UOL Entretenimento Televisão
 
14/08/2006 - 22h13

"Levo minhas personagens para a cama", diz Renata Domingues; leia a entrevista

Do PopTevê
  • Em <i> Bicho do Mato</i>, a atriz interpreta sua primeira protagonista

    Em Bicho do Mato, a atriz interpreta sua primeira protagonista

A primeira cena que Renata Dominguez gravou como Cecília de "Bicho do Mato" pilotando uma moto foi um desastre. Literalmente. Na primeira arrancada, ela não conseguiu frear. No susto, acelerou ainda mais, e foi contra um carro. Para não bater, virou o guidom para o outro lado. Mais experiente em momentos tensos como este, a dublê - que Renata acabara de dispensar - se jogou na frente do veículo e conseguiu segurar a moto.

O saldo foi uma queimadura na perna da atriz e um silêncio sepulcral no set interrompido por uma boa gargalhada da vítima", que quebrou o gelo da equipe presente. "Devo minha perna direita à dublê. Mas foi só um susto", brinca Renata que, apesar de ter tido poucas aulas de moto-escola, insistiu em fazer pessoalmente a seqüência.

Por aí, já dá para ter uma idéia do empenho da atriz quando ela resolve aceitar um papel. Para ela, dedicação pouca é bobagem. Não é de hoje que ela afirma "levar a personagem para a cama", e não sossegar enquanto não "encontrar o olhar certo" do tipo em questão.
"Serei a Cecília pelo tempo em que ela estiver viva. Mas quando a novela terminar, eu mesma me encarregarei de matá-la dentro de mim", diz, aos risos.

De sopetão

Mas não foi exatamente o que aconteceu antes de sua entrada em "Bicho do Mato". Renata ainda respirava a patricinha Pati, de "Prova de Amor", quando foi convidada para protagonizar a trama de Cristianne Fridman e Bosco Brasil, num papel totalmente diferente do anterior. "Sempre evitei fazer duas coisas ao mesmo tempo, mas Deus sabe o que faz", pondera.

Disciplinada ao extremo, Renata fez um "intensivo" trabalho de pesquisa de elementos para compor a Cecília durante um mês. Fez aulas de equitação, visitou emergências de hospitais, engordou três quilos e tentou ao máximo "interiorizar" a estudante de Medicina que, apesar de ser a mocinha da trama, nem de longe apresenta uma personalidade sofredora. Só o fato de ser uma motociclista urbana, e de se apaixonar justamente pelo caipira Juba (André Bankoff), já mostra seu perfil singular. "Ela é batalhadora, decidida, sabe o que quer. É uma mulher de atitude", ressalta.

A mesma atitude da personagem, Renata demonstra ao não fugir de nenhum tipo de pergunta. Mesmo quando o assunto chega a temas espinhosos - como o período em que sofreu da chamada Síndrome do Pânico, em 2004 -, a carioca de 26 anos fala sem pudor. "Foi uma fase 'punk'. Aliás, foi a Branca que me ajudou na cura. Aprendo muito com as mulheres que interpreto", salienta, referindo-se à moça intempestiva que viveu em "A Escrava Isaura", seu primeiro trabalho na Record.

No Equador

Foi na emissora, aliás, que Renata fez três das quatro novelas da carreira. A estréia foi em "Malhação", como a romântica Sol. Na época, ela acreditou que jamais tomaria gosto pela coisa. Isso porque, dos 12 aos 20 anos, foi apresentadora de programas no Equador e sentiu, de cara, a falta de contato imediato com o público. "Eu era muito mecânica e contida. Achava esse negócio de atuar horrível. Hoje, se tivesse de escolher, ficaria com a carreira de atriz", diz. E, como atriz, seu sonho é interpretar uma alcoólatra. "É o tipo mais difícil que existe. Ou cai na farsa ou fica 'over'", opina.

Extrovertida, falante e bem-humorada, Renata é visivelmente apaixonada pela profissão. Mas isso não a impede de pontuar peculiaridades da carreira artística que a incomodam profundamente. Estrelismo, falta de privacidade, competitividade exagerada e polêmicas infundadas são coisas que ela diz não aturar. O incômodo é tanto que admite que deixaria a carreira por conta disso. "Quando o incômodo for maior que a satisfação, eu deixo de ser atriz", afirma. "Celebridade tem prazo de validade. E eu não quero isso para mim", diz, enfática.

(Fabíola Tavernard)
Hospedagem: UOL Host