Desde o início de "A Favorita", não é difícil ver a editora Tuca acobertando as falhas e confusões de Zé Bob, o jornalista vivido por Carmo Dalla Vecchia. "Ela deixa o Zé fazer tudo o que quer", reconhece Rosi Campos, intérprete da editora do fictício "O Paulistano". O comportamento pode até não agradar às instâncias superiores no periódico, mas acabou transformando a personagem em fiel escudeira do subordinado na cruzada contra Flora (Patrícia Pillar). "Cada um tem um motivo para querer esclarecer os crimes. Agora, todo mundo se juntou e está unindo forças. Virou uma "frente única" contra a Flora", diverte-se.

Apesar de não fazer parte do elenco principal, Tuca se tornou o ponto de apoio de Zé Bob desde que sua melhor amiga - a personagem Maíra, de Juliana Paes - foi assassinada. "Para mim, o mais legal é que estou participando de todas as coisas importantes da vida dele", destaca.



Não é a primeira vez que isso acontece com Rosi. Na minissérie "Hilda Furacão", por exemplo, sua Maria Tomba-Homem era companhia constante da protagonista vivida por Ana Paula Arósio. Alguns anos depois, em 2004, a situação se repetiu: Edilásia Sardinha, sua personagem em "Da Cor do Pecado", estava diretamente envolvida na origem dos gêmeos Paco e Apolo, interpretados por Reynaldo Gianecchini. "Digo que sempre estou junto com os protagonistas. Fico orbitando em torno do núcleo central", argumenta.

Um detalhe curioso é que as gravações na redação "de mentirinha" da novela não são a primeira experiência de Rosi nesse mundo. Afinal, ela é formada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e, durante 15 anos, rodou redações como assessora de imprensa da gravadora Som Livre. "Levava um monte de discos para todos os lados. Na época, as redações tinham grandes jornalistas, pessoas importantes com quem ficávamos horas conversando", relembra. Nem todo esse tempo, porém, foi capaz de despertar na atriz a vontade de trabalhar como repórter, sujeita aos prazos e pressões de fechar uma edição. "Não agüento chefe me torrando a paciência. Não agüento mesmo!", revela, bem-humorada.

Não é de se estranhar que a vontade de estar nos palcos falasse mais alto. Na faculdade, juntou-se ao grupo Geteca - da própria USP - e, em seguida, migrou para o conceituado Mambembe. Seguiram-se trabalhos com outros dois grupos de teatro, o Ornitorrinco e o Circo Grafitti. "Para mim, isso é fundamental. A Christiane Torloni até brinca comigo, dizendo que eu tenho algum problema de infância, porque só quero trabalhar em grupo", conta, entre risadas, antes de apontar as vantagens que enxerga nessa forma de criação. "O meu prazer é esse. O grupo vira uma família", reforça.

Tanta dedicação aos grupos não deixou muito tempo para que investisse em tevê. "A minha geração começou a fazer tevê mais velha. Eu mesma vim com 40 anos", exemplifica a atriz, que chegou a fazer participações em algumas novelas durante os anos 70 e 80, mas considera a Míriam de "Brasileiras e Brasileiros", no SBT, sua estréia em folhetins. O início tardio no veículo, aliás, é algo que Rosi não recomenda para a "nova guarda". "Acho que os novos atores têm mais é que fazer tevê. É uma linguagem diferente e que dá para conciliar com o trabalho em teatro e cinema", ensina.

Por falar em cinema, 2009 já começa especial para Rosi, que se prepara para os lançamentos de "O Menino da Porteira" e "Carmo" - esse último, uma co-produção entre Brasil e Espanha, lançado este ano na Europa. "Filmamos em Corumbá, que é muito longe mas muito legal também", empolga-se ela, que não deixa de mirar no futuro. "Ainda tenho vários planos. Não dá para parar, né? Eu vivo cheia de projetos", brinca.

(Por Louise Araujo)
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