29/06/2005 - 18h30

Caco Ciocler revela: "Nunca trabalhei tanto numa novela"

ELLEN SOARES
Colaboração para o UOL

Divulgação/TV Globo

Caco Ciocler interpreta o personagem Ed, na novela América

O ator Caco Ciocler vive seu melhor papel na televisão. A elogiada atuação e o tom sensível que imprimiu ao americano Ed atraíram reconhecimento e aplausos, transformando o personagem num importante trunfo da novela "América", da TV Globo. E, na guerra pela audiência, trunfos são mais do que necessários.

Esta semana Ed "se casa" com Sol e, conseqüentemente, vai acabar entrando para o time dos protagonistas da trama. A vilã (Camila Morgado) vai lutar com a mocinha (Deborah Secco) pelo amor de Ed, que da noite para o dia acabou sendo alçado à categoria de pivô de um conflito, que promete sustentar a audiência de "América" até o último capítulo. Mas essa história não começou com tanta intensidade.

Quando a novela estreou, em março, o ator só gravou duas cenas --ambas com o ex-diretor Jayme Monjardim. Depois disso, sumiu por dez capítulos até desabrochar na trama cruzando o caminho de Sol (Deborah Secco). Desde então, partiu num vôo solo. "Estou bastante feliz e vejo com muita alegria esse encontro com a Sol. Já estava previsto na sinopse e me deu mais material para nutrir o Ed, que deixou de ser um personagem plano, ficando mais complexo e interessante. E isso é super legal e apaixonante para o trabalho de ator", comemora.

CARREIRA NO CINEMA

Caco Ciocler é ator profissional há cerca de 10 anos. Atualmente pode ser visto também nos cinemas no filme "Quanto vale ou é por quilo", de Sérgio Bianchi. Antes desse, atuou em "Quase dois irmãos", de Lúcia Murat.

Até o fim da novela, Caco diz que não pretende fazer cinema, vai dar uma parada. "Não dá pra fazer novela junto com cinema nesse momento. Estou gravando muito. Nunca trabalhei tanto numa novela. Não me vejo conciliando as duas coisas", revelou o ator, com exclusividade para UOL Televisão. Veja a seguir a entrevista completa:

Você torce pelo romance de Ed e Sol?
Caco Ciocler: Acho que fatalmente ele vai se envolver com a Sol. E pode ser bom porque vai ficar um pouco mais solar. Gosto de personagens que se transformam durante a trama e o Ed pode se modificar muito com esse envolvimento. Apesar de ser um cara doce, ele é envergonhado, sisudo e fechado. Acho que esse aprendizado vai ser interessante para ele e as pessoas que acompanham a novela: vê-lo descobrir o verdadeiro valor da vida. Despertando para outro tipo de amor, se relacionando com uma mulher mais alegre: sorridente, feliz e descontraída. Esse tipo de coisa ele nunca teve com a May, que o supria em outras áreas.

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"Para nós três e para a própria novela, essa guinada está sendo interessante"

O que muda com o envolvimento de Sol e Ed?
CC: O envolvimento deles faz com que Sol conheça outro tipo de amor, vindo de um homem mais sensível. Ed que é um cara mais racional, descobre uma outra forma de amar por se envolver com uma mulher latina e que provocou emoções que ele não estava acostumado a lidar. Até a segura May, acostumada a ter tudo sob suas mãos, pela primeira vez se sente ameaçada por outra. Acho que, para nós três e pra própria novela, essa guinada está sendo interessante.

O que mais te fascina no Ed?
CC: O interessante nele --e que está me deixando bastante apaixonado-- é perceber que sente um encantamento pela Sol, mas ainda em nível subconsciente. Se não fosse assim ele seria um "sacana", por continuar a dizer para May que o casamento é arranjado. Mas é claro que quando ele vê a Sol alguma coisa acontece. Acho bonita esta história: quando ele perceber, já vai estar completamente apaixonado --como acontece na vida.

Como é representar alguém que está apaixonado sem perceber?
CC: Dei essa solução para o Ed para que não parecesse um "sacana". Porque ele continua dizendo para a May que a ama muito e esse casamento com a Sol é só uma brincadeira. Eu tinha duas opções: ou ele viraria um cafajeste que está apaixonado por outra mulher e ficaria mentindo para May --e sinceramente não acho que seja esse seu caso-- ou, então, ele ainda não teria se dado conta desse encantamento, que já estaria apaixonado.

Ed tinha uma relação estável e "feliz" com a May até Sol aparecer e mudar tudo. Por que isso ocorre?
CC: Se você tem um relacionamento completo --se é que isso existe (risos)-- ou está num momento em que se sente plenamente preenchido com o que seu parceiro oferece, é difícil uma terceira pessoa entrar no circuito. Mas nesse caso, Sol trouxe para Ed coisas que a May não supria e das quais ele não sentia falta antes de conhecê-la: sensualidade latina, alegria e descontração que não havia em seu relacionamento com May. Esses atributos despertaram seu interesse e mostraram que a May não o preenche de todo.

A mudança na direção de "América" (a saída de Jayme Monjardim) alterou em alguma coisa seu trabalho?
CC: Não. Porque no começo de "América" gravei muito pouco com o Jayme, só duas cenas. Depois, meu personagem deu uma sumida (ficou 10 capítulos sem aparecer) e foi justamente nesta época que tudo aconteceu. É claro que a novela mudou, ficou outra --todo mundo sabe e dá pra ver. Mas, como eu não estava ativo naquele momento, não deu para sentir diferença no meu personagem. Quando voltei a atuar já encontrei a nova direção.

Você faria algo assim (casamento arranjado)? Um sonho justifica tudo?
CC: Acho que justifica, sim. É superlegítimo se você não prejudicar ninguém e, talvez, seja a única coisa que realmente importe na vida. Mesmo que depois você perceba que esse sonho é um equívoco, acho que a vida é feita disso: sonhos e da conquista desses sonhos.

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"O ar de desamparo do Ed não é algo que o Caco assuma 24h por dia. Acho que o Ed desenvolveu mais essa característica em mim"

Você já se apaixonou sem perceber (paixão inconsciente)?
CC: Já aconteceu e é bastante comum, até entender que é paixão.... Uma vez estava namorando uma menina e achava que nem estivesse apaixonado. Mas, no dia em que tivemos a primeira briga e ela disse tchau, percebi o quanto estava ligado nela.

Você gosta de mulheres fortes?
CC: Gosto muito.

Está namorando?
CC: Não. Estou sem namorada.

Que tipo de namorada seria ideal para o Caco Ciocler nesse momento: May ou Sol?
CC: Por que não as duas? Brincadeira.... (risos). Acho que uma combinação das duas é mais interessante. Uma mulher bacana para conversar, forte, com uma bagagem cultural legal, solta, divertida e que não seja sisuda.

O Ed tem uma cara de desamparado; o Caco tem essa característica também?
CC: Não acho que a gente encarne personagem. Mas, quando representamos, há coisas que usamos mais ou menos, além de particularidades que a gente não usa tanto socialmente. O personagem mexe com essa musculatura que às vezes está adormecida, porque uso meu corpo e minhas emoções para traduzi-lo - são coisas minhas que dão vida ao Ed. Durante o tempo de aquecimento, testei várias coisas no Ed e, naturalmente, ele foi ficando assim. Certamente, o ar de desamparo do Ed não é algo que o Caco assuma 24h por dia. Acho que o Ed desenvolveu mais essa característica em mim. Tenho esse lado desamparado também, não sei se uso tanto quanto o Ed, mas tenho, com certeza.