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06/02/2009 - 06h49

Beth Goulart lamenta personagens "repetidas" em novelas

PopTevê
Em pouco tempo de conversa, é fácil perceber a delicadeza que permeia os gestos e o comportamento de Beth Goulart. Por isso, chama ainda mais atenção o fato de que, tão polida e simpática, ela é o oposto das últimas personagens que tem feito na TV - como a problemática Leonora de "Três Irmãs". "Quando me deram a Leonora, eu pensei 'nossa, mas ela é tão parecida com a Neli'", relembra ela, mencionando a personagem que foi um dos destaques de "Paraíso Tropical". "E eu me considero uma atriz muito versátil. Às vezes, falta oportunidade para mostrar isso", lamenta.

BETH GOULART FALA DA FALTA DE OUSADIA NA TELEVISÃO

  • Luiza Dantas/ CZN
Na atual novela, a dona de casa teve uma trajetória que surpreendeu. Depois de passar boa parte da trama enganando Orlando - marido vivido por Tato Gabus Mendes - e de ter engravidado do prefeito Nélson, de Aloísio de Abreu, Leonora começou a mudar de atitudes. Abandonada grávida pelo amante, ela precisou enfrentar os olhares atravessados da vizinhança e teve de "ralar" trabalhando na peixaria da cidade. "Com tudo o que aconteceu, ela sofreu uma transformação. Acho que as dificuldades e as tristezas a tornaram uma pessoa melhor", avalia.

Já nos palcos, Beth tem vivido entre dois amores. Um é a peça "Quartett", escrita pelo alemão Heiner Müller - traduzida e adaptada por seu filho, João Gabriel Carneiro -, em que ela divide o palco com o irmão, Paulo Goulart Filho. A outra é a produção do espetáculo "Cartas Perto do Coração Selvagem", adaptação da troca de correspondências entre os escritores Clarice Lispector e Fernando Sabino. "Sou muito criteriosa nesses projetos. Se não me apaixonar, prefiro não fazer. Preciso de alguma coisa que faça o meu coração bater mais rápido", resume.

Nos últimos tempos, você tem acumulado na TV personagens de mulheres fúteis e apegadas à aparência. Por que isso acontece, na sua opinião?

Não sei. O ator sempre acha que pode fazer qualquer personagem. Eu posso fazer uma mulher pobre com a mesma dedicação e entrega com que faria uma rainha. Mas não adianta, porque quem determina isso não somos nós. A televisão não gosta muito de ousar: se você deu certo daquela maneira, vão oferecer vários personagens parecidos. O veículo tem um pouco de medo dessa mudança.

Então, como fazer para diferenciar os personagens?

A gente acaba conseguindo, claro, porque se dedica e estuda para isso. Mas, depois da segunda, terceira, quarta vez, você não tem como variar. Os atores precisam de desafio para se exercitar. Senão, quando percebe, está usando a mesma "bengala" do trabalho anterior, porque sabe que dá certo. Isso deixa o ator limitado. Mas quando chego no teatro, eu faço coisas loucas.

O palco acaba sendo uma saída, então?

No teatro esse processo é bem mais simples, com certeza. Na TV, isso é mais complicado porque se depende de uma série de fatores. Nem sempre você consegue ser tão pessoal nos trabalhos. No teatro, não: é quase artesanal.
Posso elaborar da maneira que eu acredito que seja melhor. Acredito que a entrega e o resultado são mais pessoais.

Você vem de uma família de artistas e está inclusive em cartaz com seu irmão, o Paulo Goulart Filho, na peça "Quartett". Como é trabalhar em família?

Meus pais adoram fazer espetáculos com todo mundo junto. Eu meio que fugi um pouco a isso, porque nem sempre as minhas escolhas artísticas vão pelo mesmo caminho que a deles. O destino, de uma certa maneira, foi me levando a esse encontro com o Paulinho. Nesse momento, os nossos caminhos se cruzaram. Quando o momento é certo, é um prazer e um privilégio poder compartilhar com eles esse momento, sagrado, em que a gente está em cena.

(Por Louise Araujo) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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