CZN Caio Blat interpreta o principal suspeito de ter matado Ana Lídia no Linha Direta - Justiça

A Globo exibe nesta quinta mais uma edição "Justiça" --sobre crimes que marcaram a história recente do país do programa "Linha Direta". Desta vez, o programa contará o caso da menina Ana Lídia, que aconteceu em Brasília, em 11 de setembro de 1973, e terá a participação do ator Caio Blat. "Era a época da ditadura militar e, como se acredita que havia filhos de políticos envolvidos, a investigação foi abafada. Foi crime que teve vítima, mas nenhum culpado", explica o diretor do episódio, Paulo Ghelli.

Ana tinha apenas sete anos quando foi levada da escola por um desconhecido, pouco tempo depois de ter sido deixada lá pela mãe, Eloysa Braga. A descrição do rapaz, feita por uma testemunha, apontava para o irmão e padrinho de batismo da menina, Álvaro Henrique Braga --interpretado por Paulo Villela, do aclamado "Tropa de Elite".

Outras testemunhas relataram tê-la visto, mais tarde no mesmo dia, acompanhada de outro homem, moreno, em uma área pobre de Brasília. "Só que nenhuma dessas pessoas deu certeza. Por isso, tenho que tomar cuidado para não identificar os personagens nesse momento da reconstituição", diz Ghelli. Ana só seria vista novamente no dia seguinte, quando seu cadáver foi encontrado em uma cova rasa, com feridas pelo corpo e com os cabelos quase raspados.

Apesar da comoção que provocou na sociedade da época, as investigações do caso foram conduzidas sem rigor, o que levou a diversas contradições e erros. Além de Álvaro, apenas outro nome foi indiciado: o do usuário e traficante de drogas Raimundo Lacerda Duque, que se tornou o principal suspeito do assassinato. A missão de interpretá-lo coube a Caio Blat, que não esconde a revolta com o personagem. "Ele é um cara execrável, cocainônamo e pedófilo", enumera. "Só topei fazer porque admiro muito a ousadia e os valores do programa, pela coragem de mostrar esses fatos", explica o ator, apesar de ressaltar que não está entre os telespectadores do "Linha Direta", já que considera as histórias mostradas "sinistras e terríveis".

Divulgação A atriz Haydée Theodoridis com a foto de Ana Lídia

A opinião é compartilhada pela mãe da atriz-mirim Haydée Theodoridis, que viverá Ana Lídia no especial. Apesar de empolgada com a oportunidade, ela não esconde que a filha não vai acompanhar muito do próprio trabalho na TV. "Esse é um caso muito forte. Não vou deixá-la ver o programa todo para não chocar", garante.

Além de Caio e Haydée, a gravação das cenas em que as testemunhas observam Ana Lídia envolveu cerca de 80 pessoas --entre atores, figurantes e equipe técnica. Uma das mais atentas era a figurinista assistente Pilar Martinez, que explicou o processo de ambientação e indumentária dos anos 70. "Usamos basicamente peças de acervo. O diferencial é a cópia exata que fizemos do vestido que a Ana usou no dia do crime", garante.

Enquanto isso, ali perto, um ônibus de época aguardava seu momento de entrar em cena. Foi em um modelo como aquele que Duque fugiu para a cidade de Anápolis, em Goiás, quando entrou na lista de suspeitos da polícia. Mas, na hora da gravação, um aparelho bem moderno insistia em tocar. "Ô soldado, naquela época não tinha celular!", brincou Ghelli com o dono do telefone, um figurante enfiado em um uniforme do Exército.

Para dar mais verossimilhança à encenação, os atores também precisaram enfrentar mudanças físicas. Haydée, por exemplo, encurtou um pouco os cabelos para se assemelhar ainda mais à personagem. Já Duque, que tinha orelhas de abano, obrigou Caio a usar uma incômoda fita na parte de trás da cabeça para simular a característica. Mas o ator não reclamou. "É um recurso que já queria usar há bastante tempo. Agora, como é um personagem real com essa marca, pude aproveitar", anima-se.

(por Louise Araújo) Comente essa e outras notícias no Fórum UOL Televisão

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