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15/03/2004 - 20h03

Carlos Nascimento deixa a Band com cara de Globo no horário nobre

MANOELA PEREIRA
Editora do UOL Rádios & TVs
Reprodução TV

Carlos Nascimento "ousou" pouco, mas conseguiu deixar a Band com a cara da Globo na noite desta segunda-feira (15), quando estreou à frente do novo "Jornal da Band", principal telejornal da emissora.

Com cerca de 70 minutos de duração (tempo considerado extenso no disputadíssimo horário nobre), o "Jornal da Band" entrou no ar às 19h27 trazendo poucas mudanças no formato, vinhetas discretamente remodeladas e longos intervalos comerciais. A "cara global" se deveu à própria imagem e postura do âncora, que nos últimos 30 anos prestou serviços à emissora da família Marinho. Com trejeitos e voz tão marcantes, o público deve demorar a dissociar a figura de Nascimento de sua antiga bancada na Globo.

Se numa primeira análise ser ex-global pode representar uma vantagem, no Ibope isso não causou o mesmo impacto. Segundo a prévia divulgada pela Band, o telejornal registrou 5 pontos de média e picos de 7 pontos no período em que esteve no ar: das 19h27 às 20h37. Até sexta-feira passada, quando era comandado por Marcus Hummel e Letícia Levy, o "Jornal da Band" registrava 4 de média, ou seja, um ponto a menos. Cada ponto no Ibope equivale a 47,5 mil residências na Grande São Paulo.

Apesar de parecer pouco --o "Jornal Nacional" registra média de 39 pontos-- a Band ficou satisfeita com o pequeno crescimento e comemorou na redação com os diretores o resultado do Ibope, logo após a exibição do jornal.

ÂNCORA

Carlos Nascimento chega à Band com muito mais autonomia e com a promessa de mais exposição. Para efeito de comparação, ultimamente, Nascimento aparecia menos de 30 minutos no "Jornal Hoje", atração vespertina que apresentava na Globo. Além disso, dividia a bancada com Sandra Annemberg e não tinha autonomia para analisar, fazer "cacos" e comentar as notícias.

Na estréia do "Jornal da Band", entretanto, o jornalista ficou no ar mais que o dobro do tempo, fez comentários no final da exibição de algumas matérias e preparou uma crônica assinada, com cerca de 2 minutos de duração, sobre o caso Waldomiro Diniz --ilustrada por imagens e depoimentos de arquivo. Segundo a assessoria de imprensa da Band, enquanto a matéria assinada por Carlos Nascimento esteve no ar, o "Jornal da Band" atingiu o pico de audiência da noite, registrando 7 pontos no Ibope.

Reprodução TV

MEIO-CAMPO

Na bancada do telejornal, apesar de a maioria dos planos mostrar Carlos Nascimento sozinho, o âncora dividiu a mesa com o comentarista Joelmir Beting, convocado algumas vezes para analisar a parte econômica do noticiário. "A contratação de Joelmir Beting é um grande reforço na equipe jornalística da Band", ressaltou Fernando Mitre, diretor de jornalismo da emissora, no anúncio de sua contratação.

Para falar sobre política, o jornalista Ricardo Böechat, outro recém-contratado da Band que já passou por diversas publicações e também é ex-Globo, fez duas entradas ao vivo, direto dos estúdios do Rio. O comentarista esportivo Jorge Kajuru deu uma amostra do seu estilo. Assim que entrou no ar, para analisar os gols da rodada, bradou: "É um privilégio trabalhar com dois monstros sagrados da televisão", referindo-se a Beting e Nascimento, para o visível constrangimento do novo âncora.

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"TEMPO GOSTOSO PARA DORMIR"

Determinado a "ousar" e preocupado em imprimir um caráter mais opinativo no principal telejornal da Band, conforme disse em entrevista concedida a Folha Online na última sexta-feira (12) (leia aqui), Carlos Nascimento colocou a mão em quase tudo: os repórteres aparentam ter recebido uma nova cartilha e até uma correspondente internacional entrou em ação na noite da estréia para comentar, ao vivo, direto de Madri, as eleições na Espanha pós-atentado. "Não queremos repórteres apenas informadores e sim formadores de opinião. Só fazer uma matéria narrativa não basta", disse Nascimento numa entrevista concedida na semana passada.

Outra novidade no "Jornal da Band" é o quadro da "editora do tempo" Mariana Ferrão, que apresentou uma previsão do tempo comentada, como nos tempos do Feliz, aquele homenzinho que imortalizou o bordão "piririm pororom", no SBT. Jornalista especializada no assunto, as informações do tempo e da temperatura deixaram de ser meramente descritivas, com comentários que causaram um certo estranhamento como: "tempo gostoso para dormir" ou "eu, particularmente, prefiro a lua cheia".

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