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05/01/2009 - 15h36

"Fiquei receoso de ser estigmatizado como corno", diz ator que vive Elias em "A Favorita"

PopTevê
Quando soube que viveria Elias, um marido traído em "A Favorita", Leonardo Medeiros balançou. "Fiquei receoso de ser estigmatizado como corno", explica. Mas bastou Dedina, de Helena Ranaldi, começar a aprontar das suas, para o ator perceber que seu personagem despertava muito mais compaixão do que qualquer outra coisa no público. "As pessoas, em vez de partirem para a chacota, ficam condoídas. Assim, percebo que consegui humanizá-lo", avalia o ator de 44 anos, nascido no Rio de Janeiro e criado em São Paulo.



Na trama, Elias é prefeito de Triunfo, fictícia cidade onde se passa parte da história. Com um passado ainda meio obscuro - ele divide com Augusto César, de José Mayer, a paternidade de Shiva, vivido por Miguel Rômulo, já que os dois se envolveram simultaneamente com Diva, de Giulia Gam, na juventude -, Elias sofreu horrores ao descobrir que estava sendo traído pela mulher com Damião, seu então melhor amigo interpretado por Malvino Salvador. Com o coração tomado pelo amor, ele perdoou a esposa. Mas foi o bastante para ela dar suas escapadas e traí-lo mais uma vez. Ao descobrir a segunda infidelidade, o prefeito não pensou duas vezes e a expulsou de casa. Agora, Dedina vaga pelas ruas da cidade.

"Ela virou uma personagem linda, sem rumo, perdida. Já ouvi falar até em suicídio", dispara. Mas não adianta. Elias tem um bom coração e, ao ver a ex tremendo de frio no chão da rua, a leva de volta para casa. "Vamos ver no que dá. Há coisas que só se resolvem no final. A paternidade de Shiva é uma delas", despista.

Contratado pela Globo até o fim da novela, Leonardo deve voltar ao cinema e aos palcos assim que a trama terminar. "Já tenho outro filme em vista. Também devo fazer uma turnê internacional com minha companhia ano que vem", conta ele, referindo-se à Sutil Cia de Teatro, de Guilherme Weber e Felipe Hirsch, que comemora 16 anos em 2009.

Apesar de estar em seu sétimo personagem na tevê - e o de maior destaque até hoje -, Leonardo coleciona protagonistas no cinema. Atualmente, é possível vê-lo em "Feliz Natal", de Selton Mello, e ano que vem estreia "Budapeste", de Walter Carvalho, longa baseado no romance de Chico Buarque. Com um vasto currículo na sétima arte, o ator confessa que já pensa em se aposentar. "Estou pensando em mudar de carreira, ando meio cansado. Gostaria de dirigir ou escrever roteiros, mas quando você vai ficando velho dá preguiça... Vontade de encostar, comer bem e curtir a vida", diverte-se.

O Elias começou a trama como um personagem leve, sem grandes conflitos. Como se preparou para essa "passagem", após tamanho choque emocional?

Desde o início, já havia essa dica de que ele teria esse desenrolar dramático. Como os atores de cinema e teatro são privilegiados por terem a oportunidade de construir todos os papéis com profundidade, na hora de fazer tevê temos muitas cartas na manga. Uma coisa incrível que sinto é que alguns atores se ressentem porque o folhetim tem uma dose muito severa de incongruência, de incoerência. Mas é essa a natureza da linguagem televisiva. Não se pode ficar apegado a uma coerência maior.

Por ter começado no teatro e atuado bastante no cinema, chegou a ter algum preconceito com a tevê?

Sim, quando eu era garoto. Mas quando você vira profissional, percebe que as paixões juvenis são vazias. Tenho de dar o braço a torcer porque a tevê é o único lugar onde o ator pode trabalhar com dignidade, infelizmente. Seria tão bom se o teatro e o cinema fossem assim... Mas a indústria do audiovisual está na tevê, onde se tem uma remuneração digna, um tratamento de qualidade. Ter preconceito é uma bobagem porque a tevê tem uma linguagem popular e necessária.

E agora, tomou gosto pelo veículo?

A tevê sempre me chamava, mas nunca podia fazer por causa dos filmes. Dessa vez falei: 'tá na hora de encarar'. Se me chamarem para outra novela, vou ficar dividido. Mas depende do trabalho, do personagem. Tevê é "business", então o que quero é visibilidade, que é uma coisa que não há no cinema e teatro. Quero que as pessoas me conheçam. Por exemplo: fazer um papel secundário numa novela das seis não compensa. Mas um papel secundário no horário das oito é bom, a visibilidade é acaçapante.

(Por Fabíola Tavernard)
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