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12/06/2009 - 05h56

Malvino Salvador fala sobre a construção do "confuso" Gabriel de "Caras e Bocas"

PopTevê
Quando leu a sinopse de Gabriel, que interpreta em "Caras e Bocas", Malvino Salvador ficou confuso. O ator percebeu que o personagem, embora fosse o "herói" da história, carregava uma boa dose de frustração. Por vários motivos, aliás. Pelo grande amor de sua vida, Dafne, de Flávia Alessandra, que "perdeu" na juventude; por ter abandonado a promissora carreira de pintor, por problemas familiares... Enfim, o que não lhe faltavam eram amarguras.

MALVINO SALVADOR FALA DA EXPERIÊNCIA DE VIVER SEU 1º PROTAGONISTA

  • Pedro Paulo Figueiredo/CZN
Por outro lado, Malvino constatou que havia uma série de cenas em que o tom de humor predominava. Isso sem falar no jeito "grosseirão" do personagem, nada comum em protagonistas de folhetins, que tendem à tediosa perfeição. Foi quando ele decidiu guiar-se pela intuição e construir o papel sem pressa.

"Eu trabalho no risco. Arrisco e não me preocupo com críticas. Não quero ficar atado. Com isso vou entrando no eixo do personagem. Então eu ainda estou aprendendo, entendendo qual é o real universo dele", afirma o falante ator.

Na trama de Walcyr Carrasco, Gabriel teve de abdicar da carreira de pintor após a morte do pai, quando precisou, ainda muito jovem, tornar-se o "chefe" da família. Antes disso, ele perdeu a namorada em uma sucessão de mal-entendidos. Quando o rapaz viajou para a Europa a estudos, os dois não conseguiam se comunicar, já que as cartas que enviavam um ao outro eram propositalmente extraviadas. Anos depois, ele e Dafne se reencontram e ele descobre que ela teve uma filha sua, mas decidiu criá-la sozinha. Ou seja, o tal conto de fadas se transformou em um rolo só, onde os pombinhos terão de superar os obstáculos, impostos principalmente por Judith, vilã de Deborah Evelyn, que faz de tudo para atrapalhar sua felicidade. Isso sem falar em Laís, de Fernanda Machado, noiva de Gabriel que não desiste de levá-lo ao altar. "Ele era mais durão no início, mas quando reencontrou a Dafne, botou para fora um certo romantismo que havia nele", acredita.

Gabriel é o primeiro protagonista da carreira do ator. Mas desde que estreou na tevê, em "Cabocla", de 2004, como o rude Tobias, ele sempre esteve na "linha de frente" do elenco, com personagens com considerável força nas histórias. Logo em seguida ele fez sua primeira novela de Walcyr Carrasco, "Alma Gêmea", como o cozinheiro Vitório. "Foi minha chance de entender de comédia. Aprendi demais com esse papel... Até a cozinhar!", diverte-se. Depois, embarcou na vilania do enigmático Camilo, de "O Profeta", do mesmo autor. Emendou no lutador machista Régis de "Sete Pecados" - outra trama de Walcyr -, e mais recentemente interpretou o mulherengo Damião em "A Favorita".

"O protagonista tem responsabilidade de segurar a trama. Você tem de estar centrado, ter mais confiança nas suas possibilidades, mais experiência. Essa consciência eu tenho hoje, mas talvez não tivesse anos atrás", avalia.

Consciência que chega a ser curiosa ao se analisar a trajetória do manauara de 33 anos. Na fase em que normalmente decide-se "o que fazer da vida", Malvino foi para São Paulo trabalhar como modelo. O corpo malhado lhe rendeu um teste para a peça "Blue Jeans", de Wolf Maya.
Foi quando ele percebeu que a atuação teria de fazer parte de sua vida. "Fiquei três anos e meio batalhando. Estudava porque sabia que estava entrando com 25 anos num meio que não conhecia. Eu gostava de economia e política. Imagina! Eu assinava "Exame", não estudava arte. Não que eu não apreciasse um quadro... Mas não sabia nada", reconhece.

Ainda bastante interessado por assuntos sociais, aliás, Malvino está produzindo, ao lado de Eriberto Leão - o Zeca de "Paraíso" -, um documentário, inicialmente intitulado de "Aos Brasileiros". "O filme é amplo, vai abordar os aspectos positivos e negativos da sociedade brasileira contemporânea", adianta, enquanto fala com indignação das desigualdades sociais no Brasil e da abordagem da mídia de celebridades.
"A mídia está babaca, grotesca e sem compromisso com a verdade. Salvo as exceções, com o advento da internet, parece que a fofoca virou a principal referência de notícia. A mídia está contribuindo, na minha opinião, para emburrecer mais o povo. Essa é que é a verdade", desabafa.

(Por Fabíola Tavernard) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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