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16/04/2009 - 00h04

"Ser corrupto no Brasil é praticamente cultural", critica Murilo Benício

PopTevê
Em 16 anos de carreira, Murilo Benício nunca tinha tido a chance de encarnar um policial em papel de destaque na TV. Talvez por isso o ator exiba tanto entusiasmo ao discorrer sobre o honesto Tenente Wilson de "Força-Tarefa", série dirigida por José Alvarenga que estreia esta quinta na Globo. Na pele do braço-direito do Coronel Caetano (Milton Gonçalves), chefe da corregedoria da Polícia Militar - ou seja, a equipe de policiais que investiga e assegura a disciplina e a apuração dos desvios de conduta da corporação -, Murilo tem descoberto um mundo que desconhecia: o da "polícia da polícia". "O personagem me fez pensar muito em tudo que se tem de abrir mão para ser uma pessoa absolutamente honesta no Brasil", filosofa.

MURILO BENÍCIO VIVE SEU PRIMEIRO POLICIAL DE DESTAQUE NA TV

  • Divulgação/TV Globo
Apesar de já ter vivido bandidos em sua trajetória, Murilo confessa que cortou um dobrado para aprender a segurar a arma da maneira correta. "Descobri que não sabia segurar a arma como policial. No início, foi uma dificuldade para mim. Mas o elenco me ajudou muito", lembra ele, ressaltando que agora está se portando como um autêntico Tenente da Polícia Militar. Além da dificuldade inicial com o manejo da arma, Murilo também teve de enfrentar outro obstáculo: o cansaço. Afinal, mal se libertou do safado Dodi, de "A Favorita", e já engatou no íntegro Wilson de "Força-Tarefa". A rápida transição de uma produção para outra, contudo, não incomodou Murilo. Pelo contrário. Ele está visivelmente empolgado. "O time está bem escalado. Torço para que seja um sucesso", conclui.

P - Como você fez para desconstruir a imagem do Dodi?
R - Não sou o Dodi porque interpretei o Dodi por sete meses em "A Favorita". Sou o Murilo. Sou um ator livre para atuar de novo. E confio plenamente no José Alvarenga. Na realidade, estava pronto para entrar de férias. Mas venho com uma parceria antiga com o Zé, desde "A Justiceira", em 1997. Também vivi com ele aquela peregrinação com "Os Amadores", que ganhava tudo quanto era prêmio e nunca ia para o ar. Então o Zé é uma parceria que jamais recuso um trabalho.

P - "Força-Tarefa" aborda o dia-a-dia da corregedoria, uma equipe de policiais que tem como tarefa principal investigar os desvios de conduta da própria polícia. Você já tinha ouvido falar sobre esse grupo?
R - Não sabia nem que existia. Para mim foi algo meio assim?: "mas e aí? Como é que faço?". Eu e boa parte do elenco éramos completamente leigos em relação ao assunto. Então começamos a ouvir histórias para entender mais sobre esse universo que nunca tínhamos ouvido falar.

P - Qual foi, então, a opinião que você formou da polícia durante esse processo de conhecimento da corregedoria?
R - Vivemos em um país em que a corrupção vem da raiz, é algo histórico. Ser corrupto no Brasil é praticamente cultural. Por exemplo, tenho dois filhos que têm todos os jogos de computador imagináveis. E jamais comprei nada pirata para eles. É a minha forma de conscientização de ser um cidadão que tem esperança de que o Brasil melhore. Se 180 milhões de pessoas pensassem dessa forma, acho que o país seria bem melhor.

P - Você espera que o Tenente Wilson vire um personagem emblemático assim como virou o Capitão Nascimento, de "Tropa de Elite"?
R - Não. Acho que a pior coisa que se pode ter na vida é muita expectativa. A gente trabalha para que o seriado dê certo. Duvido que, em algum momento em "Tropa de Elite", as pessoas imaginassem que o Capitão Nascimento fosse estourar da maneira que estourou. Até porque, a história do filme é a mais inusitada do mundo. O "Tropa" ter sido pirateado, algo que é absolutamente reverso a tudo o que a gente quer, foi o que deu fama a ele. O futuro a gente nunca sabe. Só desejo que o sucesso seja de toda uma equipe, de toda a história do seriado. É a única expectativa que tenho.

(Por Carla Neves) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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