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09/12/2008 - 00h04

Aos 18, Bentinho de "Capitu" já estrelou "Malhação" e "Sítio do Pica-Pau Amarelo"

PopTevê
A voz de César Cardadeiro guarda um resto do tom infantil de quem ainda está se despedindo da adolescência. Aos 18 anos, a mudança pode impressionar quem se acostumou a vê-lo fazendo papéis de criança, como no "Sítio do Pica-pau Amarelo", em que viveu Pedrinho por quatro temporadas, ou em "Malhação", em que passou outros dois anos como o pré-adolescente Pedro. "Tem gente que me reconhece e diz "nossa, como você cresceu"! E me surpreendo quando acontece", diverte-se.

Foram dois anos de recesso televisivo, em que César se dedicou às filmagens do longa "O Divã", com Lília Cabral, e ao trabalho de editor de vídeos - uma atividade da qual ele não abre mão. "Quero continuar trabalhando como ator, sempre. Mas também quero focar em outras coisas", defende. Agora, o ator volta com uma missão e tanto: representar Bentinho, o jovem que se tornará o sombrio Dom Casmurro do livro homônimo de Machado de Assis. A obra é a inspiração de "Capitu", microssérie de Luiz Fernando Carvalho que estréia nesta terça (09) e que faz parte do projeto "Quadrante", de resgate da literatura nacional através da tevê. "A gente se doou muito para esse trabalho. Um ia dando dicas aos outros, ajudando mesmo. É como se fôssemos um só", atesta.



Um dos grandes personagens criados por Machado de Assis, Bentinho é apaixonado por Capitolina, jovem que mora na casa ao lado da sua, na antiga Rua de Matacavalos, no Centro do Rio de Janeiro. Reprimido pela mãe, a Dona Glória vivida por Eliane Giardini, o rapaz cresce sem brios. Anos mais tarde, Bentinho se casa com Capitu, de quem sente ciúmes tremendos. Apesar da diferença de comportamento nas duas fases, César acredita que todos os sentimentos soturnos da fase adulta já se encontram em Bentinho. "Ele tem esse lado dentro dele, mas em estado bruto. Com o tempo, ele vai "lapidando" isso até chegar ao jeito do Dom Casmurro", pondera ele, mencionando o papel que será vivido pelo colega Michel Melamed.

Assim como o resto do elenco, César participou dos ensaios que consumiram dois meses e meio antes do início das gravações. Foi nesse período que ele tentou criar uma afinidade com Michel, através de exercícios, para harmonizar as interpretações de ambos. "Ficávamos de olhos fechados, guiando um ao outro. Assim, íamos transmitindo o que cada um estava fazendo para o personagem, tentado criar uma fusão", filosofa ele, que não precisou de caracterização. César manteve o cabelo naturalmente ondulado e lançou mão apenas do figurino de época, pelo qual ficou seduzido. "São roupas lindas, feitas à mão. Vou ficar triste se não conseguir "roubar" nenhuma peça para mim", brinca, bem-humorado.

Foi com esse mesmo espírito que ele descreve a maneira que usou para elaborar o perfil do protagonista da obra. O ator admite que não usou nenhuma técnica especial e define o trabalho como sensorial. "O que eu fiz foi sentir o Bentinho. Talvez essa tenha sido a parte mais difícil: me conhecer para poder chegar nele", valoriza. Se depender da intimidade com a obra, a estratégia pode dar certo. Afinal, César já perdeu as contas de quantas vezes leu "Dom Casmurro". "Foram mais de quatro", afirma.

A primeira, ele recorda, foi aos 12 anos - antes mesmo de a leitura ser indicada pela escola. A impressão que ficou não podia ser melhor. "Não consegui compreender todos os detalhes na época, mas fiquei fascinado. Foi como um filme que a gente não entende, mas acha bonito", compara. Pouco antes de ser chamado para o teste de "Capitu", o ator mergulhou mais uma vez no livro. "Para mim, é quase como se fosse um gibi. Sempre gostei de ler romances antigos", explica ele, que se abastece com obras disponíveis na Internet.

(Por Louise Araújo) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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