"Estou ficando velha", diz Juliana Paes; leia entrevista sobre seu papel em "Pé na Jaca"

Do PopTevê

Em Pé na Jaca, Juliana Paes interpreta Gui, uma mãe de família

Quando estava se formando em Publicidade, Juliana Paes decidiu escrever sua monografia sobre a violência contra a mulher. Na época, a atriz nem imaginava que o trabalho acadêmico poderia funcionar como laboratório para futuros papéis. Na época, Juliana não era sequer uma atriz conhecida.

Seis anos depois, ela faz sua primeira protagonista com perfil bem diferente das gostosonas que sempre pontuaram sua carreira. Em "Pé Na Jaca", a belíssima morena --que ostenta o título de mulher mais sexy do mundo, ofertado pelos leitores de uma revista masculina-- é Guinevere, uma pacata dona-de-casa que sofre nas mãos de um marido violento e faz de tudo para criar dois filhos pequenos. "É, estou ficando velha", brinca a morena de 27 anos.

Gata borralheira com nome de rainha

Gui, no entanto, não tem nada das mocinhas sofredoras e chorosas que costumam povoar os folhetins tradicionais. Até porque as novelas de Carlos Lombardi são, por definição, um emaranhado de histórias quase surreais que se entrelaçam e rendem boa diversão. Ao contrário das heroínas típicas, Guinevere tem um quê de personagem do cineasta Pedro Almodóvar e só o nome de rainha, pois no dia-a-dia rala feito gata borralheira.

"Com ela não tem tempo quente. Trabalha em parque, vende salgadinho, anima festas. Tudo o que faz é pela família", descreve Juliana. E uma família que poderia ter tudo se o marido, Caco, interpretado por Alexandre Schumacher, não fosse tão turrão. Herdeiro de um império, ele dá as costas ao pai por puro orgulho. E, em função desse comportamento, vai tornar a vida da doce Guinevere um inferno. "Ele tem muito ciúme dela, é autoritário e não dá o braço a torcer. Em determinado momento começa a beber e a maltratá-la", conta a atriz.

Vista dessa forma, a história de Guinevere poderia ganhar tons extremamente dramáticos. Mas a personagem também tem um lado muito divertido. "É a oportunidade de fazer os dois gêneros num único trabalho. Mas é claro que muito da ação dramática da novela passa por ela", observa.

De todas as personagens que já fez, Juliana acredita que Guinevere seja a que mais tem pontos em comum com ela mesma. Apesar de não ter a experiência de um casamento com filhos, a atriz se declara uma mãezona. Sempre cuidou da família, começou a trabalhar cedo para pagar os estudos e dar uma vida melhor para a mãe e os irmãos. Juliana também destaca o lado romântico da moça. "Também sou assim. Acredito nas pessoas, num mundo melhor. Tento manter o bom humor sempre, além de ser muito verdadeira", garante.

Timing da comédia

Pela primeira vez trabalhando num texto de Lombardi e também no horário das sete --já fez quatro novelas das oito--, Juliana tem dedicado boa parte de seu tempo para ler todos os capítulos que lhe chegam às mãos. "Como o texto é muito ágil, às vezes, você nem percebe que uma fala é uma baita piada. Tem de ficar atenta senão perde o tempo do riso", argumenta.

Juliana conta que desde a sinopse já dava boas gargalhadas com a personagem. "O perfil dela já estava nas duas folhas que o autor me mandou. O resto foi mesmo trabalho de composição", recorda. Além de "contar" piadas, Juliana sabe da responsabilidade que terá ao fazer as cenas em que a mulher sofre com a violência doméstica. "Sei que não vamos fazer nada exagerado, até porque o horário não permite. Mas vai servir de alerta. Apenas 20% das mulheres agredidas pelos companheiros prestam queixa contra eles", impressiona-se a atriz.

Juliana também viverá a experiência de ser presa na ficção. "O marido morre e ela se vê numa enrascada. É um papel de múltiplas possibilidades e até o final ela vai meter muito o pé na jaca", diverte-se a atriz, que confessa também já ter feito das jacas suas pantufas. "Uma vez bebi demais numa festa e no dia seguinte tinha um trabalho publicitário. Inventei uma dor de barriga e fui para casa", revela.

(Carolina Marques)