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16/06/2006 - 21h00

"Linha Direta" reconstitui incêndio que matou 400 pessoas

Do PopTevê

Divulgação / TV Globo

O incêndio aconteceu no Gran Circus Norte-Americano que se apresentava em Niterói

O incêndio aconteceu no Gran Circus Norte-Americano que se apresentava em Niterói

O picadeiro da Escola Nacional de Circo, no Centro do Rio de Janeiro, foi o cenário escolhido para as gravações do episódio "Circo de Niterói", do "Linha Direta - Justiça". O programa retrata um dos maiores incêndio ocorrido em ambiente fechado da história, no qual morreram cerca de 400 pessoas queimadas.

O trágico recorde está registrado no "Guiness", e a produção do programa se esmerou para que tudo fosse mostrado com a maior fidelidade possível. "Não tínhamos nenhuma informação de como os circos eram naquela época, então usamos um arquétipo do imaginário do circo de várias décadas", explica Artur Camacho, produtor de arte do programa.

O incêndio ocorreu em 1961 no Gran Circus Norte-americano, que se apresentou em Niterói, então capital do Estado do Rio de Janeiro. Anunciado como o mais completo da América Latina, o circo chamou a atenção de muita gente, pois as grandes atrações sempre se dirigiam
para o Rio de Janeiro.

A lona

Na noite de estréia, no dia 15 de dezembro de 1961, aproximadamente três mil pessoas lotavam o circo, e o dono, Danilo Stevanovich - no programa interpretado por Dalton Vigh - mandou suspender a venda de ingressos. "Não conhecia esse caso. Minha mãe disse que lembra do acontecido e fiquei muito emocionado, imaginando o desespero e o pânico daquelas pessoas embaixo da lona", relata o ator.

A lona foi uma dos principais fatores que contribuíram para o grande número de vítimas fatais. Feita de um tecido grosso e pesado, cheia de costuras e reentrâncias, a lona da época era amarrada com cordas. E para que resistisse às intempéries, o tecido era vedado com resina quente. "Em um calorão de 40 graus no Rio de Janeiro, aquilo ali ficou abafado, um inferno", explica Edson Erdmann, diretor do programa.

Mas não foi o calor carioca que iniciou o fogo. O responsável foi um ex-funcionário do circo, Dequinha, vivido por Luiz Antônio do Nascimento, que que havia sido demitido e humilhado pelo encarregado do circo. Revoltado e embriagado, Dequinha se juntou ao amigo Bigode - interpretado por Silvio Guindane - e tentou entrar no circo. Barrado na porta, ele e seu comparsa invadiram o local, mas foram expulsos.

Elefante

No último número, o da trapezista, vivida por Isabel Guerón, ele e Bigode jogaram gasolina na lona e incendiaram o circo. "A sede de vingança era muito grande. Mas ele nunca pensou que poderia causar uma tragédia daquele tamanho", explica Luiz Antonio. Segundo ele, Dequinha cumpriu 16 anos de prisão e morreu há quatro.

A trapezista foi a primeira a ver o fogo e gritar. Muitas pessoas se apavoraram e saíram correndo em direção à pequena porta de entrada.
"Ninguém imaginava que havia saída de emergência. Foi um caos, com os animais descontrolados e bolas de fogo caindo do teto", conta Erdmann.

O diretor explica que a tragédia só não foi maior por causa de um elefante, que saiu correndo, rasgou a lona e permitiu que a maioria das pessoas saísse. E foi assim que se salvou Lenir Siqueira, interpretada por Ana Roberta Gualda. Lenir, que está viva até hoje, perdeu o marido e os filhos no incêndio. "Fiquei muito apreensiva quando descobri que iria fazer essa personagem, mas tentei me desprender da realidade dela", diz a atriz, que viu um depoimento da sobrevivente e se impressionou com sua alegria de viver.

(Adriana Baffa)


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