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19/01/2009 - 06h12

"Não me interessa retratar pessoas reais", diz Glória Perez sobre "Caminho das Índias"

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Um folhetim em sua forma mais tradicional: choque de tradições, amores impossíveis, fantasias, loucuras e uma boa dose de humor. É o que se pode esperar de "Caminho das Índias", trama de Glória Perez que estreia nesta segunda na Globo. Com direção de Marcos Schechtman, a nova novela das oito gira em torno de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia). Apaixonado, o casal indiano não pode ficar junto por conta do tradicional e arraigado sistema de castas, que impede que a moça, de uma "linhagem nobre", se case com um intocável - considerado impuro a ponto de não poder tocar nem com sua sombra alguém de casta superior.

A imposição religiosa é tão forte que o máximo que "rola" entre os dois, a princípio, é um "quase beijo". "O 'quase beijo' é até mais erótico. Gosto de ficcionar. Não me interessa retratar pessoas reais. Isso limita a criação", resume a autora, que tem a missão de escrever sozinha - ela é uma das poucas que dispensam colaboradores - a história de mais de 70 personagens.

"CAMINHO DAS ÍNDIAS": NOVA NOVELA COMEÇA NESTA SEGUNDA

  • Divulgação

    Ísis Valverde em cena da nova trama, que teve locações na Índia

Com gravações em Mumbai, na Índia, e em Dubai, nos Emirados Árabes, a história promete belas paisagens. Ora será mostrada a exuberância da arquitetura em construções como o Taj Mahal, na Índia, e os modernos prédios de Dubai - entre eles, o Burj Dubai, um arranha-céu que já atingiu 780 m de altura e deve chegar aos 818 metros -, ora a pobreza que domina boa parte da sociedade indiana, além do caos do trânsito no país. "É uma mistura de carro, camelo, elefante, vaca, pessoas... Eles se esbarram, caem, levantam, mas levam na boa. Ninguém faz boletim de ocorrência", diverte-se Márcio Garcia.

A atriz que vive seu par romântico na história, Juliana Paes, não ficou menos impressionada, principalmente com relação às diferenças espirituais. "Eles lidam com a vida como uma grande passagem. Isso é perceptível e toca muito a gente, que vive tão sem religiosidade", avalia ela, que encara sua primeira protagonista. "Sei que mais pessoas vão ver e cobrar, porque é a novela das oito. Essa mocinha tem de encantar as pessoas. Mas me dediquei, estudei e acho que vai dar certo", confia.

Ao melhor estilo da autora, a trama, além de abordar os conflitos e choques culturais entre Oriente e Ocidente, tem uma vasta lista de temas. A loucura será tratada através de Tarso, personagem de Bruno Gagliasso, que entra em colapso após insistentes pressões da família. Outra que assusta pelo grau de insanidade é Yvone, de Letícia Sabatella. A psicopata não hesita em roubar o marido da melhor amiga. Para dar jeito em tanta loucura, está Dr. Castanho, psiquiatra vivido por Stênio Garcia que por vezes se mostra tão excêntrico quanto seus pacientes. "Nunca imaginei que a doença mental possibilitasse tantas reações diferenciadas - como preconceitos familiares, por exemplo. A aceitação na relação com o doente é um negócio tão variado, tão estranho para nós...", impressiona-se Stênio.

O alívio cômico ficará por conta, em boa parte, dos personagens da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro que abrigará diversos indianos e terá figuras ímpares, como Suellen, de Juliana Alves, que sonha em virar celebridade. Glória vai abordar ainda relações que nascem na internet, a obsessão pela beleza, as dificuldades de ser um educador no Brasil e temas de autoajuda. "A novela tem consistência nos assuntos abordados sem perder o humor, fantasia, vitalidade e romance", garante Marcos Schechtman.

"Caminho das Índias" vem com a missão de substituir "A Favorita", uma trama que, embora não tenha sido um fenômeno de audiência - a média ficou em torno de 40 pontos -, marcou, principalmente, pela interpretação de Patrícia Pillar como Flora, vilã que já entrou para o rol das mais odiadas da teledramaturgia. "É uma grande responsabilidade substituir esse sucesso. Mas confio, porque temos os elementos surpreendentes de uma grande novela", acredita Tony Ramos, intérprete do indiano Opash.

Para Glória Perez, cuja última trama foi "América", de 2005, a audiência tem inegável importância. "Se o público não comprar a história que eu escrevo, é um problema sim. Todos os autores se preocupam com isso, mas nem todos assumem", dispara.
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