas sobre as dificuldades que elas podem vir a enfrentar em determinados casos", acredita o veterano ator, que, para construir o médico que embarca na loucura dos seus pacientes, assistiu a 12 filmes e continua lendo cerca de seis livros sobre a loucura. "É uma responsabilidade e tento abordar a doença mental, que é tão sofrida, dramática e tensa para a família, para o doente, para todo mundo...", opina Stênio Garcia.

O ator exibe fluência ao falar sobre a doença mental, graças à experiência que teve no Instituto Municipal Nise da Silveira, localizado no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, antes de a trama estrear. Lá, ele foi apresentado à Terapia Ocupacional pelo psiquiatra Edmar Oliveira. Ele ensinou a Stênio que essa prática cria oportunidades para que as imagens do inconsciente encontrem formas de expressão através da pintura, da poesia ou da dança, entre outros.

"Assim que o conheci, falei: não vou tentar copiar a sua figura exatamente como é, mas quero que o Dr. Castanho tenha essa sua visão leve diante da doença mental", lembra Stênio, que, para conferir uma postura mais desprendida ao personagem, decidiu adotar um "look" descolado. "Sugeri uma série de detalhes para o visual do Castanho, como o brinco e os óculos, que foram feitos na Alemanha para não refletir luz e interferir nas gravações. Queria deixar uma cara mais oculta diante da doença", explica o ator.

Mas não é só com o visual que Stênio consegue "quebrar" o peso e o preconceito que giram em torno da esquizofrenia e das demais doenças mentais abordadas por seu personagem na história de Glória Perez. O ator acredita que o fato de o Dr. Castanho estar sempre se divertindo e dançando com os amigos e a namorada Suellen (Juliana Alves) na Gafieira Estudantina, no Centro do Rio, é outro fator que contribui para dar ainda mais leveza ao papel. "A Estudantina mostra um lado mais divertido da vida do personagem. E ele gostar de uma linda mulata como a Juliana também faz parte. Porque ela é uma mulher, como os homens dizem, para dez caminhões. Brinco com eles que tenho de fazer várias viagens", elogia, aos risos.

Há seis meses no ar como o renomado psiquiatra que ameniza a "desorganização" mental dos esquizofrênicos Tarso (Bruno Gagliasso) e Ademir (Sidney Santiago), Stênio conta que tem tido um retorno enorme de sua participação na novela. "Outro dia, recebi uma carta de um esquizofrênico que escreveu um livro e mandou para mim dizendo o seguinte: 'nesse livro, conto as minhas experiências, a minha vivência de esquizofrênico. Acho que pode ser útil'", orgulha-se ele, garantindo que a publicação tem contribuído imensamente para a composição do personagem. "Repasso as histórias para a Glória", conta ele, referindo-se à autora.

Visivelmente feliz com o andamento de seu personagem na trama e, principalmente, com o poder que ele exercita sobre os telespectadores, Stênio não se arrepende de ter emendado uma trama atrás da outra desde 2007. Primeiro, o ator, de 76 anos, deu vida ao Barreto em "Duas Caras" e depois ao Seu Jerônimo em "Ó Paí, Ó". "Às vezes, depois de um dia em que gravei das sete da manhã às oito da noite, dá preguiça de chegar em casa e ter de decorar as cenas do dia seguinte. Mas gosto muito do que faço e procuro fazer papéis diversificados para não me acomodar e enjoar", ensina, com um sorriso nos lábios.

(Por Carla Neves) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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