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09/07/2009 - 00h43

No ar em sua terceira novela rural, Alexandre Rodrigues não teme ficar marcado por papéis interioranos

PopTevê
Alexandre Rodrigues amadureceu. Em sua terceira novela rural na Globo, o ator interpreta o esperto Tóbi, no "remake" de Benedito Ruy Barbosa de "Paraíso". Com um jeito calmo e simples, ele até poderia ser confundido com um rapaz de interior. Mas o carioca, de 25 anos, tem muitas histórias para contar. E, apesar de só ter atuado em folhetins das seis, ele garante não ter receio de ficar marcado por papéis interioranos. "Não depende só de mim. Preciso ter o perfil para ser convidado para os personagens", admite.

ALEXANDRE RODRIGUES VIVE O TÓBI EM "PARAÍSO"

  • Luiza Dantas/CZN

    Ator está em sua terceira novela de Benedito Ruy Barbosa e atuou no filme "Cidade de Deus"

Desde 2004, quando fez sua estreia como o trabalhador Zaqueu em "Cabocla", outro "remake" de Benedito, o ator se sente "apadrinhado" pelo autor. "Para um iniciante, trabalhar ao lado de profissionais renomados é muito bom. Está tudo escrito e dá uma segurança maior na hora de encenar", avalia.

Para compor Tóbi, Alexandre aprendeu a viver com exageros. Isso porque, para interpretar o intrometido empregado da fazenda de Eleutério (Reginaldo Faria), ele teve que se desvencilhar de sua timidez. Mas ele diz buscar inspiração no dia a dia para fazer as cenas. "Tudo que eu leio, já incorporo no personagem. Decoro o texto em casa, e na hora de ensaiar, as sensações surgem de acordo com a cena", entrega.

Outro meio que Alexandre utilizou para dar mais veracidade ao papel foi pedir conselhos a Cosme dos Santos, ator que interpretou Tóbi na primeira versão de 1982. "O Cosme é naturalmente expansivo. Conversei bastante com ele para conseguir pegar o 'tom' que imaginava para o personagem", relembra o ator.

Alexandre começou sua carreira muito antes de sua primeira aparição na TV. Foi em 2002, com o sonhador Buscapé do longa "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, que ele teve o pontapé inicial na profissão. Alexandre credita os acontecimentos ao destino, já que nunca tinha feito planos para isso. "Fazia teatro na escola para passar o tempo", conta.

Depois de 10 anos "brincando" de interpretar, o ator foi chamado para participar do grupo "Nós do Cinema", um projeto voluntário fundado por Kátia Lung e Fernando Meirelles, que promove a inclusão social de jovens de comunidades carentes. "Morava no morro do Cantagalo e tive a oportunidade de fazer parte dessas oficinas. Depois de todos os testes, consegui o papel", gaba-se.

Mas foi em "Sinhá Moça", mais um "remake" de Benedito, que ele considera ter vivido seu papel mais intenso. Na pele do escravo Bentinho, Alexandre garante ter ficado muito abalado. "Ele tinha uma carga emocional muito grande. Trabalhar em uma trama onde o sofrimento foi real é um pouco desgastante", recorda. Ainda assim, ele afirma que não recusaria outro papel do mesmo gênero. "O mercado de atores negros está crescendo, e agora não tem mais um estereótipo de exclusão. De qualquer forma, muitos ainda têm preconceito em reviver temas como a escravidão", filosofa.

(por Ana Salles)

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